Natural Born Killers, 1994
Dirigido por Oliver Stone
Estória de Quentin Tarantino
Roteiro de Richard Rutowski & David Veloz & Oliver Stone
Com Woody Harrelson, Juliette Lewis, Robert Downey Jr., Tom Sizemore, Tommy Lee Jones
Dirigido por Oliver Stone
Estória de Quentin Tarantino
Roteiro de Richard Rutowski & David Veloz & Oliver Stone
Com Woody Harrelson, Juliette Lewis, Robert Downey Jr., Tom Sizemore, Tommy Lee Jones
Síndrome de Bernardo Bertolucci. Só se for isso mesmo. Esta é a única explicação para este filme. O que é Assassinos por Natureza? A intenção de Stone era, aparentemente, fazer uma crítica a alienação, influência da mídia e a glorificação da violência nos Estados Unidos. Me parece um tanto hipócrita da parte de Stone fazer um filme dessa maneira, sendo que ele escreveu o violentíssimo Scarface (Brian De Palma, 1983). Todavia, qualquer um com o mínimo de conhecimento da história de Stone sabe que ele tem uma ânsia descontrolada de criticar os EUA. E de ser polêmico. Aliás, este é o significado do termo Síndrome de Bertolucci: querer ser polêmico a qualquer custo.
Mickey e Mallory Knox (Harrelson e Lewis, respectivamente) são dois assassinos psicóticos. Eles estão fazendo uma série de assassinatos pela Rota 666. O egomaníaco repórter Wayne Gale (Downey Jr.), apresentador do popular programa Maníacos Americanos, que mostra assassinos bárbaros (por que eu disse isso? O título é auto-explicativo), resolve glorifica-los, afinal, tragédia sempre trás grandes audiências, fama, fortuna, etc. Nós vemos os crimes bárbaros que eles cometem -- assassinam os pais, pessoas inocentes, policiais -- e a tentativa desesperada de usar Mickey e Mallory como trampolim para a fama, e como o povo alienado morde a isca da história.
A trama é interessante. Stone poderia ter usado isso para fazer o filme da sua vida. Uma obra profunda e reflexiva, que poderia fazer o público pensar, refletir. "Espera, é exatamente isso o que fazemos!" Poderia. Mas não faz. Ao contrário, Stone consegue deixar o público com dor de cabeça. Qual, sinceramente, meu Deus, a necessidade de mais de 3.000 cortes num filme de pouco mais de uma hora e meia? Nenhuma.
Felizmente o filme é salvo por Woody Harrelson (Na Trilha do Sol, O Povo Contra Larry Flynt). Poucas vezes podemos ver um ator encarnar com tamanha competência um personagem como Harrelson faz neste filme. Bom, o fato é que ele é talentoso, isso é inegavel, e as melhores falas do roteiro de David Veloz, Richard Rutowski e do próprio Oliver Stone estão com ele. Harrelson nos mostra em seu Mickey Knox uma pessoa desprovida de qualquer sanidade mental, sem o mínimo de escrúpulos, cínica e arrogante. "Sou um mensageiro", ele diz.
Juliette Lewis (que em alguns momentos me lembrou a Brooke Shileds) e Robert Downey Jr. não estão ruins. Apenas não chegam aos pés da interpretação de Harrelson, mas tudo bem. Na verdade, Lewis interpreta um papel de média importância. Eu não diria inexpressivo. Isto fica para Tommy Lee Jones. Eu diria que ele só é importante na última cena da rebelião. Mas o que ele faz lá poderia ter sido feito por qualquer outro.
Stone, apesar dos seus 3.000 cortes é capaz de chocar o espectador, sem dúvidas. Ele prova-se um bom diretor aqui. Na verdade... ele não é um mal diretor. Apenas o seu exagero me deixa com raiva. Eu não quero nem pensar no trabalho que Brian Berdan e Hank Cowin tiveram para fazer as vontades de Oliver. Mesclar animação, comerciais de TV, Super 8 e uma outra infinidade de mídias para fazer a mensagem do diretor ser compreendida (embora fique incompreendida pelo estilo incompreensível do incompreensível Oliver Stone) deve ter sido duro.
E se a edição já torna o filme meio intragável, adcione a isso uma fotografia lisérgica como a de Robert Richardson (Cassino, O Aviador). Hand-held, takes livres de steadicam, ângulos holandeses (ou se você preferir, tortos), cores vibrantes, escandalosas, berrantes. Na antepenúltima colaboração de Richardson com Stone, o visual adotado pelos dois não poderia ser mais escandaloso. (Isso só piorou em Nixon, no ano seguinte). Se no início isso prova-se brilhante, e convidativo, com o passar do tempo o estilo se torna chato e enfadonho.
