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segunda-feira, 27 de junho de 2011

Biografia: Tennessee Williams

No aniversário de Tennessee Williams, o Ornitorrinco Cinéfilo prepara um especial com sua contribuição ao cinema americano


Dono de um invejável currículo na literatura, no teatro e no cinema, Tennessee Williams pode ser considerado hoje um dos dramaturgos mais aclamados e bem sucedidos do século XX. É um dos poucos a terem realizado a façanha de ter levado para casa dois prêmios Pulitzer, um Tony e duas indicações ao Oscar. Também foi eternizado pela crítica como um dos autores mais influentes de sua geração e o de maior relevância numa época marcada por censuras e barreiras. Seus textos afiados, marcados por diálogos inteligentes e por duplos sentidos, elevaram a dramaturgia americana a um nível de refinamento e força acima do esperado e, graças a eles, que hoje podemos contar com uma liberdade de expressão tão necessária no terreno das artes cênicas.

Nascido Thomas Lanier Williams em 26 de março de 1911 na cidade de Columbus, no Mississippi, ele nunca teve uma relação fácil com seus familiares. Seu pai, Cornelius, era um ex integrante do exército alcoólatra, que descontava na família toda sua raiva com a vida, em especial com Tennessee, além de ser suspeito de tentar abusar sexualmente de sua filha. Sua mãe tinha transtornos sérios de personalidade e sua amada irmã, Rose, com que mais tinha apego, era portadora de esquizofrenia, sofrendo uma lobotomia ainda muito nova, o que acabou deixando-a incapacitada. Depois de crescido, tímido e reprimido, ele acabou se descobrindo homossexual quando foi obrigado a servir no exército, na mesma medida que foi descobrindo uma vontade incontrolável de escrever histórias, que geralmente se focavam em dramas familiares similares aos seus. A partir de então foi seguindo seu próprio caminho até ganhar reconhecimento com suas peças e se tornar quem nós conhecemos hoje.

Casa da família Williams, em Columbus
Apesar de bem resumida, essa pequena introdução sobre a vida de Tennessee é o suficiente para entendermos os fatores que influenciaram todas as suas obras. Temas como alcoolismo, doenças mentais, relações familiares, abusos sexuais, traumas emocionais e homossexualismo estão sempre presentes em seus textos, todos inspirados em sua própria trajetória de vida. Também muito recorrente nas peças do dramaturgo são personagens femininas fortes, que geralmente representam seu alter ego, e personagens masculinos bem moldados num estilo "machão" (fortes, brutos, sensuais e fechados), como um tipo de representação daquilo que o atraía fisicamente (certa vez ele confessou a seu amigo Gore Vidal, um escritor conceituado, que jamais poderia escrever uma peça sem um personagem pelo qual sentisse desejo). Usando esses dois tipos mais básicos como base na hora de criar suas tramas, ele apenas incluía o âmbito familiar para dar um toque teatral para a obra, não sem antes encher seus trabalhos de simbolismos críticos na hora de amenizar o conteúdo escandaloso que geralmente acompanhava as premissas.

Tendo em mente o estilo único do dramaturgo, podemos então entender o impacto de seus textos quando adaptados para o cinema americano ultra moralista das décadas de 1950 e 1960. Analisar brevemente cada uma dessas obras é uma forma que a equipe do blog encontrou de homenagear esse grande nome. Comecemos então na ordem cronológica dos principais filmes lançados com o roteiro baseado em alguma obra de Tennessee Williams. O primeiro deles, e o melhor de todos, é Uma Rua Chamada Pecado (A Streetcar Named Desire, 1951).

Williams (à esquerda) e Kazan
O próprio Williams assinou a adaptação e o roteiro para esse filme de Elia Kazan, que já havia feito sucesso na Broadway nas mãos do diretor. O dramaturgo e o diretor tinham uma grande sintonia artística e conseguiram repetir o sucesso nas telonas, mesmo tendo de ajustar alguns detalhes em função da censura (não que eles tenham alterado drasticamente a trama, apenas "maquiaram" melhor os elementos mais "intensos"). Marlon Brando, inclusive, foi descoberto nessa época ao ganhar o papel de Stanley Kowalski na peça, e foi contratado para repetir a performance no cinema, o que lhe valeu sua primeira indicação ao Oscar. A trama gira em torno de Blanche DuBois (Vivien Leigh), uma mulher de meia idade que vai passar uma temporada na casa de sua irmã Stella (Kim Hunter) e de seu cunhado Stanley. Emocinalmente frágil e repleta de segredos ocultos em sua imagem glamorosa, Blanche é uma representação da decadência da aristocracia sulista, que vai de contra o caráter agressivo e brutal de Stanley, um tipo de personagem que encarna em suas características tudo o que envolve o desejo sexual feminino, incluindo suas contradições. Numa mistura selvagem de tensão sexual com tensão familiar, o embate desses dois personagens se revela um exemplo típico do que agradava Tennessee: uma personagem feminina abalada e traumatizada, que fica à mercê de um homem irracional, mas que ainda assim emite um tipo de atração incontrolável nela. Aproveitando a deixa, Kazan guiou seus atores principais de modo que incluíssem em suas performances um berrante contraste entre o jeito tradicional de atuar em Hollywood (Vivien Leigh abusa dos gestos exagerados, da maneira de se mover teatralizada e do tom melodramático tão comum e artificial nas produções da Velha Hollywood, como forma de mostrar que aquilo estava tão decadente quanto sua personagem) com uma maneira nova de transmitir emoções (Marlon Brando rompe barreiras e dá realismo ao seu personagem, mudando para sempre a tradição cênica do cinema americano e jogando longe aquele estilo mais caricato e forçado dos personagens masculinos da época). O filme foi um sucesso e rendeu à Williams uma indicação ao Oscar de Roteiro, além de inúmeras outras indicações (Vivien Leigh, Kim Hunter e Karl Malden saíram da cerimônia com certa estatueta dourada nas mãos).

Depois foi a vez de uma das peças mais fracassadas de Williams ganhar vida no cinema. A Rosa Tatuada (The Rose Tatoo, 1955) é um filme feito com a intenção de reinventar uma história que já não tinha dado certo nos palcos. Williams mais uma vez se responsabilizou com o roteiro e o resultado foi incrível, embora tenha caído totalmente no esquecimento. A história é sobre Serafina (Anna Magnani), uma costureira viúva que, enquanto conserta a camisa do caminhoneiro Álvaro (Burt Lancaster), vai mantendo uma conversa cada vez mais intensa com seu cliente, que alcançará proporções inimagináveis. Mais ameno e longe dos costumeiros dramas profundos do autor, essa história se faz valer por sua sutileza e inteligência, pois vai ganhando uma importância gradual, apenas na base de diálogos. O talento apurado dele em escrever falas nunca foi tão bem exibido quanto nessa obra, ofuscando totalmente a direção iniciente e trôpega de Daniel Mann. Mais uma vez o Oscar reconheceu o valor da história e premiou a atriz principal (que soube muito bem aproveitar sua personagem bem contruída), além de outras categorias secundárias também terem levado a estatueta (inclusive foi indicado a Melhor Filme, embora não tenha vencido).

