segunda-feira, 19 de abril de 2010

Fim dos Tempos

Prólogo:
Não gosto de comentar sobre filmes que vi na TV (ou, no meu caso, TV a cabo) pois tenho medo de ter perdido algo, devido aos cortes que eles sofrem. Não sei se na TV a cabo é assim também. Mesmo assim, sinto que preciso falar desta obra. Shyamalan é um cineasta incompreendido, e creio que ele precisa de defesa. Por isso me lancei nesta empreitada. Eis a crítica.


Fim dos Tempos
(The Happening, 2008)
Dirigido por M. Night Shyamalan
Escrito por M. Night Shyamalan
Com Mark Wahlberg, Zooey Deschanel, Frank Leguizamo

Não acho M. Night Shyamalan (O Sexto Sentido, Corpo Fechado) um cineasta ruim. De forma nenhuma, e arrisco que, como diretor, ele é um dos melhores da última década. O problema dele é como roteirista. Não que ele seja ruim, mas deixa a desejar em alguns pontos. Nada melhor do que fazer um julgamento agora, às vésperas do lançamento do seu novo filme O Último Mestre do Ar, baseado na série animada Avatar: O Último Mestre do Ar.

Certo dia, um estranho evento acontece em Nova York: operários de uma construção começam a se jogar do alto da constração, num suicídio coletivo. Esta cena, por sinal é uma das mais chocantes, visualmente belas e bem dirigidas dos últimos tempos. Logo o suicídio coletivo se espalha por outras áreas da região metropolitana de Nova York. Sendo assim, a cidade é evacuada. As autoridades temem que seja um ataque terrorista, mas o problema é que os suicídios não ficam restritos somente em Nova York, e se espalha a outros estados do Nordeste dos EUA. O professor Eliott Moore (Wahlberg) logo recebe a mensagem que as aulas estão suspensas. Ele rapidamente chega em casa onde sua esposa Alma (Deschanel, incrivelmente bela) o espera para partir em fuga para a cidade de Filadélfia. Eles irão de trem. Na estação o melhor amigo de Eliott e sua filha esparam por eles. Assim eles vão de trem. Daí para frente as coisas degringolam.


O fato é que Shyamalan teve o mesmo destino de Francis Ford Coppola (Apocalípse Now, Drácula de Bram Stocker): todo mundo espera um novo O Sexto Sentido por parte de Shyamalan, assim como todos esperam um novo O Poderoso Chefão por parte de Coppola. Isso nunca irá acontecer. Mas... por que ficar olhando para o passado quando Shyamalan está aí com bons filmes. Claro que não tão bons quanto o filme estrelado por Bruce Willis e Halley Joel Osment, mas mesmo assim têm seu valor artístico e intelectual. Corpo Fechado fala do ser que não é perfeito, Sinais fala do passado não perfeito, A Vila fala de uma comunidade que não pode ser perfeita. (Não posso falar de A Dama na Água por que ainda não o vi.) Parece até que só eu consigo ver isso! Shyamalan não é um diretor de blockbusters (mesmo que seus filmes terminem com essa tachação).

Shyamalan não construiu um filme filosófico ou reflexivo como os anteriores. Ele construiu um filme B. E sendo assim, vou trata-lo desse jeito. Whalberg faz um papel eficiente, morno, assim como todos os outros aqui. Zooey Deschanel (repito, ela é linda!) faz um papel fraco, mas que se encaixa no filme. Talvez suas caras e bocas tenham me incomodado um pouco durante a projeção. Se eu posso reclamar de alguém eu faço isso com a filha do casal protagonista, Ashlyn Sanchez. Um papel completamente dispensável. Parece até que foi por obrigação, como os finais surpreendentes que ele é obrigado a por (e ao contrário do que dizem, a mim o final foi "surpreendente").



Shyamalan é um artista, disso não há dúvida. Aqui não é diferente. Todas as cenas dos suicídios, por mais bizarro que sejam, são plasticamente belas e perturbadoras (a cena, gravada por um celular, que mostra um homem se matando deixando que leões comam seus membros me assombra até agora).

O roteiro cumpre sua função de filme B, mas analisando como um roteirista, é um ruim. Comparando com os outros roteiros do próprio M. Night (e eu sei que fazer isso é uma idiotice) o filme não tem toda aquela pegada, e o desenvolvimnnto das personagens não é tão bom como o de Malcolm Crowe, David Dunn ou o de Grahan Hess.

O filme conta ainda com uma bela fotografia de Tak Fujimoto e uma excelente trilha sonora do magnifico Thomas Newton Howard (que colaborou em todos os filmes de Shyamalan).

Isso é o que eu acho sobre Fim dos Tempos, um filme para se sentar e se divertir, mas ninguém me tira da cabeça que se o filme fosse feito por qualquer outro cineasta com certeza a crítica que massacra o pobre M. Night chamaria isto de um grande filme.

Nota: 2 estrelas em 5

Por Victor Bruno

4 comentários:

diretores bons das últimas décadas?

o christopher nolan dá uma banho no Shyamalan né não?

e o takshi kitano?

Eu falei da última década.

Bom, eu pelo menos acho isso. Sendo os filmes dele uma merda ou não, eu acho que ele se sai muito bem como diretor. E também não discordo da qualidade do Nolan como cineasta.

Nunca vi nada do Kitano.

Takeshi Kitano!! você precisa ver rapaz!!

Shyamalan ainda se sai muito bem mesmo como diretor, o problema são seus roteiros, que tem se tornado muito pobres. Mas Fim dos Tempos é bom.

http://cinelupinha.blogspot.com/

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