segunda-feira, 3 de maio de 2010

O Amor Custa Caro


O Amor Custa Caro
Intolerable Cruelty, 2003
Dirigido por Joel Coen e Ethan Coen (não creditado)
Estória de Robert Ramsey & Matthew Stone e John Romano
Roteiro de Robert Ramsey & Matthew Stone e Ethan Coen & Joel Coen
Com George Clooney, Catherine Zeta-Jones, Paul Adelstein, Edward Herrman, Billy Bob Thorton

Todo cinéfilo sabe que os Coen são os cineastas do imprevisível dentro do previsível e do cliché. Um exemplo bem claro é aquele relacionamento mais que cliché que Barton Fink tem com a secretária do escritor W.P. Mayhew em Barton Fink - Delírios de Hollywood. Eles conseguem transformar histórias batidas em algo novo e inteligente.

Eu não imaginava os Coen escreverem e dirigirem um filme tão hollywoodiano como este O Amor Custa Caro por alguns motivos bem simples:

  1. É um filme altamente hollywoodiano.
  2. Foge a todos os filmes da dupla até hoje.
Eu acreditava que essa seria a prova de fogo dos cineastas. Seriam os Coen, os famosos Joel Coen e Ethan Coen (Matadores de Velhinhas, Fargo) fazer (mais) uma cmédia estúpida de Hollywood em uma obra inteligente e original?

O filme tem uma premissa simples: Miles Massey (Clooney) é um poderoso advogado matrimonial, presidente da NOMAN (a associação dos advogados da categoria), conhecido por ser um homem provocador de "amargos divórcios e altas recompensas". Ele está no caso de Rex Rexroth (Herrman), que está se separando de Marylin Rexroth (Zeta-Jones), uma mulher que não mede esforços para raspar o máximo dos seus ex-maridos. Acontece que Massey se apaixona por Marylin, e, sendo eles como são, isso pode os colocar em risco.

Eu particularmente acho que Miles e Marylin fazem exatamente a mesma coisa. A única coisa que os separa é um diploma na parede. De certo modo, os dois passam por uma crise existencial. Essa certa profundidade (mesmo que quase invisivel) só seria possível com a cabeça dos Coen em funcionamento. Além do mais, duvido muito as incontáveis reviravoltas da trama estariam no script sem os irmãos roteirizando.

O papel de Miles parece ter sido escrito sob medida para GeorgeClooney (E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?, Confissões de Uma Mente Perigosa). Catherine Zeta-Jones (da trilogia Zorro) funciona muito bem. Em certos momentos do filme sua cara de desprezo completo funciona bem em seu papel. Paul Adelstein sem dúvida faz um excelente Wrigley.

Como disse sabiamente Richard Corliss, há uma anomalia aqui, é um filme sobre gente inteligente! Ou seja, não há, em momento algum, piadas com gente nua ou flatulência, como hoje as comédias vêem como a única saída para serem engraçadas, e elas não chegam nem perto de ser. Aliás, uma das cenas mais engraçadas do filme se passa num tribunal e o hilário Heinz, o Barão Kauss von Espy (Jonathan Hadary, excepcional).

O erro do filme é "começar" muito tarde, faltando apenas 40 minutos para acabar, tornando assim o filme mais longo do que deveria ser, mesmo começando a degringolar tão tarde, o filme reserva muitas surpresas e situações imprevisíveis (ou como gosto de chamar, "situações coenianas").

Enfim, parece que os Coen se voltaram para quem só quer relaxar. Deixem Fargo para lá por um momento.

Nota: 3 estrelas em 5

Por Victor Bruno

1 comentários:

aquelas cenas quando ele encontra com o cara lá, o velho advogado lá que mal consegue falar.. no serious man, tem algo similar que é o ancião judeu lá..

e o que poderíamos dizer dos significados dos sonhos nos filmes dos coen... poha é genial o uso dos sonhos que eles fazem

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