quarta-feira, 26 de maio de 2010

Mas o que há conosco?

Eu escrevo este artigo dedicando uma homenagem a minha amiga Helena Bebiano. A postagem dela, mostrando um artigo escrito por Luiz Felipe Pondré no orkut me deu a coragem que faltava para escrever esse texto.

O artigo de Pondré diz que futuramente Glauber Rocha será a lata de lixo do cinema nacional, mas isso, claro, se nossos futuros cineastas mudarem o pensamento. O problema (agora é Victor quem fala) é que só existem dois tipos de filmes aqui no país: comédias que mais parecem filmes feitos para a TV e filmes de "ação" que insistem em filmar a pobreza de forma elegante (Diogo Mainardi fez uma excelente crítica a isso em seu livro O Polígono das Secas). Na verdade não são apenas brasileiros que caem nesse erro, mas vou me conter apenas no nosso cinema.

De verdade a 7ª Arte no Brasil vive da Globo Filmes, o que explica perfeitamente a falta de qualidade. Criticar a edição de um filme feito fora é muito difícil (a não ser que a película seja um American Pie da vida), mas no Brasil os erros são gritantes, assim como na fotografia. Não, não venham me dizer que estou sendo tendencioso ou fazendo alarde. As técnicas são as mesmas, da fotografia a edição. A câmera sempre está em hand-held, como se todos fossem discípulos do Lars Von Trier. Dizem que é para o público se sentir dentro da história. Eu digo que é uma mentira, eles é que não têm dinheiro para comprar uma Steadicam. Dá para fazer uma com 25 reais. Existem até mesmo vídeos na Internet com tutoriais. É preguiça dos produtores e dos diretores.

O cinema brasileiro está sendo tão difícil de se assitir não só pelas estórias fracas e batidas, mas sim pelo envolvimento político que ferra com nossa produção. Por que O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias foi para a pré-seleção do Oscar e não..., OK, Tropa de Elite não é um filme para Oscar. É uma versão inferior de Conflitos Internos (aliás o cinema asiático é show). Em Tropa de Elite não há nada que já não tenhamos visto na safra pós-Cidade de Deus. Camera em hand-held, narração em off e freeze frames. (Aliás, se o freeze frame é bem utilizado no filme de Fernando Meirelles, tornou-se banal depois, nitidamente copiado dos filmes de Scorsese, sem contar que o roteirista é o Bráulio Mantovani, o mesmo que escreveu Cidade de Deus.)

Aliás, creio que Cidade de Deus é o único filme brasileiro conhecido lá fora. Vai ver é até sinônimo:

"- You know something about the Brazilian cinema?

- No, but I saw City of God."

É muito difícil que o universo do cinema nacional hoje mude. Comandado por uma empresa que preza os filmecos de "comédia" feitos pela própria emissora (sabem de quem estou falando, não?) e pelos imitadores de Cidade de Deus (que por sua vez é uma imitação de luxo). Não vejo espaço para iniciantes ou pessoas com criatividade no Brasil. Aliás a criatividade não tem espaço neste lado da linha vermelha.

Agora se alguém ler este texto e disser "Não existe um paraíso para o cinema na America Latina" eu digo "Olhe para o país que conhecemos como 'Hermanos'."

Por favor, deixem a nossa criatividade entrar.

Por Victor Bruno

8 comentários:

victor meu brother... assisti um filme brasileiro um dias desses.. chamado "No meu lugar"

ABSOLUTAMENTE GENIAL!! GENIAL!

é de 2009 - e digo, é cinema brasileiro de muito boa qualidade!! dá até orgulho de assistir.

com relação a esses filmes ae, tropa de elite, cidade de deus, acho todos uma droga.

o jabor tava filmando alguma coisa né? nunca vi nenhum filme dele..

Tem outro filme brasileiro que eu assisti uma vez no cine brasil e me apaixonei completamente chamado "Rei do Rio", e tem também o Bicho de Sete Cabeças... todos muito bons, muito bons...

rapaz.. quero ver quando você vai colocar o Akira Kurosawa nas cadeiras ae viu.. kkkkkkkkkkkkkkkkkk

Nunca vi nada do Jabour e nem tenho intenção de ver. Gosto dos seus textos e comentários incendiários, mas sinceramente tenho certas dúvidas quanto ao cinema dele.

Ah, o Kurosawa merece mesmo, mas preciso rever seus filmes. Na verdade só tive a oportunidade de ver dois filmes dele, 'Os Sete Samurais' e 'Ran'. Sem contar que os DVDs dos outros filmes são tão capengas que tenho até medo de pegar num deles e de ser mordido.

Mas vou fazer um "Galeria" dedicado a ele.

sou apaixonado pelo "Madadayo" (Ainda não), pelo "Rapsódia em agosto", pelo "Rashomon".. pqp o rashomon é sem comentários.. foda demais. E o "Sonhos" (Yume, Dreams), O "Ikiru" (To Live, Viver) A Fortaliza escondiade (The hidden fortress) inspirado no Macbeth é sensascional tb..

Quase esqueci, eu também assisti 'Sonhos'. Fotografia sensacional.

Você disse uma coisa que sempre pensei sobre o cinema nacional:Não há espaço para iniciantes.Se você não conseguir um contrato com a globo filmes ou com a O2, lamento, mas ninguém verá seu filme.
Se o cara for esperto leva o filme pra faculdades ou festivas Brasil a fora.
Parabéns pelo blog!

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