Satantango
Sátántangó, 1994
Dirigido por Béla Tarr
Estória de Mihály Vig & Péter Dobai & Barna Mihók
Roteiro de László Krasznahorkai & Béla Tarr (Baseado no livro de László Krasznahorkai)
Com Mihály Vig, Putyi Horváth, László feLugossy, Miklós Székely B., Éva Almássy Albert
Depois de uma madrugada inteira, num filme lento, lento, lento, mas tão lento, que você pode analisar desta maneira: pegue um filme de Terrence Malick e O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford num liquidificador. O resultado será que até a pá do liquidificador vai se sentir melancólica.
Só que esses dois filmes têm cor. Satantango não têm.
Agora, se já não bastasse a melancolia e o rítimo lento, alie à isso uma duração de 450 minutos (ou se você preferir, sete horas e trinta minutos). O filme se transforma numa experiência mágica, intimista, avassaladora. Claro que para isso você tem que passar por uma prova de fogo dura. Assista o filme com a mente bem expandida.
Satantango (trad.: "O Tango de Satã") conta a história de uma vila devastada, chuvosa, melancólica, que se transforma ainda mais triste com o preto e branco de Béla Tarr. O cenário é tão desolador que faz parecer que o filme se passa alguns dias depois do apocalípse. Enfim. Com o fim do comunismo o país está de pernas para o ar e os habitantes querem partir com a pouca quantia de dinheiro que sobrou de um esquema que fizeram com Irimiás (Mihaly Vig), um carismático e duro chefe da quinta comunitária onde as personagens vivem. O problema é que quando as personagens vão abandonar a quinta comunitária onde vivem, entretanto o retorno do tal Irimiás, que todos julgavam morto, volta para a quinta, e isso pode provocar consequências semi-catastróficas.
O filme se constrói de uma maneira interessantíssima. Ele é dividido em doze partes:
Béla Tarr sempre dá em seus filmes uma atmosfera onírica, triste e introspectiva. Apesar de Satantango poder ser considerado uma comédia de humor negro, isso está escondido. É uma anti-comédia. Seu estilo minimalista e contemplativo (por isso eu achei semelhante ao Terrence Malick) é a cereja do bolo no filme. Aliás, é o preto e branco que mais causa desespero dentro da produção. Quando eu assisti e as personagens citavam cores -- "Eu vi uma tigela azul cair" -- eu sentia um desespero enorme, pois precisava ver cor. Essa é a magia de Tarr.
As interpretações são todas muito boas. Dentre elas se destaca mais a de Mihály Vig, como o falso profeta, o falso salvador da quinta, Irimiás. A figura mais emblemática do filme. Talvez mais emblemática que esta figura só mesmo a simpática e inocente Erika Bók.
Depois das sete horas de filme, depois de sete horas arrasadoras e introspectivas, você sai de alma lavado (e possivelmente vendo em preto e branco). Uma experiência única na vida de um cinéfilo. Se você aguentar os oito primeiros minutos (basicamente bois andando pela cidade), você aguenta o resto do filme.
Por que o tango de Satã é lento e elegante.
Nota: 5 estrelas em 5
Por Victor Bruno
Só que esses dois filmes têm cor. Satantango não têm.
Agora, se já não bastasse a melancolia e o rítimo lento, alie à isso uma duração de 450 minutos (ou se você preferir, sete horas e trinta minutos). O filme se transforma numa experiência mágica, intimista, avassaladora. Claro que para isso você tem que passar por uma prova de fogo dura. Assista o filme com a mente bem expandida.
Satantango (trad.: "O Tango de Satã") conta a história de uma vila devastada, chuvosa, melancólica, que se transforma ainda mais triste com o preto e branco de Béla Tarr. O cenário é tão desolador que faz parecer que o filme se passa alguns dias depois do apocalípse. Enfim. Com o fim do comunismo o país está de pernas para o ar e os habitantes querem partir com a pouca quantia de dinheiro que sobrou de um esquema que fizeram com Irimiás (Mihaly Vig), um carismático e duro chefe da quinta comunitária onde as personagens vivem. O problema é que quando as personagens vão abandonar a quinta comunitária onde vivem, entretanto o retorno do tal Irimiás, que todos julgavam morto, volta para a quinta, e isso pode provocar consequências semi-catastróficas.
O filme se constrói de uma maneira interessantíssima. Ele é dividido em doze partes:
- As Notícias Estão Chegando
- Ressurreição
- Para Compreender Algo
- O Trabalho da Aranha - Parte I
- Eles Estão Vindo
- O Trabalho da Aranha - Parte II (O Discípulo do Diabo, O Tango de Satã)
- A Fala de Irimiás
- A Perspectiva da Frente
- Indo para o Paraíso? Tendo Pesadelos?
- A Perspectiva de Trás
- Apenas Problemas e Trabalho
- O Ciclo se Fecha
Béla Tarr sempre dá em seus filmes uma atmosfera onírica, triste e introspectiva. Apesar de Satantango poder ser considerado uma comédia de humor negro, isso está escondido. É uma anti-comédia. Seu estilo minimalista e contemplativo (por isso eu achei semelhante ao Terrence Malick) é a cereja do bolo no filme. Aliás, é o preto e branco que mais causa desespero dentro da produção. Quando eu assisti e as personagens citavam cores -- "Eu vi uma tigela azul cair" -- eu sentia um desespero enorme, pois precisava ver cor. Essa é a magia de Tarr.
As interpretações são todas muito boas. Dentre elas se destaca mais a de Mihály Vig, como o falso profeta, o falso salvador da quinta, Irimiás. A figura mais emblemática do filme. Talvez mais emblemática que esta figura só mesmo a simpática e inocente Erika Bók.
Depois das sete horas de filme, depois de sete horas arrasadoras e introspectivas, você sai de alma lavado (e possivelmente vendo em preto e branco). Uma experiência única na vida de um cinéfilo. Se você aguentar os oito primeiros minutos (basicamente bois andando pela cidade), você aguenta o resto do filme.
Por que o tango de Satã é lento e elegante.
Nota: 5 estrelas em 5
Por Victor Bruno
5 comentários:
Depois de semanas baixando só falta tomar coragem pra assistir.
Assisti essa obra-prima no INDIE Festival deste ano. Passar 7h30 numa sala de cinema foi uma das experiências mais extraordinárias que já vivi. Satantango é maravilhoso, impecável.
A cena da tortura do gato é abominável em todos os sentidos. Pavorosa e desnecessária.
Comentário do Iuri sobre a cena do gato ta aqui e em outro blog... Deve te-lo deixado bem chocado mesmo rs. O filme é todo sobre a incerteza e a decadência humana. A cena do gato me deixou bem incomodado, mas isso foi o de menos...
Joe Ferreira, Decadência humana é meus ovo,desnecessário matar um animal que não pode se defender assim em nome da "arte" babaca do caralho quem acha que essa nerda é arte
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