Pelo menos existe algo de interessante fora a atuação de Woody Harrelson. O rear projection adotado por Stone. Sem contar que... que... não. Só isso mesmo.
Enfim. O intúito de Stone era dar um chute nos Estados Unidos. Mais um, na verdade. No final o filme prova-se um chute no nosso cérebro. Não como em Laranja Mecânica. É um chute que mostra o descontrole de um diretor. Perturbador, mas chato.
Nota: 2 estrelas em 5
Por Victor Bruno
Mickey e Mallory Knox (Harrelson e Lewis, respectivamente) são dois assassinos psicóticos. Eles estão fazendo uma série de assassinatos pela Rota 666. O egomaníaco repórter Wayne Gale (Downey Jr.), apresentador do popular programa Maníacos Americanos, que mostra assassinos bárbaros (por que eu disse isso? O título é auto-explicativo), resolve glorifica-los, afinal, tragédia sempre trás grandes audiências, fama, fortuna, etc. Nós vemos os crimes bárbaros que eles cometem -- assassinam os pais, pessoas inocentes, policiais -- e a tentativa desesperada de usar Mickey e Mallory como trampolim para a fama, e como o povo alienado morde a isca da história.
A trama é interessante. Stone poderia ter usado isso para fazer o filme da sua vida. Uma obra profunda e reflexiva, que poderia fazer o público pensar, refletir. "Espera, é exatamente isso o que fazemos!" Poderia. Mas não faz. Ao contrário, Stone consegue deixar o público com dor de cabeça. Qual, sinceramente, meu Deus, a necessidade de mais de 3.000 cortes num filme de pouco mais de uma hora e meia? Nenhuma.
Felizmente o filme é salvo por Woody Harrelson (Na Trilha do Sol, O Povo Contra Larry Flynt). Poucas vezes podemos ver um ator encarnar com tamanha competência um personagem como Harrelson faz neste filme. Bom, o fato é que ele é talentoso, isso é inegavel, e as melhores falas do roteiro de David Veloz, Richard Rutowski e do próprio Oliver Stone estão com ele. Harrelson nos mostra em seu Mickey Knox uma pessoa desprovida de qualquer sanidade mental, sem o mínimo de escrúpulos, cínica e arrogante. "Sou um mensageiro", ele diz.
Juliette Lewis (que em alguns momentos me lembrou a Brooke Shileds) e Robert Downey Jr. não estão ruins. Apenas não chegam aos pés da interpretação de Harrelson, mas tudo bem. Na verdade, Lewis interpreta um papel de média importância. Eu não diria inexpressivo. Isto fica para Tommy Lee Jones. Eu diria que ele só é importante na última cena da rebelião. Mas o que ele faz lá poderia ter sido feito por qualquer outro.
Stone, apesar dos seus 3.000 cortes é capaz de chocar o espectador, sem dúvidas. Ele prova-se um bom diretor aqui. Na verdade... ele não é um mal diretor. Apenas o seu exagero me deixa com raiva. Eu não quero nem pensar no trabalho que Brian Berdan e Hank Cowin tiveram para fazer as vontades de Oliver. Mesclar animação, comerciais de TV, Super 8 e uma outra infinidade de mídias para fazer a mensagem do diretor ser compreendida (embora fique incompreendida pelo estilo incompreensível do incompreensível Oliver Stone) deve ter sido duro.
E se a edição já torna o filme meio intragável, adcione a isso uma fotografia lisérgica como a de Robert Richardson (Cassino, O Aviador). Hand-held, takes livres de steadicam, ângulos holandeses (ou se você preferir, tortos), cores vibrantes, escandalosas, berrantes. Na antepenúltima colaboração de Richardson com Stone, o visual adotado pelos dois não poderia ser mais escandaloso. (Isso só piorou em Nixon, no ano seguinte). Se no início isso prova-se brilhante, e convidativo, com o passar do tempo o estilo se torna chato e enfadonho.
Pelo menos existe algo de interessante fora a atuação de Woody Harrelson. O rear projection adotado por Stone. Sem contar que... que... não. Só isso mesmo.
Enfim. O intúito de Stone era dar um chute nos Estados Unidos. Mais um, na verdade. No final o filme prova-se um chute no nosso cérebro. Não como em Laranja Mecânica. É um chute que mostra o descontrole de um diretor. Perturbador, mas chato.
Nota: 2 estrelas em 5
Por Victor Bruno
1 comentários:
BObão, bobão, bobão.
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