A segunda parceria nos cinemas entre Tennessee e Kazan se deu logo em seguida com o até hoje inexplicável Boneca de Carne (Baby Doll, 1956). Desta vez guiado por um personagem masculino, o filme não apresenta as características mais marcantes no estilo de Williams, embora haja uma personagem feminina essencial, um tipo de coadjuvante de luxo. Baby Doll Meighan (Carroll Baker) é a tal personagem, que é usada como um objeto num jogo de conflitos de negócios entre seu marido Archie (Karl Malden) e o falido Silva Vacarro (Eli Wallach). Sem conseguir definir ao certo o objetivo dessa história, Kazan se perde no texto denso e difícil de Williams, de modo que a trama parece nunca decolar. Temas distintos como adultério e conflitos empresariais se chocam e nenhum consegue assumir a liderança, de forma que o roteiro bem cosntruído acaba sendo prejudicado. Baby Doll, que era para ser uma personagem folgosa e dúbia, acabou virando um tipo de vadia a ser usada como mero objeto sexual, fugindo da intenção inicial do autor da peça. Isso não foi problema para Tennessee, que recebeu mais uma vez o prestígio de ser indicado ao Oscar por esse trabalho. Mesmo que a obra tenha sido nomeada em outras categorias, não levou nenhuma e não é exatamene do tipo memorável. 
Em 1958 foi lançado então um dos filmes mais famosos baseados em uma peça de Williams, embora seja também aquele que o dramaturgo mais destestou. Ao contrário dos outros filmes já mencionados, neste o dramaturgo não participou na composição do roteiro, que ficou a cargo de James Poe e Richard Brooks, que também é o diretor. Gata em Teto de Zinco Quente (Cat on a Hot Tin Roof, 1958) é hoje uma das obras mais importantes e mais aclamadas pelos críticos de cinema. Talvez isso se dê, mesmo com a desaprovação de Tennessee, pelo fato de ser uma das tramas que mais imprimem o jeito dele em criar situações baseadas em dramas familiares. Depois de um começo exagerado e excessivamente teatral, a obra vai ganhando uma densidade assustadora e os personagens vão sendo desvendados de uma tal maneira que o final se torna um verdadeiro palco para um inesquecível clímax. A trama aborda a vida do casal Maggie (Elizabeth Taylor) e Brick Pollitt (Paul Newman), que passam por uma crise conjugal cujo o motivo é um verdadeiro mistério para o público. O que sabemos é que Brick evita Maggie e sente repulsa por ela, que, por sua vez, sente um enorme desejo sexual pelo marido, mas não é correspondida. Para piorar, tudo isso ocorre durante o dia da comemoração do aniversário do pai de Brick, o patriarca que está prestes a morrer e que deixará sua fortuna para um de seus dois filhos. Aos poucos esse drama vai dando espaço para um verdadeiro suspense em volta do passado de todos ali e temas como homossexualismo ganham um tipo de atenção discreta, porém decisiva. Mais uma vez podemos ver um personagem masculino durão e alcoólatra, uma protagonista sexy e dúbia, a suspeita de um personagem ser gay e um drama familiar pesado: tudo o que Tennessee mais amava escrever. Gata em Teto de Zinco Quente também marca a primeira vez de Elizabeth Taylor numa produção baseada numa peça de Williams, que depois repetiria a dose inúmeras vezes, sendo a atriz que mais protagonizou as personagens centrais escritas por ele no cinema. O filme foi indicado a seis Oscar, inclusive de Melhor Filme e Melhor Atriz.

Um dos menos conhecidos e também mais dispensáveis de todos talvez tenha sido este seguinte, Vidas em Fuga (The Fugitive Kind, 1959). Marlon Brando repete aqui a parceria com Tennessee, que também assina o roteiro, e o grande Sidney Lumet se encarrega da direção. Brando vive Valentine Xavier, um músico itinerante, que pela primeira vez decide se instalar fixamente numa pequena cidade próxima a New Orleans. Neste lugar ele se envolverá com uma mulher casada e tentará esquecer de seu passado nebuloso. Agora guiada por um homem, essa história talvez seja a mais diferente de Williams na composição dos personagens, já que nenhuma mulher da trama tenha força o suficiente para competir com Brando. Por outro lado, é a história que mais representa o estilo do escritor na hora de escolher seus cenários. Tennessee nunca gostou muito de escolher a elite na hora de montar seus textos, e sim lugares mais pobres, como New Orleans, repletos de casebres decadentes e gente humilde vivendo conflitos por detrás dessas construções aparentemente inofensivas. A pobreza, o som de jazz (estilo musical que sofria preconceito na época por ser mais tocado pela população negra), a fumaça, os bares, as ruelas, a típica periferia era um tipo de simbolismo em volta da situação miserável, mas não menos empolgante e pulsante, de seus personagens. Dentro desse tipo de território suas histórias fluiam melhor e seus resultados eram mais satisfatórios.

Hepburn no set de De Repente, No Último Verão
De Repente, No Último Verão (Suddenly, Last Summer, 1959) é, com certeza, o filme mais definitivo a respeito da obra de Tennessee Williams. Se alguém quiser um dia entender tudo o que envolve a obra do dramaturgo, encontrará neste filme/peça todos os elementos mais usados por ele, sem excessões. É também nele que podemos encontrar as maiores referências da vida pessoal de Tennessee, já que cada personagem presente representa um membro da família dele. A trama é forte e pesada, carregando em si elementos difíceis que geralmente nunca dividem espaço numa mesma obra. Elizabeth Taylor, mais linda e talentosa do que nunca, encara o difícil papel de Catherine Holly, uma garota que sofre um trauma enorme depois de uma viagem à África, em que vê seu amigo, por quem era secretamente apaixonada, ser devorado por nativos. O tal amigo, na verdade, era gay e flertou com tais nativos, desencadeando assim a tragédia. Agora de volta para casa ela acaba bloqueando esse episódio de sua memória e praticamente enlouquece. Sua rica tia, Violet Venable (Katharine Hepburn), temerosa de que Catherine conte para alguém o ocorrido, contrata o neurologista Dr. Cukrowicz (Montgomery Clift) para realizar na moça uma lobotomia. No entanto, o médico acaba se interessando verdadeiramente pelo passado de Catherine e decide ajudá-la sem o procedimento cirúrgico que certamente a deixaria incapacitada. Temos aqui um conjunto de tudo que fez da vida de Williams ser como era: ele escreveu essa trama logo após uma desilusão amorosa com uma mulher e, por causa disso, se descobriu homossexual. Depois temos a personagem de Catherine, que representa Rose, a irmã de Tennessee, que também era taxada de louca e sofreu uma lobotomia autorizada pelos próprios pais. Violet é um tipo de representação dos pais duros e insensíveis de Williams, que só se preocupavam com as aparências. E, por último, temos o neurologista, que representa a salvação de Caherine, aquele que acredita que ela não é louca e se apaixona por ela. Ele é aquilo que Tennessee gostaria que tivesse acontecido no seu caminho e no de sua irmã. O filme foi indicado em três categorias do Oscar, inclusive Katahrine Hepburn e Elizabeth Taylor competiram pela estatueta de Melhor Atriz.

Agora na década de 1960, um pouco menos moralista e taxativa, as obras menos ousadas de Tennesssee foram adaptadas para o cinema, já que as mais escandalosas já haviam sido. Por causa disso, podemos dizer que foram poucas as que realmente chamaram a atenção. Doce Pássaro da Juventude (Sweet Bird of Youth, 1962) foi a primeira da década, mas não possui a presença de Williams na adaptação do roteiro, que ficou por conta de Richard Brooks, o mesmo de Gata em Teto de Zinco Quente. Seu enredo se foca na vida de Chance Wayne (Paul Newman), um ator fracassado que volta para sua cidade natal para fazer um teste de elenco. Lá ele reencontra sua ex-namorada, Heavenly Finley (Shirley Knight) e seu passado com ela e coma cidade passa a ser revelado aos poucos. Williams também detestou essa adaptação, talvez por achar que Brooks não era um diretor capaz de adaptar suas histórias para o cinema. De fato, aqui os diálogos afiados do texto original não possuem tanta força, os conflitos são tantos que acabam se misturando numa coisa só e perdem assim sua emoção, e o elenco parece deslocado e pouco à vontade, contribuindo para uma total falta de química e sintonia entre eles. Paul Newman se destaca, mas quem levou a estatueta do Oscar foi Ed Begley, que interpreta um político, pai de Heavenly.

