Sunshine Cleaning, 2008/ Dirigido por Christine Jeffs
Com Amy Adams, Emily Blunt, Jason Spevack, Steve Zahn e Alan Arkin.
(2/5)
Em 2006, uma ótima produção independente fez um enorme sucesso de público e agradou aos críticos. Trata-se de "Pequena Miss Sunshine", que saiu da cerimônia do Oscar com os prêmios de melhor roteiro original e melhor ator coadjuvante (Alan Arkin). Tendo em vista este sucesso, os produtores do filme lançaram em 2008 outra produção no memso estilo, abordando problemas familiares, com um toque de comédia e drama: Trabalho Sujo (tradução terrível para o título inglês Sunshine Cleaning). Entretanto, se o novo filme não conseguiu repetîr o êxito de Miss Sunshine, pelo menos tem suas qualidades e funciona como uma diversão leve.
Na trama, Rose Lorkowski (Amy Adams, linda como sempre) é uma mãe solteira, que trabalha como doméstica, transa esporadicamente como um policial casado (Steve Zahn) e tem que lidar com os problemas de seu filho, Oscar (Jason Spevack). Para ganhar dinheiro, decide se juntar a sua irmã Norah (Emily Blunt) para começarem um negócio pouco conhecido, mas bastante rentável: elas abrem uma "empresa" que limpa cenas de crime, após a retirada dos corpos, e a batizam de "Sunshine Cleaning".
Apesar de parecer original, o filme repete fórmulas bem-sucedidas de Pequena Miss Sunshine, a começar pela nítida referência no próprio título. Temos aqui também um filho problemático, irmãs que nãos e entendem, e Alan Arkin reprisando seu papel de avô bacana. Embora seja um ator competente, incomoda perceber que Arkin está simplesmente repetindo um trabalho anterior, do avô engraçado que se dá bem com o neto (em Miss Sunshine, como todos devem lembrar, era uma menina). A relação de Rose com seu "ficante" é pouco explorada, e parece simplesmente uma forma de inserir mais um drama na vida da personagem, assim como a súbita relação de sua irmã Norah com uma mulher, que entra e sai misteriosamente do filme, sem qualquer relevância para a trama.
Ainda assim, um equilíbrio relativamente bom entre comédia e drama é alcançado. Há piadas genuinamente engraçadas, e praticamente todas elas são durante as "limpezas" de Rose e Norah. Por si só, o fato de duas mulheres jovens e atraentes limpando sujeiras de lugares aonde pessoas foram mortas ou se mataram já desperta o interesse, e o roteiro tem o mérito de não fazer um humor escatológico, mas investir em um humor centrado nos diálogos entre personagens. Ao mesmo tempo, a face dramática do filme, apesar de certos exageros e sub-tramas mal aproveitas, consegue funcionar, sem nunca cair na pieguice.
Grande parte dos méritos por esse equilíbrio vem da dupla de protagonistas. Amy Adams vem se provando cada vez mais uma ótima atriz; ela já havia sido uma grata surpresa em "Dúvida" (que lhe rendeu indicações a vários prêmios, incluindo o Oscar na categoria de melhor atriz coadjuvante), e consegue transimitir um carisma incrível em "Trabalho Sujo", conseguindo fazer com que o público acredite que situações a priori absurdas pudessem ser reais. Ao seu lado, Emily Blunt também realiza um trabalho competente, e talvez seja a ela a responsável pela maior parte das cenas de humor (memso que também se saindo bem em seqüências dramáticas).
Assim, "Trabalho Sujo", lançado no Brasil com dois anos de atraso, investe em uma premissa original, mas repetindo determindas fórmulas já usadas e bem-sucedidas. O resultado acabou sendo um filme regular, que vale como diversão leve, para assistir em uma tarde em que não haja nada melhor para fazer (que foi exatamente o caso deste que vos escreve).
Por Douglas Braga
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