sábado, 18 de setembro de 2010

Lolita

Lolita
Lolita, 1962
Dirigido por Stanley Kubrick
Roteiro de Vladimir Nabokov (baseado no romance de Vladimir Nabokov) (e Stanley Kubrick, não creditado)
Com James Mason, Peter Sellers, Shelley Winters, Sue Lyon

Stanley Kubrick é, sem dúvidas, um dos diretores mais cultuados de todos os tempos. Filmes como "Laranja Mecânica" e "2001: uma Odisséia no Espaço" geraram milhares de fãs, embora exista um número razoável de pessoas que consideram sua obra super-valorizada, opinião esta na qual não me enquadro. E, dentre as diversas obras-primas do diretor, está "Lolita", de 1962.

Lolita é adaptado do famoso livro homônimo de Vladimir Nabokov, que também escreveu o roteiro do filme. E aqui, devo dizer que não li o romance original, portanto não posso tecer comparações. O enredo do filme pode ser resumido da seguinte forma: o professor e escritor britânico Humbert Humbert (James Mason) que decide viver nos EUA, aluga um quarto na reidência aonde vive Lolita (Sue Lyon), uma jovem que emana sexualidade, e pela qual o professor desenvolve uma espécie de paixão obsessiva. Lá vive também Charlotte Haze (Shelley Winters), a mãe de Lolita, uma viúva carente e, de certa forma, amargurada.

O filme é quase impecável desde a instigante seqüência inicial, em que somos apresentados a Clare Quilty (Peter Sellers), personagem cujas implicações na trama só conhecemos posteriormente. Daí em diante, somos levados a um desenrolar de acontecimentos que desembocam novamente nesta cena inicial. O roteiro é absolutamente coeso, apresentado um bom desenvolvimento dos 4 personagens principais citados acima, sendo pontuado por excelentes diálogos. À medida em que as relações entre o professor e Lolita se intensificam, envolvendo inclusive sua mãe, a dramaticidade cresce, com uma pitada de humor negro delicioso em algumas cenas.

Em nehum momento, Kubrick mostra explicitamente a que nível chegaram as relações entre Humbert e Lolita (o que ainda hoje é muito criticado por alguns "especialistas"), mas tudo fica de forma subentendida (em muitas falas, os personagens esclarecem a "ação" que eles realizaram, mesmo sem esta ter sido mostrada). A habilidade do diretor fica explícita em momentos memoráveis, como a já citada cena inicial; toda a seqüência de diálogos entre o professor e a Sra. Haze, quando esta descobre a verdadeira intenção dele com Lolita; e o diálogo entre o professor e o sr. Quilty disfarçado (não vou entrar em detalhes para não estragar surpresas).

Em meio às conturbadas relações entre os personagens, o elenco se sai muito bem. James Mason segura a carga dramática exigida de seu personagem, e se sobressai em todas as cenas em que dialoga com Sue Lyon, que está bem como a ninfeta, mas nada demais. Mas os destaques vão para os outros dois atores: Shelley Winters apresenta uma atuação impecável, e não há como não se encantar pelo trabalho desta garnde atriz; e Peter Sellers, que não aparece muito, mas seu personagem se mostra fundamental à trama. Posteriormente, Sellers trabalhou novamente com Kubrick na obra-prima Doutor Fantástico (meu filme favorito do diretor).

Em aspectos técnicos, o filme também é impecável. A trilha sonora fantástica, entrando nos momentos certos, sem exagero (aliás, as trilhas dos filmes de Kubrick sempre foram um destaque a parte). A tão criticada montagem, a meu ver, é muito boa: em 152 minutos de duração, o filme não se mostra cansativo. A medida que as relações se intensificam, o espectador se vê "grudado" diante da tela, e o filme acaba fluindo bem.

Enfim, Lolita pode ser considerada mais uma grande obra de Stanley Kubrick, embora seus filmes mais considerados pelos críticos e pelo público em geral tenham vindo depois deste. . Um filme ainda instigante, bem construído, extremamente bem interpretado e conduzido por um dos maiores gênios do cinema de todos os tempos.
Nota: 4 estrelas em 5

Por Douglas Braga

1 comentários:

baixando!!! de antemão posso dizer que os russos são os filas da puta.. é eisentein, é gogol, é dostoievski, é tolstoi

nabokov + kubrick!?! genial!

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