Richard Burton e Sue Lyon
Ninguém menos que John Huston foi o próximo diretor da fila a adaptar uma peça de Williams para o cinema, com o curioso A Noite do Iguana (The Night of the Iguana, 1964). Nele conhecemos o ex-reverendo Lawrence Shannon (Richard Burton), que guia um grupo de mulheres por monumentos religiosos no México. Lá, a adolescente Charlotte (Sue Lyon) insiste em tentar seduzir Shannon, que a repele imediatamente. No entanto, a mulher responsável por Charlotte, Judith (Grayson Hall), acredita que é o reverendo que está tentando seduzir a jovem, ligando imediatamente para que seu irmão juiz venha para o local e tome providências. Ciente disso, Shannon sequestra o ônibus e foge com todas as mulheres ali para uma pousada de sua amiga, Maxine (Ava Gardner). Para complicar ainda mais as tensões entre todos, surge também nessa pousada uma misteriosa mulher que aparenta ser uma vigarista fugitiva, Hanna (Deborah Kerr). A trama é muito complicada, cheia de personagens e parece que muda de objetivo a cada nova situação. O que a princípio parecia um enredo envolvendo um ex-reverendo tentando provar sua inocência diante de uma garota oferecida, acaba se encaminhando para uma sub trama ambientada em uma pousada cheia de gente estranha. Nesse meio tempo temas fortes como lesbianismo e mentira surgem de maneira inesperada. Ou seja, tudo vira um circo de histórias mescladas que não conseguem formar uma trama homogênea, de modo que o filme termina sem mostrar a que veio. Foi indicado em três categorias no Oscar, e levou a de Melhor Figurino em Preto e Branco.

A última participação de Tennessee na adaptação de um roteiro foi em O Homem que Veio de Longe (Boom, 1968), filme estrelado por Elizabeth Taylor e Richard Burton e dirigido por Joseph Losey. Aqui a trama foge bastante do convencional para o dramaturgo. Trata-se da vida de Sissy (Taylor), uma escritora que vive isolada numa ilha do mediterrâneo junto com suas empregadas. Doente e debilitada, ela passa seu tempo entre tomar injeções e montar sua biografia. Mas eis que surge no local o atraente Chris Flanders (Burton), um homem que tem o hábito de visitar mulheres morinbundas. Durante um jantar na casa de Sissy se desencadeará uma louca trama que terá o poder de mudar a vida de todos ali, principalmente com a presença de um vizinho conhecido pelo apelido de A Bruxa de Capri. Temos aqui um exemplar raro de Tennessee flertando com o suspense, numa obra que tem em sua essência a morte como tema principal. Trata-se de um ensaio sobre a forma como homens e mulheres encaram tanto a vida como a morte, e acaba sendo também como um tipo de requiém para Williams, que já não estava mais em forma e começava a rarear seus trabalhos. Interessante notar como ele usa a costumeria enxurrada de diálogos, mas desta vez para ressaltar gêneros diferentes do drama. Infelizmente, a vida de glamour e escândalos entre Elizabeth Taylor e Richard Burton acabou ofuscando o próprio filme, atraindo um público interessado em ver os astros contracenando juntos, mas não necessariamente interessado em compreender a trama.

Depois de O Homem que Veio de Longe, Tennessee Williams nunca mais voltou a aparecer nos créditos dos filmes como roteirista. Algumas obras depois desta, claro, usaram referências dos textos dele, como é o caso do mais recente Tesouro Perdido (The Loss of Teardrop Diamond, 2008), mas o que prevalece até hoje do legado dele são suas peças teatrais sendo reapresentadas constantemente nos mais conceituados palcos do mundo.

Infelizmente são poucos os roteiristas, e até mesmo dramaturgos, que possuem o cacife de Tennessee, principalmente no que diz respeito aos diálogos e a sutileza com que ele abordava seus temas principais, que geralmente eram tão fortes. Com o tempo os filmes foram desvalorizando os diálogos e favorecendo ações, de modo que o que mais podemos ver hoje são filmes de estética perfeita, mas completamente ocos em conteúdo. Uma ficção realmente boa precisa, antes de tudo, de um bom texto sendo proferido por personagens bem construídos (o que é mais ou menos a essência que o teatro procura manter, mas não os filmes). Por isso esse grande dramaturgo faz falta hoje em dia nas telonas, embora não tenha sido necessariamente um cineasta. De fato, são poucos os que participaram tão perifericamente no mundo do cinema e conseguiram marcar tanto como ele. Se no teatro, a grande arte pelo qual ele é lembrado, ele já fez milagres, não é de menos com o cinema, que embora não o tenha mais hoje, agradece sua existência diante de uma tão rica e improtante filmografia. Tennessee Williams morreu no dia 25 de fevereiro de 1983 sob circunstâncias misteriosas, o suficiente para eternizá-lo como lenda.

Por Heitor Romero
27/06/2011

Spike Jonze disponibiliza novo curta na web

O curta foi produzido em conjunto à banda Arcade Fire


Scenes from the Suburbs, novo curta-metragem do aclamado diretor Spike Jonze (de Onde Vivem os Monstros e Quero Ser John Malkovich), foi lançado hoje na internet. O curta, que dura aproximadamente 26 minutos, fala de um grupo de amigos que gostam de viver intensamente no seu bairro no subúrbio da cidade. Como estamos falando de um filme de Spike Jonze, claro que há um toque criativo, e aqui vai: O subúrbio está inserido num Estado totalitário, com militares e tanques de guerra e bombas e revistas acontecendo a todo instante.

O curta é baseado no álbum The Suburbs, da prestigiada banda Arcade Fire. Não por acaso, o vocalista Win Butler e seu irmão e parceiro de grupo, Will Butler, assinam o roteiro do filme, junto com o diretor Jonze. O Arcade Fire também é responsável pela trilha sonora.

O curta também estará presente na edição de luxo do filme, mas, ao menos agora, também pode ser assistido pelo site MUBI, clicando aqui.

Por Victor Bruno
27/06/11

Novo pôster de Abduction

Thriller é estrelado por Taylor Lautner

O sucesso de Abduction, thriller estrelado pelo “lobisomem” da franquia Crepúsculo, Taylor Lautner; é garantido. Claro que milhões de adolescentes amalucadas e em êxtase sairão correndo aos cinemas para na esperança de ver Jacob Black mais uma vez, antes de Amanhecer – Parte 2, que estréia ano que vem (2012 nunca pareceu tão distante...).

De todas as formas, o novo pôster de Abduction, que é dirigido por John Signleton (Shaft, Quatro Irmãos), foi divulgado hoje e aí ele está:


Abduction estréia nos Estados Unidos em 23 de setembro.

Por Victor Bruno
27/06/11

Michael Bay manda uma mensagem

Tal qual Terrence Malick, o diretor da franquia Transformers também tem mensagem aos projecionistas


Michael Bay, o comandante da franquia Transformers, também tem uma mensagem (ao lado, clique para ampliar) para os projecionistas quanto à exibição do novo filme da série – que dessa vez tem o subtítulo de O Lado Oculto da Lua.  Segue a tradução:
 
Tradução:
"Oi, eu sou Michael Bay, diretor de Transformers –

Caro projecionista,

Eu estou orgulhoso em ter você apresentando Transformers – O Lado Oculto da Lua. Nós trabalhamos duro para fazer esse ótimo filme em live action em 3D.

Para contra-atacar a recente mudança do público por ter sido enganado pelo aspecto escuro do 3D, nós inventamos vários processos de pós-produção nunca usados nesse formato de produção, para melhorar o aspecto, contraste e brilho e tornar as cores mais vibrantes.

É crítico que vocês projecionistas mostrem o filme em seus níveis de brilho especificados para os melhores resultados. Nós criamos uma nova versão “Platinum 6” de Transformers, para a melhor experiência em 3D, para ser projetada em 6-foot Lambert de luz (disponível apenas em cinemas certificados).

