Ryan's Daughter, 1970
Dirigido por David Lean
Roteiro Original de Robert Bolt
Com Sarah Miles, Robert Mitchum, Trevor Howard, John Mills, Leo McKern, Christopher Jones
Dirigido por David Lean
Roteiro Original de Robert Bolt
Com Sarah Miles, Robert Mitchum, Trevor Howard, John Mills, Leo McKern, Christopher Jones
O maior problema de ser gênio é que as pessoas sempre vão esperar o melhor de você. Agora imagine-se na seguinte situação: você já dirigiu três clássicos sensacionais: A Ponte do Rio Kwai, Lawrence da Arábia e Doutor Jivago. O mínimo que vão esperar de alguém como você é que faça algo avassalador. Que trema as bases do cinema. Entretanto, após estes três filmes, você pega e faz este A Filha de Ryan.
O filme conta a história de Rosy (Miles), a filha de Ryan (McKern). Ela é apaixonada pelo seu ex-professor: Charles (Mitchum). Eventualmente eles se casam. Enquanto isso a Irlanda está envolvida na sua guerra por independência da Inglaterra, que, ao mesmo tempo está envolvida na Primeira Guerra Mundial. Quando um oficial da reserva chamado Doryan (Jones) chega na cidadezinha, Rosy imediatamente se apaixona por ele e corre o risco de ser descoberta pelo seu marido, e sofrer a rejeição de toda uma cidade.
O que é mais importante. Imagem ou história? Alguns diretores conseguem conciliar isso de forma perfeita. Stanley Kubrick e seu estilo híbrido, Terrence Malick e suas imagens impressionistas da natureza, que servem como molde para as suas histórias... entretanto David Lean adquiriu uma megalomania que não sabe decidir se impressiona a platéia com belas imagens ou se desenvolve a história e os seus componentes. Aqui ele tomou a decisão errada e decidiu torturar mais um pouco o diretor de fotografia Freddy Young (Lawrence da Arábia, Doutor Jivago), e arrancar belas imagens. Belas, porém vazias. No momento em que Lean adquire esta megalomania, esta obcessão de filmar a imagem perfeita, tudo no filme degringola para o pior.
Se esta fosse a única falha do filme, ah, meu Deus, como seria uma falha fenomenal. Como Hal Hinson diz em sua crítica de Cassino (1995 - Martin Scorsese) "Vê-lo falhando é mais formidável do que ver os outros falhando". Entretanto, vejamos, Lean repete um erro neste filme que quase avacalhou Doutor Jivago: ele não sabe mostrar a guerra que está acontecendo ao redor das personagens como uma moldura. Lean, de forma alguma, não consegue dividir o tempo e a importância das personagens que estão mais envolvidas na guerra do que na vida pessoal de Rosy. Alguns se tornam tão desimportantes e chatos de se ver que quase me fizeram desistir de assistir o filme (e.g. Thomas Ryan, o pai de Rosy).
O festival de falhas desse filme não para por ai. Lean trata com total frieza as personagens principais. Nunca vi atuações tão frias como as de Sarah Miles e Christopher Jones. O roteiro de Robert Bolt (A Missão, O Homem que Não Vendeu Sua Alma) não dá a menor importância aparente para a personagem de Jones. Aliás, seria algo extremamente interessante o roteiro jogar uma luz à mais aqui, pois sabemos que ele tem um passado perturbado e manchado de negro. Felizmente a direção de Lean consegue elevar um pouco mais a importância deste personagem (as cenas de flashback são muito boas).
Apesar de tantas falhas, Lean consegue nos dar alguns prós em sua obra. A cena da ilusão de Charles, tentando recompor os passos que Rosy e Doryan na praia é sensacional. Um belo uso da psicologia na tela. Mesmo tão desinspirado, Lean prova-se um excelente diretor. O mais notável neste filme é uso de metáforas visuais, principalmente nas pós-lua de mel de Rosy e Charles. Observe como a música de Beethoven tocada aqui se torna cada vez mais melancólica, até o momento em que ela para, assim como o amor do casal. Todavia a frieza de Lean torna o andar da carruagem da história horroroso, e o final surpresa que o filme reserva torna-se interessante, mas não surpreendente, por que nós já estamos enfadados de todo aquele blá, blá, blá irlandês. Blá, blá, blá este que se torna ainda mais enfadonho e irritante com uma trilha sonora terrível composta por Maurrice Jarre. Não se deixe enganar com a bela música de abertura. Em momentos onde Lean finalmente consegue estabelecer tensão, Jarre vai lá e bota uma música estranhamente... alege e feliz!
Mais curioso do que tudo, é a indicação de John Mills ao Oscar, e sua eventual vitória. Assim como Sarah Mills (sinceramente, apenas bonitinha, mas ordinária), que também foi indicada.
No mais, vale pelas imagens.
