domingo, 2 de janeiro de 2011

Machete

Machete, 2010/ Dirigido por Robert Rodriguez e Ethan Maniquis
Com Danny Trejo, Steven Seagal, Michelle Rodriguez, Jessica Alba, Lindsay Lohan, Jeff Fahey, Cheech Marin e Robert De Niro.


(4/5)

Muitos críticos de cinema consideram Robert Rodriguez o amigo com menos talento de Quentin Tarantino,o que já pressupõe que o último seja deveras talentoso. Mas não é essa a questão aqui. Na realidade, entre os diversos filmes infantis extremamente fracos que fez para seus filhos, Rodriguez realizou obras interessantes, como "Um Drink no Inferno", "Sin City" e a trilogia dos Mariachis. Em 2007, participou do projeto Grindhouse, junto com Tarantino, e lançou o divertido "Planeta Terror", homenagem aos filmes B dos anos 1970 (e, para alguns, superior ao filme de seu amigo, "À Prova de Morte").

Agora, em 2010, o diretor lançou (juntamente com Ethan Maniquis) aquele que pode ser seu melhor filme, "Machete" originalmente um trailer realizado para o projeto Grindhouse), também homenageando filmes exploitation dos anos 1970, mas dessa vez realizando um filme mais coeso e, sem dúvidas, ainda mais divertido. Na trama, Machete, um ex-agente federal, é contratado por um americano desconhecido para assassinar o senador "linha-dura" McLaughlin, que busca se reeleger com uma plataforma contra imigrantes ilegais. Contudo, nem tudo sai como planejado, e Machete se vê envolvido em uma guerra, que se estende até o chefão do narcotráfico no México, seu arqui-inimigo, e ainda é perseguido pela sensual agente Sartana.
O primeiro aspecto do filme que vale a pena destacar é o seu conteúdo polítco. É claro que não dá para se esperar de Rodriguez profundas reflexões filosóficas sobre a questão dos imigrantes nos Estados Unidos. Mas, de qualquer maneira, é notório um problema extremamente relevante estar presente em "Machete", já que os filmes anteriores do diretor tinham roteiros precários (com a possível exceção de Sin City).

Tudo o que compunha os filmes B dos anos 1970 (violência, sangue, tripas, sexo) está presente em "Machete". E o humor se tornou um elemento fundamental no roteiro. Afinal de contas, não há como não rir em cenas de ação envolvendo intestino, ou uma matança dentro de uma igreja ao som de "Ave Maria", ou ainda Steven Seagal pagando de chefe dto tráfico de narcóticos no México (praticamente em todas as suas cenas de diálogo, a palavra 'puñeta" é pronunciada). As cenas de ação absurdas, mas coerentes com o projeto estético de Rodriguez, dão um toque a mais em um filme feito para pura diversão. E lá se vão cabeças, membros, sangue por todo o lado, em meio a lutas com facões, espadas e armas de todos os tipos (até mesmo um aparador de grama é utilizado).
O elenco é mais um acerto. Quem já imaginou ver Steven Seagal, Lindsay Lohan e Robert De Niro no mesmo filme? Pois é, mas eles estão todos em "Machete". E todos entenderam muito bem seus papéis correspondentes: Seagal está simplesmente hilário; Lohan faz referências à sua própria vida pessoal; e De Niro empresta um tom caipira ao senador MacLaughlin, e protagoniza uma das melhores cenas do filme (a sua última, de rachar de rir). Cheech Marin, figura fácil nos filmes do diretor, participa como o Padre, irmão de Machete, e protagoniza a cena da igreja citada acima. Mas o destaque só poderia ser Danny Trejo. O ator praticamente não tem diálogos, e suas falas são sempre curtas e secas; mas o ator, mesmo com mais de 60 anos, é carismático, demonstra vigor em todas as suas seqüências de ação, e ainda tem cenas "quentes" com quase todas as mulheres do filme. Para finalizar, as sempre sensuais Jessica Alba e Michelle Rodriguez coroam um elenco que entrou perfeitamente no espírito do filme.

Em "Machete", portanto, Rodriguez, em co-parceria com Maniquis, parece ter atingido um outro nível enquanto diretor, realizando um de seus melhores filmes. Mesmo detratores do diretor podem reconhecer em "Machete" qualidades outrora ausentes nos trabalhos anteriores de Rodriguez. Além de extremamente divertido, é uma bela homenagem aos filmes B dos anos 1970.

Por Douglas Braga

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