Nós estamos juntos nisso. Seus cinemas investiram muito dinheiro nesse equipamento e nós trabalhamos duro para entregar a melhor experiência possível. Os projecionistas são de suma importância, por que é a sua habilidade que define a experiência do público.

Vamos fazer o público acreditar de novo.

Com todo o respeito,

Michael Bay"

Bay também escreveu em seu blog (que, segundo o Deadline, tem mais fotos dele em premiéres ao redor do mundo mais do que qualquer outra coisa) uma mensagem aos fãs:

"Nota de agradecimento de Michael Bay
26/06/2011

Eu quero aproveitar a oportunidade para agradecer a todos os fãs ao redor do mundo por me deixar me divertir com a franquia Transformers. Essa tem sido uma maravilhosa oportunidade para ter trabalhado com cerca de 4000 membros da equipe de produção ao redor do mundo. Esses artistas são alguns dos melhores em todo o negócio do cinema. Eu estou honrado por ter tido sua colaboração ao meu lado. Nós tivemos uma ótima jornada.

O Lado Oculto da Lua tem algumas das seqüências mais tecnicamente desafiadoras já gravadas. E em 3D. Eu devo pedir a você que encontre o melhor cinema e veja este filme neste formato. O 3D foi um pensamento prévio, e não incluído após a produção desse filme. Eu estou muito feliz que Jim [James] Cameron e Steven Spielberg tenham me convencido a filmar nessa nova tecnologia. Nós usamos e inventamos muitas técnicas novas para tornar o 3D realista, brilhante e mais contrastado. Eu creio que os donos dos cinemas escutaram do seu público, respeitando as especificações dos projetores, e não escurecendo as lâmpadas deles para salvar dinheiro.

Muitos dos cinemas estão apresentando o filme no novo formato de som em 7.1, o que é incrível. Este é o mais complexo e intricado trabalho de som que eu e meu time de som vencedor do Oscar já fizemos. Eles realmente trabalharam duro para fazer esta maravilhosa experiência fílmica. Com sorte eu espero que vocês se divirtam tanto quanto nós nos divertimos enquanto fazíamos este filme.

Obrigado,
Michael Bay."

O Lado Oculto da Lua chega aos cinemas em 1 de julho.

Por Victor Bruno
27/06/2011

domingo, 26 de junho de 2011

A Jovem Rainha Vitória

The Young Victoria, 2009 / Dirigido por Jean-Marc Vallée
Com Emily Blunt, Rupert Friend, Paul Bettany, Miranda Richardson, Mark Strong, Thomas Kretschermann, Jeanette Hain e Jim Broadbent

(4/5)

Quando se dirige a um filme como A Jovem Rainha Vitória, é muito fácil cair em alguns clichês do gênero cinebiografia de época. Aparentemente criou-se uma cartilha que os diretores que se lançam nessa empreitada: Fotografia em cor dourada, design de produção suntuoso, etc, etc, etc. Quando procura escapar desta tal cartilha, como Sofia Coppola fez em Maria Antonieta, pode-se criar um desastre ou correr o risco de ser incompreendido – como ocorreu parcialmente naquele filme de 2006.

Logo, este filme dirigido pelo franco-canadense Jean-Marc Vallée (C.R.A.Z.Y. – Loucos de Amor), prefere se situar no grupo que mais se aproxima da cartilha, ainda que com que destoe bastante das “regras” pré-estabelecidas. Apesar de serem bem plásticas, as imagens concebidas por Vallée destoam dos planos arrumadinhos e impecáveis que normalmente pincelam produções de épocas – principalmente aquelas que tomam lugar nas cortes que existiram entre os séculos XVII e XIX –, o que não implica dizer que isto é uma decisão 100% correta.

Na primeira parte da trama concebida por Julian Fellowes (Assassinato em Gosford Park), o diretor toma uma decisão que parece bem acertada, ainda que ponha em cheque todo o delicado equilíbrio da trama, conforme veremos adiante. Aqui nós conhecemos o mundo hostil que cerca Vitória (Emily Blunt), que ainda é a herdeira do trono de seu tio, o rei William IV (Jim Broadbent). Sabemos que a sua mãe, a Duquesa de Kent (Miranda Richardson) é uma criatura que quer, custe o que custar, o poder, ao mesmo tempo em que é controlada pelo malévolo Sir John Conroy (Mark Strong). Como bem observa Vitória na narração inteligentemente criada por Fellowes, “Minha mãe quer que eu assine uma ordem de regência, para poder reger enquanto é regida pelo Sr. Conroy.”

Além disso, Vitória é criada num ambiente opressor, sob a lei do infame Sistema de Kensington, proibida de coisas simples e aparentemente inofensivas, como ler romances modernos, escutar música popular. Ela é proibida até mesmo do simples ato de subir as escadarias do palácio desacompanhada, já que sempre deve estar acompanhada da sua dama de companhia, a Duquesa de Southerland (Jeanette Hain). Tudo isso, obviamente, é feito para duas coisas: 1) Vitória não pode nem sonhar em ter uma vida livre, já o simples ato de ler um romance que se passe nas ruas londrinas a faria pensar em como é o universo fora dos portões do palácio, o que é um risco. 2) Conhecimento lhe faria esperta, e ela poderia driblar as barreiras que lhe serão impostas. Mas Vitória é uma criatura que não precisa disso. Como ela mesma diz em determinada cena, ela é mais forte do que parece.

Para ilustrar isso, Vallée recorre a alguns truques visuais interessantes. Vitória é uma criatura que vive isolada do restante do mundo, presa em sua redoma de vidro, em seu universo particular, na pompa da realeza. Entretanto, este é o último lugar em que ela quer estar. Logo, o diretor opta por mostrá-la sempre entre barras, como se estivesse num presídio – o que é escancarado ao público quando a vemos caminhar pelos jardins do palácio enquanto bate nas barras de ferro. O design de som do filme ainda faz questão de amplificar o som das batidas, acentuando a atmosfera repressiva a qual a herdeira está submetida.

Também é interessante notar que, nesta primeira parte, o diretor Vallée também emprega outros artifícios fotográficos que acentuam a repressão em que Vitória está. Veja como todo o palácio de Kensington é mostrado em uma cor bem escura, um marrom bem acentuado, fotografado sob um filtro bem monocromático (o que, em certo aspecto, remete a fotografia utilizada por David Fincher e Jeff Cronenweth em Clube da Luta). O design de produção também se sai muito eficaz, procurando deixar Kensington livre de muitos móveis ou quadros. Na verdade, a design de produção Patrícia Vermette constrói um lugar bem minimalista, pouco convidativo ou aconchegante. Há um ambiente em particular, uma sala totalmente preta e branca, que remete a um tabuleiro de xadrez; que é particularmente claustrofóbica. Sua presença ali – eu creio – serve para indicar como Vitória é vítima de um assustador jogo de interesses.

Mas Vallée também se sai incrivelmente ingênuo – e/ou imaturo – ao acreditar que esses simbolismos visuais consigam carregar a história, ou pior, acreditar que isso possa ser superior à história, já que a força de A Jovem Rainha Vitória reside exatamente na história concebida por Fellowes. É nítido que Vallée quer apoiar seu filme no seu estilo visual. Se todos esses artifícios que o diretor utilizou durante a primeira parte do filme, quando Vitória ainda não era rainha e era duramente castigada e reprimida pelo seu secretário Conroy, na segunda parte – quando Vitória gots da power – isso já não se encaixa por que, generalizando bem, a situação já se acalma. Vallée tem a péssima mania de tremer a câmera e usar e abusar de close-ups. Se isso anteriormente causava um desconforto bem-vindo ao filme, agora na segunda parte isso se revela meramente... Um cacoete do diretor.

