Donnie Brasco
Donnie Brasco, 1997
Dirigido por Mike Newell
Roteiro de Paul Attanasion (baseado no livro de Joseph D. Pistone e Richard Woodley)
Com Al Pacino, Johnny Depp, Michael Madsen, Anne Heche, Bruno Kirby, James Russo
Donnie Brasco, 1997
Dirigido por Mike Newell
Roteiro de Paul Attanasion (baseado no livro de Joseph D. Pistone e Richard Woodley)
Com Al Pacino, Johnny Depp, Michael Madsen, Anne Heche, Bruno Kirby, James Russo
Desde que Os Bons Companheiros (Martin Scorsese, 1990) foi lançado, ficou mais difícil de se tratar do tema "máfia" de um modo original e convincente. Depois deste filme, todos os outros parecem meras cópias do brilhante filme de Martin Scorsese. A violência que acontece lá dentro nunca foi retratada de maneira tão convincente, e o poder mafioso nunca foi tão bem destrinchado e exposto em celulóide.
É óbvio que nem todos os outros filmes lançados pós-Goodfellas são somente cópias deste primeiro, mas falar de máfia ficou... "desoriginal". Alguns filmes pós-Goodfellas são apenas filhotes cujo diretores fizeram bem a lição de casa e aprenderam as técnicas de se contar uma boa história de máfia. Felizmente este "Donnie Brasco" está entre eles.
Na década de 70 o policial Joseph "Joe" D. Pistone, sob o codinome de Donnie Brasco (Johnny Depp), se infiltrou na máfia novaiorquina. Ele conhece o mafioso fracassado Lefty (Al Pacino, excelente), que se interessa por ele e o introduz aos outros mafiosos, como Sonny Black (Michael Madsen), Nicky (Bruno Kirby), Paulie (James Russo). Pouco a pouco Donnie vai ganhando a confiança de todos, pelo seu jeito boa praça e sua lealdade, até que finalmente vira uma espécie de filho-que-o-pai-não-teve para Lefty. A partir de então, assim como Goodfellas, o filme acompanha a trajetória deste policial infiltrado.
Ao contrário do seu "progenitor", "Donnie Brasco" não dá ênfase nos altos e baixos que os mafiosos (no caso de Goodfellas é o mafioso) têm em sua carreira. "Donnie Brasco" tenta (ênfase em "tenta") dar uma abordagem na psicologia da sua personagem principal, em seus transtornos emocionais e, principalmente nas suas relações, destacando-se a com Lefty. Filme realmente anseia por mostrar esta relação. Aliás, arrisco-me a dizer ainda que a personagem Donnie Brasco é uma ponte para mostrar o fracasso que é a vida de Lefty.
Mesmo que não seja isso, o filme conta com uma interpretação excelente de Al Pacino. Interpretação esta que está em harmonia com o resto do elenco. Pacino, que sabe muito bem interpretar um mafioso (Michael Corleone, alguém?) faz o exato inverso de uma personagem como Tony Manero, de Scarface. Se no filme de Brian De Palma a personagem que o ator de Serpico era alguém poderoso, que se vestia bem, neste filme de Mike Newell o homem é um desastre. Usa costeletas, ternos surrados... enfim, mas mesmo assim ainda é um sujeito que se possa confiar.
Johnny Depp faz uma interpretação segura e madura como o policial Joseph Pistone (que realmente existiu e passou quase cinco anos infiltrado na máfia novaiorquina. É interessante notar que o filme termina exatamente do mesmo jeito que começou: com um close nos olhos de Joseph. Entretanto há uma ponte enorme ligando estes dois extremos. No decorrer desta ponte, Pistone/Brasco enfrenta uma enorme transformação. Observe que a medida que o tempo passa seus olhos ficam cada vez mais cansados, ele quase perde a sanidade e a confiança da sua própria família. Uma ótima interpretação que infelizmente, assim como a de Al Pacino, não teve o devido reconhecimento da Academia. Assim como Depp, Donnie Darko -- digo, Brasco tem ótimas interpretações dos coadjuvantes, como Michael Madsen, Bruno Kirby e James Russo (com uma cara de mal terrível...). Infelizmente Anne Heche não está eficiente como o resto do elenco, mas não estraga com tudo. Ela está "invisível".
Mike Newell mostra uma interpretação eficiente. Não é uma maravilha, mas é bem eficiente. No início do filme o diretor não sabe se vai fazer um filme ao estilo tarantinesco (diálogos irrevelantes) ou se segue o que o filme pede. Felizmente o diretor caminha pela segunda opção. Claro que a culpa disso não é totalmente de Newell. O roteirista Paul Attanasio tem culpa no cartório. No início o roteirista aposta em diálogos tarantinescos e vê que isso não dá certo. Depois aposta em cenas rápidas, que funcionam, mas vão exageradamente rápidas, confundindo o espectador. Finalmente ele se acerta, com 30 minutos de filme. Um pecado grave. A sonoplastia do filme também não é muito eficiente (o som dos disparos das armas são totalmente falsos).
Falando em disparos, é interessante notar que o filme só tem um tiroteio, e nem tiroteio é. É uma chacina. O filme que vinha se mantendo tão bem peca de novo por fazer mortes exageradamente gráficas e toscas (uma das vítimas caminha pelo porão onde a chacina é realizada caminha berrando e gritando como um zumbi de A Morte do Demônio).