Nota: 3 estrelas em 5
Por Victor Bruno
P.S.: Num certo fórum de cinema que frequento, onde também posto minhas críticas, criou-se uma espécie de complô contra mim, acusando de arrogância, ou que quero ser mais do que sou, na qualidade de crítico. O senhor Allan Danilo começou a criticar qualquer espécie de texto que publico lá, com a justificativa que "enrolo" demais, uso palavras "difíceis" para dar um ar mais "inteligente". Bom, como resposta tenho apenas isso: não escrevo meus textos para você.
O filme conta a história de Rosy (Miles), a filha de Ryan (McKern). Ela é apaixonada pelo seu ex-professor: Charles (Mitchum). Eventualmente eles se casam. Enquanto isso a Irlanda está envolvida na sua guerra por independência da Inglaterra, que, ao mesmo tempo está envolvida na Primeira Guerra Mundial. Quando um oficial da reserva chamado Doryan (Jones) chega na cidadezinha, Rosy imediatamente se apaixona por ele e corre o risco de ser descoberta pelo seu marido, e sofrer a rejeição de toda uma cidade.
O que é mais importante. Imagem ou história? Alguns diretores conseguem conciliar isso de forma perfeita. Stanley Kubrick e seu estilo híbrido, Terrence Malick e suas imagens impressionistas da natureza, que servem como molde para as suas histórias... entretanto David Lean adquiriu uma megalomania que não sabe decidir se impressiona a platéia com belas imagens ou se desenvolve a história e os seus componentes. Aqui ele tomou a decisão errada e decidiu torturar mais um pouco o diretor de fotografia Freddy Young (Lawrence da Arábia, Doutor Jivago), e arrancar belas imagens. Belas, porém vazias. No momento em que Lean adquire esta megalomania, esta obcessão de filmar a imagem perfeita, tudo no filme degringola para o pior.
Se esta fosse a única falha do filme, ah, meu Deus, como seria uma falha fenomenal. Como Hal Hinson diz em sua crítica de Cassino (1995 - Martin Scorsese) "Vê-lo falhando é mais formidável do que ver os outros falhando". Entretanto, vejamos, Lean repete um erro neste filme que quase avacalhou Doutor Jivago: ele não sabe mostrar a guerra que está acontecendo ao redor das personagens como uma moldura. Lean, de forma alguma, não consegue dividir o tempo e a importância das personagens que estão mais envolvidas na guerra do que na vida pessoal de Rosy. Alguns se tornam tão desimportantes e chatos de se ver que quase me fizeram desistir de assistir o filme (e.g. Thomas Ryan, o pai de Rosy).
O festival de falhas desse filme não para por ai. Lean trata com total frieza as personagens principais. Nunca vi atuações tão frias como as de Sarah Miles e Christopher Jones. O roteiro de Robert Bolt (A Missão, O Homem que Não Vendeu Sua Alma) não dá a menor importância aparente para a personagem de Jones. Aliás, seria algo extremamente interessante o roteiro jogar uma luz à mais aqui, pois sabemos que ele tem um passado perturbado e manchado de negro. Felizmente a direção de Lean consegue elevar um pouco mais a importância deste personagem (as cenas de flashback são muito boas).
Apesar de tantas falhas, Lean consegue nos dar alguns prós em sua obra. A cena da ilusão de Charles, tentando recompor os passos que Rosy e Doryan na praia é sensacional. Um belo uso da psicologia na tela. Mesmo tão desinspirado, Lean prova-se um excelente diretor. O mais notável neste filme é uso de metáforas visuais, principalmente nas pós-lua de mel de Rosy e Charles. Observe como a música de Beethoven tocada aqui se torna cada vez mais melancólica, até o momento em que ela para, assim como o amor do casal. Todavia a frieza de Lean torna o andar da carruagem da história horroroso, e o final surpresa que o filme reserva torna-se interessante, mas não surpreendente, por que nós já estamos enfadados de todo aquele blá, blá, blá irlandês. Blá, blá, blá este que se torna ainda mais enfadonho e irritante com uma trilha sonora terrível composta por Maurrice Jarre. Não se deixe enganar com a bela música de abertura. Em momentos onde Lean finalmente consegue estabelecer tensão, Jarre vai lá e bota uma música estranhamente... alege e feliz!
Mais curioso do que tudo, é a indicação de John Mills ao Oscar, e sua eventual vitória. Assim como Sarah Mills (sinceramente, apenas bonitinha, mas ordinária), que também foi indicada.
No mais, vale pelas imagens.
Nota: 3 estrelas em 5
Por Victor Bruno
P.S.: Num certo fórum de cinema que frequento, onde também posto minhas críticas, criou-se uma espécie de complô contra mim, acusando de arrogância, ou que quero ser mais do que sou, na qualidade de crítico. O senhor Allan Danilo começou a criticar qualquer espécie de texto que publico lá, com a justificativa que "enrolo" demais, uso palavras "difíceis" para dar um ar mais "inteligente". Bom, como resposta tenho apenas isso: não escrevo meus textos para você.
2 comentários:
3 estrelas em 5?
só pelas imagens não vou assistir não...
e saia dessa comunidade ae que voce comentou no final.
O filme em si é ruim. Mas faz parte da minha coleção "coloca no mudo e curta o visual".
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