E o pior, você percebe que Vallée não sabe enquadrar uma cena. Por exemplo: Veja a cena em que o futuro esposo de Vitória, o Príncipe Albert (Rupert Friend), conversa com ela sob um coreto enquanto uma chuva cai. Veja que é o pôr-do-sol e não há uma única nuvem no céu. Se enquadrada do modo correto, um plano geral que destacasse bem todo o maravilhoso jardim onde a cena acontece, seria um ótimo quadro de museu. Entretanto, não há o menor motivo para essa cena ser daquele modo. É o tipo de cena que poderia ter sido facilmente transferida para uma biblioteca ou para uma sala de jantar, mas Vallée simplesmente os pôs ali e fez daquele modo por que achou que seria bonito (de certo modo, isso revela uma arrogância assustadora da sua parte). Vallée ainda se exibe com planos desnecessários utilizando o rack focus (quando uma parte do enquadramento entra subitamente em foco). Mesmo que bonito, soa masturbatório. Parece que ele simplesmente quis gritar para o espectador que o filme tem um diretor.

Por isso mesmo que a real força de A Jovem Rainha Vitória esconde-se no belo roteiro de Julian Fellowes. Ainda que estranhamente apressado, mas isso é culpa da montagem esquisita de Jill Bilcock e Matt Garner, Fellowes consegue montar um esqueleto narrativo bem eficiente, junto de diálogos excepcionais, mas que de nada adiantariam se não fosse o elenco magistral que o filme possui. Emily Blunt rouba a cena durante quase todo o filme. Nós somos capazes de acreditar que o nervosismo que ela está genuinamente insegura durante a cena da coroação. É um momento curto que – bizarramente – não é reprisado pelo filme (essa cena é apresentada na ótima seqüência ao som de Zadok the Priest, de Handel, antes da apresentação do título do filme).

Blunt constrói uma personagem poderosa, capaz de momentos de fúria memoráveis, inclusive contra a própria mãe. Veja a cena em que ela é surrada por Conroy e sua mãe não faz nada. Observe a fúria com que ela solta sua fala: “Se você pensa que eu vou me esquecer que você simplesmente ficou aí parada sem fazer nada enquanto ele me batia como se ele fosse meu pai, você está enganada!” E é louvável, mesmo que seja um erro grosso de Vallée, como o filme cai de rendimento quando Blunt não está em cena. Não que as interpretações de Rupert Friend ou de Paul Bettany (o Silas de O Código Da Vinci) sejam ruins – na verdade o Albert de Friend revela-se apaixonante, enquanto Bettany constrói um Lord Melbourne elegantíssimo –, mas simplesmente Blunt é superior.

Apesar do final feito às coxas, A Jovem Rainha Vitória revela-se muito bom. Um entretenimento muito inteligente e, mesmo que sacrifique alguns fatos históricos para inserir drama ao filme, é bem instrutivo. É impossível dormir durante este filme, Emily Blunt é uma rainha.

Por Victor Bruno
26/06/11

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O Gato Preto

The Black Cat, 1934/ Dirigido por Edgar G. Ulmer
Com Boris Karloff, Bela Lugosi, David Manners e Julie Bishop


3/5

A década de 1930 foi profílica em termos de filmes de terror.  Embora os musicais  "dominassem" o cinema norte-americano, com produções moralizantes e que procravam solavancar as esperanças do povo, abatido com a crise de 1929, o gênero do terror (de certa forma influenciado por filmes expressionistas lançados na década anterior) começou a ganhar cada vez mais espaço. Foi neste momento que dois dos maiores astros deste filão cinematográfico atingiram o apogeu de suas carreiras: Boris Karloff e Bela Lugosi. Ambos deram vida a alguns dos personagens mais icônicos do cinema, como Drácula, Frankenstein e a Múmia. No ano de 1934, o diretor Edgar G. Ulmer os reuniu em uma pequena produção, que se tornou um sucesso retumbante para o Estúdio Universal: "O Gato Preto", baseado no conto homônimo de Edgar Allan Poe.

A trama do filme é muito simples, e não guarda praticamente nenhuma semelhança com o conto de Poe supra-citado (na verdade, a suposta "inspiração" na obra do autor parece ter sido muito mais uma campanha de marketing para atrair público). Um casal jovem (interpretados por David Manners e Julie Bishop) está passando a lua-de-mel na Hungria, quando conhecem em um trem o estranho Dr. Vitus Werdegast (Lugosi). Os três saltam no mesmo lugar, e acabam sofrendo um acidente na estrada. Eles são, então, conduzidos para a casa de Hjalmar Poezig (Karloff), aparentemente um amigo de Werdegast  que guarda terríveis segredos.

Embora atualmente o filme não cause o mesmo medo que seus contemporâneos deveriam sentir ao assisti-lo, "O Gato Preto" continua sendo interessantíssimo do ponto de vista de um roteiro bem trabalhado e em técnicas de direção. Um exemplo é a demora do personagem de Karloff em entrar em cena: é construída toda uma aura de mistério ao seu redor e, quando Poezig surge pela primeira vez, está envolto em sombras, o que ressalta ainda mais a idéia de que aquele indivíduo possui um passado obscuro, e que o mal envolve a sua casa. Aliás, de metáforas inteligentes (e não gratuitas, como muito se vê hoje em dia) o filme está cheio. O próprio gato preto, muito mais do que um ente físico, funciona como um simbolismo para o mal que permeia todo o ambiente e, indo mais além, para o mal que pode estar dentro de todo ser humano.

Outro ponto do roteiro muito bem trabalhado pelo diretor Edgar D. Ulmer é a relação entre o dr. Werdegast e Poezig. Ambos guardam mágoas profundas um do outro, particularmente o doutor Werdegast, que está tomado de um sentimento de vingança e  ódio em relação ao outro (não posso revelar o motivo aqui, mas é realmente algo que causaria um profundo ódio em qualquer ser humano). Entretanto, ao mesmo tempo os dois parecem nutrir algum respeito mútuo, e não tomam nenhuma medida que não seja extremamente calculada. A cena do jogo de xadrez exprime isso perfeitamente: embora seja nítido que um deseja acabar com o outro, eles jogam calmamente, um jogo que também vale o destino do casal de noivos. Estes, aliás, aparecem como meros peões na disputa entre os dois homens, embora Poezig tenha planos tenebrosos em relação à moça. E, embora a metragem possa parecer excessivamente curta (afinal, são apenas 65 minutos de duração), no final das contas são suficientes para dar conta de todas as situações relevantes para a trama.

Assim, os dois homens passam a madrugada e o dia seguinte remoendo amarguras do passado. Como o personagem de Karloff afirma em um determinado momento: não somente os 10.000 homens que pereceram na Primeira Guerra Mundial na região aonde ele contruiu sua casa estavam mortos, mas ele e o doutor Vitus também não passam de "mortos-vivos", homens sem alma e sem expectativas, que simplesmente seguem suas vidas em função de acontecimentos do passado. A atuação dos dois atores foi fundamental para transmitir todos estes sentimentos ambíguos e obscuros um em relação ao outro, e que só são colocados à prova no ótimo clímax do final.

Após "O Gato Preto", Boris Karloff e Bela Lugosi ainda aturam juntos mais sete vezes ao longo das décadas seguintes. Mas foi este filme de 1934 que catapultou de vez a carreira de ambos, e de forma merecida. Mesmo que hoje em dia não cause o mesmo efeito que no passado, "O Gato Preto" merece ser conferido por ser bom cinema, e bom cinema é sempre imortal.