Enfim, Donnie Brasco se mostra um bom exemplar de filme de máfia, ainda que não chegue perto do talento de um filme como Cassino ou Os Bons Companheiros. É um exemplo bem didático da força da máfia e do poder da amizade nas horas difíceis. E o emblemático olhar final de Johnny Depp é a cereja do bolo.
Nota: 3 estrelas em 5
Por Victor Bruno
É óbvio que nem todos os outros filmes lançados pós-Goodfellas são somente cópias deste primeiro, mas falar de máfia ficou... "desoriginal". Alguns filmes pós-Goodfellas são apenas filhotes cujo diretores fizeram bem a lição de casa e aprenderam as técnicas de se contar uma boa história de máfia. Felizmente este "Donnie Brasco" está entre eles.
Na década de 70 o policial Joseph "Joe" D. Pistone, sob o codinome de Donnie Brasco (Johnny Depp), se infiltrou na máfia novaiorquina. Ele conhece o mafioso fracassado Lefty (Al Pacino, excelente), que se interessa por ele e o introduz aos outros mafiosos, como Sonny Black (Michael Madsen), Nicky (Bruno Kirby), Paulie (James Russo). Pouco a pouco Donnie vai ganhando a confiança de todos, pelo seu jeito boa praça e sua lealdade, até que finalmente vira uma espécie de filho-que-o-pai-não-teve para Lefty. A partir de então, assim como Goodfellas, o filme acompanha a trajetória deste policial infiltrado.
Ao contrário do seu "progenitor", "Donnie Brasco" não dá ênfase nos altos e baixos que os mafiosos (no caso de Goodfellas é o mafioso) têm em sua carreira. "Donnie Brasco" tenta (ênfase em "tenta") dar uma abordagem na psicologia da sua personagem principal, em seus transtornos emocionais e, principalmente nas suas relações, destacando-se a com Lefty. Filme realmente anseia por mostrar esta relação. Aliás, arrisco-me a dizer ainda que a personagem Donnie Brasco é uma ponte para mostrar o fracasso que é a vida de Lefty.
Mesmo que não seja isso, o filme conta com uma interpretação excelente de Al Pacino. Interpretação esta que está em harmonia com o resto do elenco. Pacino, que sabe muito bem interpretar um mafioso (Michael Corleone, alguém?) faz o exato inverso de uma personagem como Tony Manero, de Scarface. Se no filme de Brian De Palma a personagem que o ator de Serpico era alguém poderoso, que se vestia bem, neste filme de Mike Newell o homem é um desastre. Usa costeletas, ternos surrados... enfim, mas mesmo assim ainda é um sujeito que se possa confiar.
Johnny Depp faz uma interpretação segura e madura como o policial Joseph Pistone (que realmente existiu e passou quase cinco anos infiltrado na máfia novaiorquina. É interessante notar que o filme termina exatamente do mesmo jeito que começou: com um close nos olhos de Joseph. Entretanto há uma ponte enorme ligando estes dois extremos. No decorrer desta ponte, Pistone/Brasco enfrenta uma enorme transformação. Observe que a medida que o tempo passa seus olhos ficam cada vez mais cansados, ele quase perde a sanidade e a confiança da sua própria família. Uma ótima interpretação que infelizmente, assim como a de Al Pacino, não teve o devido reconhecimento da Academia. Assim como Depp, Donnie Darko -- digo, Brasco tem ótimas interpretações dos coadjuvantes, como Michael Madsen, Bruno Kirby e James Russo (com uma cara de mal terrível...). Infelizmente Anne Heche não está eficiente como o resto do elenco, mas não estraga com tudo. Ela está "invisível".
Mike Newell mostra uma interpretação eficiente. Não é uma maravilha, mas é bem eficiente. No início do filme o diretor não sabe se vai fazer um filme ao estilo tarantinesco (diálogos irrevelantes) ou se segue o que o filme pede. Felizmente o diretor caminha pela segunda opção. Claro que a culpa disso não é totalmente de Newell. O roteirista Paul Attanasio tem culpa no cartório. No início o roteirista aposta em diálogos tarantinescos e vê que isso não dá certo. Depois aposta em cenas rápidas, que funcionam, mas vão exageradamente rápidas, confundindo o espectador. Finalmente ele se acerta, com 30 minutos de filme. Um pecado grave. A sonoplastia do filme também não é muito eficiente (o som dos disparos das armas são totalmente falsos).
Falando em disparos, é interessante notar que o filme só tem um tiroteio, e nem tiroteio é. É uma chacina. O filme que vinha se mantendo tão bem peca de novo por fazer mortes exageradamente gráficas e toscas (uma das vítimas caminha pelo porão onde a chacina é realizada caminha berrando e gritando como um zumbi de A Morte do Demônio).
Enfim, Donnie Brasco se mostra um bom exemplar de filme de máfia, ainda que não chegue perto do talento de um filme como Cassino ou Os Bons Companheiros. É um exemplo bem didático da força da máfia e do poder da amizade nas horas difíceis. E o emblemático olhar final de Johnny Depp é a cereja do bolo.
Nota: 3 estrelas em 5
Por Victor Bruno
1 comentários:
É um filme muito bom que conta o genêro Máfia de forma diferente dos outros filmes. Jonny Depp e Al espetaculares.
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