domingo, 5 de setembro de 2010

Toy Story 2

Toy Story 2
Toy Story 2, 1999
Dirigido por John Lasseter
Co-dirigido por Ash Brannon, Lee Unkrich
Estoria de John Lasseter & Peter Docter & Ash Brannon e Andrew Stanton
Roteiro de Andrew Stanton & Rita Hsiao & Doug Chaberlin e Chris Webb
Com Tom Hanks, Tim Allen, Joan Cusak, Kelsey Grammer, Don Rickles, Jim Varney, Wallace Shawn, John Morris, Wayne Knight

Após assistir um filme como Toy Story 2 você fica se perguntando como um filme feito para crianças, sem nem ter como público alvo os adultos, sem uma cena de violência física ou algo do tipo, pode ser tão profundo e sincero em sua composição. Chega a ser absurdo alguns filmes, como Além da Linha Vermelha ou Boogie Nights precisarem de violência e sexo para falarem dos altos e baixos do homem e sua relação com as outras pessoas, e uma animação como Toy Story não precisar nem mesmo de seres humanos para fazerem movimentos (Mary & Max é uma animação com este objetivo, mas não é direcionada para crianças).

Toy Story é um filme que consegue transpor seus objetivos e tocar o espectador com doçura inigualável, fazê-lo rir e chorar com a simplicidade das suas ações e cumprir seu principal objetivo -- fazer as pessoas se entreterem -- com êxito. Talvez não seja exagero chamar este filme de o Os Incompreendidos da animação gráfica. Valores como respeito, inocência e amizade são uma constante nesta maravilhosa produção.


O menino Andy (Morris) está brincando com o boneco cowboy Woody (Hanks) pouco antes de partir para seu acampamento de férias. Acidentalmente o braço sofre um rasgo e Andy resolve não leva-lo. Woody fica entristecido, pois está percebendo que Andy parece não gostar mais dele. Ao ver seu amigo boneco Wheezy ser levado para uma venda de garagem, Woody resolve salva-lo, mas acaba sendo sequestrado por Al (Knight), um colecionador obcecado. Em sua casa ele descobre que é um ex-astro de um popular show infantil e que será vendido para um museu no Japão, junto com outros dois integrantes do seu programa, a cowgirl Jessie (Cusack) e Mineiro (Grammer). Enquanto isso Buzz Lightyear (Allen) monta um grupo para resgatar Woody.

O filme reserva momentos incrívelmente tocantes. Como não chorar (ou ao menos se comover) quando Jessie conta (aliás, canta) a história de como foi deixada de lado pela sua antiga dona, vendo a vida passar de baixo da cama, em meio a poeira? Lentamente sua dona deixa de lado os pôsteres de Jessie por fotos de bandas e troca suas amiguinhas por namorados. Aliás, rejeição é um tema constante em toda trilogia Toy Story. Se no primeiro filme tinhamos o medo de Woody ser trocado por Lightyear, agora ficamos sabendo o que acontece quando alguém é rejeitado.

Um dos aspectos mais interessantes deste filme é que podemos abrir algumas interpretações. Temos uma visão dos bonecos sobre Andy. Para eles, Andy é um deus. Eles devem estar de prontidão, 24 horas por dia para quando Andy quiser brincar. A vida dos bonecos é para Andy, e se desesperam quando sabem que, em algum momento, perderá o interesse neles. Esse desespero é claro quando o Mineiro (que se revela tão maquiavélico quanto Max Cady em Cabo do Medo) diz para Woody "Você acha que o Andy brincará com você a vida inteira? Você acha que ele lhe levará para a lua-de-mel?"


Entretanto, por mais que o filme tenha prós, algumas coisas ficam a desejar, como por exemplo, o vilão Zurg (Andrew Stanton) parece ter vindo para o filme apenas para fazer uma referência à Star Wars ("Não, Buzz, eu sou seu pai"), ou mesmo a personagem Beth (Annie Potts), que se tiver falado mais de uma frase no filme inteiro falou muito (felizmente no terceiro filme ela foi cortada permanentemente).

Falando em referências, o filme tem um festival. Logo na primeira cena temos uma clara referência à 2001: Uma Odisséia no Espaço, com um take de dentro do capacete de Buzz, enquanto ele respira ofegante, emulando a "cena do quarto", no final do filme de Kubrick. E por aí vai. Referências à Star Wars, Robin Hood, etc. Se você gosta de cinema, vai adorar ver estes clássicos sendo homenageados num filme tão bom.

Além da sua história e filosofia fantástica, podemos ver aqui um cuidado e carinho excepcional que a equipe da Pixar teve com o filme. Podemos ver as partículas de queijo que se soltaram do salgadinho que Al comeu, as linhas de costura do carpete da casa de Andy, as cavidades da barba do vilão, os pelinhos do nariz de Geri, o homem que restaura Woody (se você tiver o VHS de Vida de Insetos poderá vê-lo em um curta metragem que vem em brinde. O curta se chama O Jogo de Geri (Gari's Game)). O amor que a Pixar deu à produção deste filme é digno de nota. Amor este que pode vir de qualquer lugar, mesmo que seja de bonecos inanimados.

Nota: 4 estrelas em 5

Por Victor Bruno

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