Por Douglas Braga
24/06/2011

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Soberba

The Magnificent Ambersons, 1942 / Dirigido por Orson Welles
Com Tim Holt, Joseph Cotten, Dolores Costello, Anne Baxter, Agnes Moorehead, Richard Bennet e a voz de Orson Welles

(5/5)

Quando Soberba tem início, a narração em tom nostálgico e melancólico logo observa: “O esplendor dos Ambersons começou em 1873”. Uma informação fundamental. Aliada com a imagem inicial, um plano ao nível do olho da casa onde os Ambersons vivem, logo somos avisados que estamos falando de uma família importante, um fato que será confirmado e de suma importância. Estamos falando de patrícios, pessoas que nós, os mortais da classe média, almejamos ser. Vamos ser honestos, quem não quer viver uma vida de luxo, comprando o que quer, indo a festas? A menos que você seja um comunista que vive um modelo de vida espartano, ou um ermitão, você quer viver, exatamente, a vida que acabei de descrever.

Lentamente, o quadro onde os Ambersons vivem suas vidas é construído, numa longa e elegante montagem habilmente construída pelo mágico (literalmente) Orson Welles. Welles, durante esta obra-prima estuprada pela RKO, estúdio cujo Welles tinha contrato quando produziu este retrato genial da antiga nobreza norte-americana, utiliza alguns recursos visuais que transformam essa seqüência na melhor parte do filme: Observe como o diretor, inteligentemente, borra de branco as extremidades superiores e inferiores dos enquadramentos, o que reforça a idéia de que – a princípio – esta primeira parte da obra é um conto de fadas. Repare também na cena em que George, ainda pequeno (Bobby Cooper o interpreta nesta parte do filme), está levando uma bronca da sua família. Veja como a casa dos Ambersons, ao fundo, parece erguer-se como um castelo saído diretamente de um conto de fadas.

Mas antes de ser um conto de fadas, a seqüência inicial de Soberba é um aviso poderoso do que estar porvir. A presunção e arrogância de George, a vida mundana que Isabel (Dolores Costello), mãe de George, parece levar (eu disse parece), e as festas e serenatas e bebedeiras constantes que ocorrem na mansão Amberson são um anúncio da queda monumental daquilo que parece ser uma monarquia.

Welles insiste em frisar: Ser um Amberson é ser um ser que, por natureza, é (ou parece ser) superior a tudo e a todos. Quando chegamos ao período em que o filme realmente acontece, Lucy Morgan (a bela Anne Baxter) observa enquanto dança com George (Tim Holt, que guarda grandes semelhanças físicas com Orson Welles), agora adulto: “Finalmente percebi o que é ser um Amberson”.

Essas pequenas pérolas que citei são mostras do poder de fogo que Orson Welles tem. Em qualquer um de seus filmes, Welles vai te provocar uma sensação de imenso erro. Seja no monumental plano-seqüência (cena sem cortes) inicial de A Marca da Maldade (Touch of Evil, 1958), seja na tentativa de suicídio de Susan Alexander em Cidadão Kane (Citizen Kane, 1941), o erro (ou a sensação disso) é presença constante.

Soberba é uma fábula do que poderia ser o correto, mas não é. Soberba é o declínio do império americano. É um conto sobre tempos que não voltam mais, o passado sendo projetado numa tela de cinema. Soberba é – acima de tudo – um soco no estômago de uma classe social inalcançável. É o troco que todos queríamos dar em políticos, playboys, socialites. O tema de Soberba – ganância, desonra e a própria soberba – será atual em qualquer momento da história da humanidade. Soberba dos homens e mulheres que comandam a vida na terra, aliás, fala das suas quedas.

A sensação de nostalgia e perda neste filme é tão presente, é tão densa, que você quase pode pegar e cortar com uma faca. Não poderia ser diferente. A adaptação do premiado romance de Booth Tarkiginton pertence a este universo, do que tínhamos, do que poderíamos ser. Principalmente em seu último terço, The Magnificent Ambersons é uma reavaliação do que poderíamos ter feito. Por isso o seu final (o seu verdadeiro final) é tão doloroso. Uma revisão dos erros e acertos em nossas vidas. Você, independente da sua classe social, poderia estar no lugar de George.

Orson Welles, o grande Orson Welles, faz questão, também, de utilizar metáforas visuais absolutamente brilhantes, durante a sua obra. Vejamos a cena do baile, por exemplo, logo no início do filme. Caminhamos junto com as personagens Lucy e Eugene (é um plano-seqüência similar ao de Os Bons Companheiros e ao de A Época da Inocência, inclusive com os personagens na mesma posição) saindo da uma nevasca enorme que açoita a casa dos Ambersons. Enquanto isso, o narrador diz que aquela é a última grande festa na casa da família. A nevasca é um simbolismo, simboliza a enorme nuvem de tempestade que está se formando. E não tenha dúvidas: Será naquela festa em que George flertará com Lucy, para, somente depois ver o quão errado a tratou e a todos ao seu redor. Será naquela festa que Eugene (Joseph Cotten, como sempre competentíssimo), pai de Lucy, flertará com Isabel, vinte anos depois de ele ter desistido do seu amor; um ato que levará George à loucura, num acesso de ciúme que nos faz questionar se o que ele está fazendo é defender a sua mãe de alguém como Eugene – um investidor no ramo de automóveis (uma atividade que no início do século XX parecia não levar a lugar algum –, ou se seus sentimentos nutrem uma aura incestuosa. Acredito-me que George simplesmente tem uma birra ridícula contra Eugene, visto que é da sua natureza agir dessa maneira. Ele se recusa, mesmo quando os Ambersons já não são mais o que costumavam ser, que Eugene é o futuro – ele esteve certo sobre os automóveis e agora é o substituto dos Ambersons.

Observe que nesta mesma cena, o tão querido deep focus (quando a câmera deixa todo o quadro em foco definido) de Welles funciona de maneira arrasadora. Veja que ele – com auxílio do maravilhoso fotógrafo Stanley Cortez – fazem questão de enquadrar a conversa da última geração dos gloriosos Ambersons, representada aqui por George, e Lucy, para, ao fundo, mostrar a glória dos Ambersons que se vai, representada pelo último baile na mansão.

De todas as maneiras, talvez por culpa da montagem/estupro feita pela RKO, que tirou 56 dos 144 minutos originais de Soberba, o filme parece focar somente em George. OK, ele é o personagem principal da trama, e talvez por conta das suas ações burras – aliada ao egoísmo dos Ambersons (os Vangers do romance “Os Homens que Não Amavam as Mulheres” ficam no chinelo) – acarretem na queda da família. Se não foi culpa dele, ele ajuda a aumentar a profundidade do poço.

Por outro lado, essa ultra-exposição que o filme confere a George ajuda a aumentar a construção da sua personalidade (creio que se o corte de Welles fosse o que conhecêssemos, a construção da personagem ficaria resumida ao flashback inicial, como acontece com Isabel e os outros).

Mas isso me leva a uma questão importante: Já que George é tão cínico e parece ter uma personalidade tão forte, por que Tim Holt parece ser tão duro, estático e inexpressivo? Não sei. Talvez seja por que George seja o tipo do cara retraído e introspectivo que... não, não. Não pode ser isso. É uma má interpretação mesmo. E se não for, é por que Joseph Cotten, magistral, lhe faz sombra.

Por essas e outras, Soberba pode até não ser tão bom quanto Cidadão Kane, mas é um filme exemplar. Um filme para qualquer geração. É atemporal. Tão único que é o único filme em que a cena final é desnecessária. Se Ambersons terminasse uma cena antes da que se passa num hospital, seria perfeito, mas não é culpa de Welles.
 
Mutilado ou não, Soberba é um filme obrigatório. Uma referência, influenciando cineastas como Martin Scorsese em diversos filmes. Repare que Scorsese utiliza a técnica de dissolver um quadro em outro, mantendo a posição da câmera, em, no mínimo, dois filmes (O Aviador e Época da Inocência, filmes que também falam da queda de famílias/pessoas poderosas), o que cria uma passagem de tempo elegante e ágil.

Para mim, isso só torna os filmes de Welles mais e mais interessantes, e indispensáveis.

Sou sedento por Orson Welles.

Por Victor Bruno
23/06/2011

Ron Howard para dirigir Spy VS. Spy

Filme é baseado em tirinha da revista Mad
O diretor Ron Howard, de Frost/Nixon e Anjos e Demônios, está confirmado para dirigir a adaptação da tirinha Spy VS. Spy.

O roteiro do filme será escrito por John Kamp, de Ghost Town, com supervisão do premiado David Koepp, de Quarto do Pânico e Anjos e Demônios. John Kamp é, também, o roteirista de Premium Rush, previsto para estrear no ano que vem; dirigido por Koepp. Ao que parece, Spy VS. Spy é uma história de ação, violência e muita luta. O Deadline classifica o filme como “extremamente visual”.

Ainda não há data de estréia prevista para o filme, já que Howard está envolvido com a superprodução Dark Tower.

Por Victor Bruno
23/06/2011

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Warren Beatty é Howard Hughes

Retorno do premiado ator de Bonnie & Clyde começa a ganhar forma

Nós contamos a você nesta segunda-feira que Warren Beatty estava voltando à cadeira de diretor com um novo projeto que será produzido pela Paramount Pictures. Entretanto, não contamos para você sobre o que era o projeto. Pois bem, aí vai: O projeto que Beatty escreveu e dirigirá (e estrelará – fato confirmado) é sobre um suposto caso amoroso que o multimilionário esquizofrênico Howard Hughes (foto) teve em seus anos finais.

E parece que as coisas vão andando bem rápido, o Deadline (mesmo site que divulgou a notícia do retorno de Beatty) informou também que já existem nomes sendo considerado para dar vida aos personagens criados pelo diretor de Reds. Seriam eles: Andrew Garfield (O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus), Alec Baldwin (Os Infiltrados), Annette Bening (Beleza Americana), Shia Le Bouf (Wall Street 2 – O Dinheiro Nunca Dorme), Jack Nicholson (As Confissões de Schmidt), Evan Rachel Wood (O Lutador) e Rooney Mara (A Rede Social e a Lisbeth Salander de The Girl With the Dragon Tattoo de David Fincher). O mais interessante que encontramos aqui é que seria a segunda vez que Alec Baldwin se envolveria numa produção sobre Howard Hughes. A primeira foi na obra-prima O Aviador, de 2004, dirigido por Martin Scorsese.

E as novidades não param por aí. Segundo o site Showbiz 411, esse projeto não é nenhuma novidade tratando-se de Warren Beatty. Segundo um artigo publicado ontem no site, “Hughes” (forma como eles se referem ao projeto) começou a ser pensado ainda na década de 80, com um roteiro escrito em conjunto com a diretora de Ishtar, Elaine May (Ishtar foi produzido por Beatty). Entretanto, o ator nunca conseguiu o financiamento necessário para filmar o que queria e acabou adiando o projeto, indo fazer outras obras, como os fracos Dick Tracy e Politicamente Incorreto.

Por Victor Bruno
22/06/11

Remake de Footloose ganha trailer

Filme conta com a presença de Dennis Quaid

A Paramount Pictures divulgou hoje o primeiro trailer do remake do clássico oitentista Footloose – Ritmo Quente. O filme conta a história de Ren McCormak, um rapaz oriundo de Chicago que se muda com a família e acaba parando numa pequena cidade do meio-oeste norte-americano. Acontece que nessa cidade a dança é proibida, mas Ren, como todo bom adolescente decide quebrar as regras. O filme catapultou a carreira de Kevin Bacon como Ren, que, no remake, é interpretado pelo desconhecido Kenny Wormald, dançarino que já saiu em turnê com Dustin Timberlake. O par romântico de Ren, Ariel Moore, ganha vida na pele de Julianne Hough, que ganhou o popular programa Dancing With the Stars por duas vezes. O veterano Dennis Quaid (O Dia Depois do Amanhã, Um Domingo Qualquer) interpreta o reverendo Shaw Moore, pai de Ariel e responsável pelo banimento da música na cidade.


Escrito e dirigido por Craig Brewer, Footloose tem estréia marcada no país no dia 14 de outubro.

Por Victor Bruno
22/06/2011

terça-feira, 21 de junho de 2011

Sobre prejuízos e descontos

Nada além de amargurante é o estado da Disney e suas ações duvidosas
 
Você confiaria num filme que tem isto como personagem?

63%.

63%.

Você tem noção do que é a Pixar Animation Studios ter, apenas, 63 por cento de aprovação no Rotten Tomatoes? Você tem? Não, você não tem. Eu não tenho. Ninguém pode ter, mas essa é a realidade. Carros 2 (Cars 2, 2011) é, desde que foi lançado seu primeiro teaser – não precisava nem ser trailer, bastava ser um simples teaser – um erro. Um desastre. Um desastre anunciado há muito, muito tempo, amigo. Filho, nós estamos falando de um filme comercial da Pixar. Da Pixar! Eu, sinceramente, espero que você esteja surpreso, por que você deve estar. É uma obrigação.

Há muito, muito tempo, a Pixar vem soltando lufadas de originalidade, emoção e boas histórias no Cinema atual. Seus filmes inteligentes, cheio de alma e cor, são um prato cheio para a mente e para os olhos. Eu cresci assistindo Vida de Inseto (A Bug’s Life, 1998), que considero uma obra-prima – superior a muitos filmes que certa produtora de animações japonesa faz. Então, é muito triste quando vejo um filme da Pixar conseguir apenas 63% de aprovação no Rotten Tomatoes, o maior e mais confiável agregador de críticas na Internet. 63%, caramba. Chega a ser menor que o rating de A Rocha (The Rock, 1996), o filme mais bem cotado de Michael Bay.

Mas antes que comecemos a chorar e a nos lamuriarmos, vamos analisar as coisas cautelosamente. Como diria o filósofo: “Calma, calma, não priemos cânico”. Não coloquemos a carroça na frente dos burros.

Em primeiro lugar, vamos nos lembrar de onde vem a Pixar: Ela vem da Disney. Da Disney. Leu bem? Da Disney. E o que é, ó meu Deus, a Disney? Uma p... de uma produtora de filmes. A Disney, primo, é um marco. Uma referência. A Disney é a Disney. Onde quer que você vá, sempre vão saber o que é a Disneylândia, o que é a Branca de Neve. Eu mesmo conheço um cara cujo nome é Valdisnei por que a mãe viu o nome Walt Disney e não sabia como pronunciar. Mas eu estaria mentindo se dissesse que a Pixar não é a Pixar, mas ela não tem a mesma força e impacto e peso que o nome Disney, tem? Nunca vão fazer a Pixarlândia e nunca haverá bebês chamados John-lasseternei por que a mãe viu numa revista e não saberá como pronunciar “John Lasseter”, haverá?

Não. Não haverá.

E é exatamente aí onde mora o perigo. A Disney é distribuidora da Pixar, correto? Sim, correto. Logo, a Pixar necessita da Disney. Pensamento válido e – acima de tudo – correto.

Mas antes de ser a distribuidora da Pixar, a Disney é uma empresa como qualquer outra. Vive a base de dinheiro e necessita de lucros. Lucros, lucros, lucros; dinheiro, dinheiro, dinheiro; money, money, money. A Disney faz parte do capitalismo e o dinheiro é o seu alimento. Não há nada de errado com isso. O problema, senhor, é quando a sua sede por dinheiro começa a afetar os seus produtos.

Como publiquei há algumas semanas, a Walt Disney Studios fez um corte de 500 funcionários do ramo de distribuição. A Disney tem 2.500 funcionários ao redor do mundo. Quando uma empresa como a Disney (não se esqueça da ênfase no nome Disney) faz um corte desses, é por que algo vai mal. E vai. Não é de hoje que a Disney anda no vermelho, bem claudicante. Há anos a empresa sofre com algumas catástrofes: Bilheteria fraca, vendas baixas, parques que não são mais a mesma coisa de outrora. Ora, o Los Angeles Times afirmou, em uma simples frase, algo que todos nós que acompanhamos a situação financeira do estúdio sabemos há anos: A Disney não caminha mais com as próprias pernas. E não caminha mesmo! Eles escreveram que o que realmente dá lucro para a empresa é a Pixar. Por que a bilheteria da Disney é fraca. Óbvio que é.

Caso contrário, não estariam cortando 500 funcionários do seu plantel, estariam?

A Disney está se comportando como a GM durante a crise de 2008.

E agora cheguei aonde eu queria chegar: Carros 2.

Não havia, e nem há, a menor necessidade de Carros 2. Não há e ponto final. Se o primeiro filme é uma tragédia, um filme catastrófico, esse não parece ser diferente, se não for pior. Para todos os efeitos, o tal do Carros (Cars, 2006) não é nada além de um filmeco comercial que saiu errado. Não tem cara nem corpo de Pixar. Não parece ter sido feito pelo estúdio de Monstros S.A. e da franquia Toy Story. Por que simplesmente o filme é ruim! É bobo! Tem cores, tem personagens interessantes, mas... mas não se encaixa na proposta de vida da Pixar (ou o que nós cremos que seja a proposta da Pixar). Na falta de termo melhor, é um filme forasteiro. Sinceramente, Carros deveria ter sido uma obra para a Pixar ter esquecido nos seus arquivos.

Só que há um detalhe que faz toda a diferença: Carros foi uma das maiores bilheterias do ano de 2006 e uma das maiores bilheterias da Disney-Pixar. Aliás, eu esqueci desse detalhe: É Disney-Pixar.

OK, então vamos lá. Carros é um filme que as crianças amaram, mas que os críticos foram indiferentes (73% de aprovação). Hmmm... é. Carros é uma pequena mancha marrom na fazenda de linho branco que é o histórico da Pixar. Ressuscitar aquela porcaria só faz bem a uma única instituição: A Disney, ora!

Eu quero acreditar que Carros 2 é uma jogada de marketing da Disney. Eu quero. Eu quero, droga. Eu não me importo se estou idealizando a Pixar. Pixar que é Pixar, para mim, é alma e coração, e não celulóide para as massas. Não é uma Warner Bros. da vida. O fato de Carros 2 estar aí pela Disney-Pixar, e não somente a Pixar, é uma prova que essa empresa recorreu a mais baixa forma de sobrevivência, trapaceou. Trapaceou com a sua verdadeira massa cinzenta, a Pixar. Os gamers chamariam isso de “apelação”. A Disney “apelou” para a Pixar. Prova que a Pixar não queria fazer Carros 2? John Lassater dirigiu esse filme por um iPad.

Recapitulando: 63% de aprovação quando eu comecei a escrever.

Vamos ver agora.

Oh, que surpresa.

59%.

Obrigado, Disney.

Update: Agora, na manhã dessa quarta, 22 de junho, Carros 2 está com 55%.

Por Victor Bruno
21/06/2011

A Dangerous Method ganha trailer

Primeiro projeto de David Cronenberg em quarto anos será estrelado por Michael Fassbender e Viggo Mortensen

A Internet recebeu hoje o primeiro trailer oficial de A Dangerous Method, novo projeto do lendário mestre do horror David Cronenberg. O interessante é que A Dangerous Method não é um filme de horror, entretanto, tem tudo haver com o seu diretor.

Mais conhecido pelos seus projetos trashes, neste filme o diretor David Cronenberg falará do (surpresa, surpresa, surpresa!) nascimento da psicanálise. O filme – que é baseado na peça “The Talking Cure”, de Christopher Hempton (o roteirista de Desejo e Reparação e As Ligações Perigosas) – falará da intensa relação entre Carl Gustav Jung (interpretado por Michael Fassbender) e Sigmond Freud (Viggo Mortensen). Keira Knightley (London Boulevard) completa o elenco e Vincent Cassel (Cisne Negro) completam o elenco.

Segue o trailer (que é uma cortesia da Lionsgate Entertainment):


O filme estréia na Inglaterra em 10 de fevereiro do ano que vem.

Por Victor Bruno com informações da Empire

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Warren Beatty fecha contrato com a Paramount

Primeiro filme dirigido pelo ator desde 1998

Warren Beatty (foto) acaba de fechar um acordo com a Paramount Pictures. Segundo o site Deadline, que divulgou em primeira-mão, trata-se de uma comédia, ainda sem título.

Brad Grey, presidente e diretor executivo da Paramount, comentou: “O roteiro de Beatty é a sua quintessência, elegantemente escrito [...]. É um privilégio ter um dos grandes artistas na história da indústria do Cinema aqui em nossa casa, na Paramount.” Beatty, vale lembrar, já teve dois filmes produzidos pela empresa dirigida por Gray: O Céu pode Esperar (Heaven Can Wait, 1979) e Reds (Reds, 1981). Ambos indicados ao Oscar. Ele não dirige nada desde o fraquíssimo Politicamente Incorreto (Bulworth, 1998).

Espera-se que o projeto seja filmado no fim do ano. Segundo o /Film, o processo de escolha de elenco está em progresso neste exato momento.

Por Victor Bruno

Woody Allen anuncia elenco de seu novo filme

Jesse Eisenberg e Alec Baldwin intregam fazem parte da nova produção do diretor de Meia Noite em Paris

Que Woody Allen é um diretor hiperativo não é novidade para nenhum fã do cinema. Logo, ninguém deve se surpreender com o anúncio realizado nesta segunda-feira, 20, em que foi divulgado oficialmente o elenco de seu novo filme, Bop Decameron.

O elenco, conforme publicado pela revista Variety, começa com o próprio Woody Allen, que volta a estrelar uma produção sua após mais de cinco anos da sua última aparição, em Scoop – O Grande Furo (Scoop, 2006). O elenco – lotado de estrelas – continua com Alec Baldwin (da série 30 Rock), o lendário Roberto Benigni (vencedor do Oscar por A Vida é Bela), Penélope Cruz (que já havia trabalhado com Allen em Vicky Cristina Barcelona), Jesse Eisenberg (o Mark Zuckerberg de A Rede Social) e Ellen Page (de A Origem e Juno). Completam o elenco Judy Davis, que trabalhou com o mestre David Lean no excepcional Passagem para a Índia e Greta Gerwig.

O filme, que tem como trama uma série de estórias paralelas que tomam lugar em Roma, está previsto para o ano que vem.

Por Victor Bruno

Morre Ryan Dunn

Integrante da trupe do Jackass more em acidente de carro

Foi divulgado hoje pelo TMZ que o ator Ryan Dunn, do Jackass, morreu no início dessa manhã de segunda, na Pensilvânia. O site informou que Dunn (que apareceu em todos os filmes da trupe, conforme observa o Movieline) dirigia um veículo embriagado, após uma noitada regada a muita bebida alcoólica.

Horas antes do acidente, o ator postou – no Twitter – no uma foto (abaixo) em que bebe com mais dois amigos.
Ryan, à esquerda, horas antes do acidente
Dunn não foi a única vítima. Outro passageiro (cujo nome não foi divulgado) também foi vitimado. A MTV divulgou a seguinte nota:
“Estamos devastados pela trágica perda de Ryan Dunn – um amado membro da família MTV por mais de uma década.”
 O crítico americano Roger Ebert também deixou uma mensagem sobre a perda de Dunn: “Amigos não deixam otários beberem e dirigirem.” O crítico fez referência ao Jackass, palavra que, em português, significa “otário”.

Update: O nome do acompanhante morto nesse acidente é Zachary Hartwell.

Por Victor Bruno

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