sexta-feira, 25 de junho de 2010

Tudo o que eu sempre quis escrever, mas nunca tive coragem (ou conhecimento)


Não, não é uma pornochanchada. É um pseudo-cult.

Eu não tenho coragem de fazer uma incursão pelo cinema nacional. Nem que me paguem eu não iria passar horas assistindo as maiores porcarias já feitas dentro da nossa fronteira. Agora o portal Cinema do Veja.com foi mais corajoso que eu e encarou esta epopéia. Por isto hoje posto aqui...

...Os Dez Piores Filmes Já Produzidos no Cinema Brasileiro! (Se bem que dá para fazer uma lista de mais de 50 filmes)

E, como diria o Adam West, para a lista do Veja.com!

Os 10 piores filmes do cinema brasileiro

(Obs.: O texto tem pequenos comentários meus, entre colchetes.)


10. Luzia Homem

“Age e pensa como homem. Ama e sente como mulher.” É assim que Luzia Homem é apresentada ao público no trailer do filme de 1984. Baseado no romance homônimo de Domingos Olímpio, conta a história da menina que presencia o homicídio de seus pais, passa a ser criada por um vaqueiro e acaba ganhando os trejeitos dos homens do sertão [dessa forma faz até parecer que ela virou lésbica, ou uma "mulher macho" como dizem no Nordeste], até que cresce, vai atrás do assassino e acaba se apaixonando. Além da fraca atuação de Claudia Ohana, a protagonista não tem nada que chegue a cativar a simpatia do espectador. Na literatura, a história é considerada um clássico. Nos cinemas, não passou de algo sem grande expressão, talvez também por deixar a essência retirante do livro de lado e focar a vida amorosa da personagem.


9. Lula, o Filho do Brasil

A mais cara produção brasileira – 12 milhões de reais [dos cofres públicos] – estreou nos cinemas este ano esperando atrair mais de 5 milhões de pessoas. Não chegou a 900.000. Claramente, a mitificação que Lula, o Filho do Brasil faz da vida do presidente não agradou. O diretor, Fábio Barreto, chegou a dizer que sua intenção não era ser fiel à realidade, mas sim “fazer um melodrama”. E conseguiu, já que muitas cenas mostradas no longa jamais aconteceram, e outras foram infladas de tal forma que Lula ganha ares de herói. Em uma passagem, por exemplo, Lula criança enfrenta o pai, que tentava bater em sua mãe, gritando: “Homem não bate em mulher”. O fato verdadeiro – citado pelo livro de mesmo nome – é que, depois de bater em Dona Lindu, o pai de Lula avança para bater nele, mas é contido pela mãe.


8. O Guerreiro Didi e a Ninja Lili

Se seu filho chegar com todo aquele charme típico das crianças pedindo: “Papai, faz um filme para mim?”, não aceite. Tome como exemplo o erro cometido por Renato Aragão [aliás, sua existência é um erro] ao dizer “sim” para Lívian e produzir O Guerreiro Didi e a Ninja Lili (2008), depois de já ter mimado a filha com O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili (2006) – sim, são dois filmes diferentes. É importante, claro, levar em consideração que desde o fim dos Trapalhões ele parece estar fazendo hora extra na TV e no cinema, alheio ao fato de o sucesso do passado já ter ido por água abaixo. Por isso, a cada ano surge um título novo que ganha os cinemas e decepciona crítica e público. Mas nada que se compare ao talento duvidoso da pequena Lívian que, se sonha mesmo em ser atriz e protagonista de um filme de verdade algum dia, tem um longo caminho pela frente.


6. Orfeu

A mitologia grega subiu o morro carioca em pleno Carnaval. Em vez de um deus, Orfeu (Toni Garrido) é compositor de escola de samba. Sua amada, Eurídice (Patrícia França), é a mais nova moradora da favela, e o antagonista da história é Lucinho (Murilo Benício), chefe do tráfico local. Uma adaptação abrasileiradamente pobre de um drama que, na versão original, é permeada por magia e deuses. Incrivelmente, foi o filme que o Brasil tentou levar ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Nem chegou perto. Apesar da pouca consistência da trama e da tentativa fracassada de Toni Garrido de convencer como ator, conseguiu atrair 900.000 pessoas aos cinemas e foi veiculado em horário nobre na TV aberta. [E assim os autores gregos rolam nos seus túmulos.]


6. Acquaria

Sandy e Júnior são irmãos, cantam e querem o bem do mundo. Não, não se trata da biografia dos filhos do sertanejo Xororó. É o filme Acquaria (2003), que mostra a luta de dois jovens pela preservação da Terra e dos humanos, a partir do momento em que o planeta vê todas as suas reservas de água secarem [premissa muito boa, mas...]. Mas, para tentar atrair a atração do público, o longa não poderia se limitar ao já limitado talento da dupla no ramo da atuação. Pensando nisso, a história teria que seguir em algum momento para o lado da música. Afinal, eles são cantores. O longa mostra, então, a vila onde moravam dois cientistas que desenvolviam uma máquina de gerar água e, ao mesmo tempo, construíam instrumentos musicais. Depois que eles são mortos, o local se torna ponto de encontro de músicos. E Sandy canta [e o Júnior pula, claro]. Levou pouco mais de 800.000 pessoas aos cinemas.


5. Xuxa em Sonho de Menina

Nas décadas de 80 e 90, qualquer filme que levasse o nome de Xuxa era chamariz suficiente para atrair milhões de pessoas aos cinemas e garantir sucesso. O período de férias escolares era dominado por ela e Os Trapalhões. Mas, a entrada dos anos 2000 foi um golpe de foice na majestade da Rainha dos Baixinhos. Seus filmes viram o número de espectadores cair vertiginosamente. Xuxa em Sonho de Menina (2007) foi o marco dessa decadência [e ainda não haviam reparado?] – depois de mais de dois meses em cartaz, o número de espectadores não saiu da faixa dos 300.000. Em entrevista, Xuxa chegou a dizer que se tratava de uma sequência de Lua de Cristal (1990) [puá! -- Mas hein?]. Mas nem de longe a história da professora Kika, que volta a ser criança ao comer um doce de maçã mágico, pode ser comparado ao clássico que levou mais de 5 milhões de pessoas aos cinemas.


4. Doida Demais

Verdade seja dita: Vera Fischer é, sim, só um mais rostinho bonito na TV [e a edição da Playboy de janeiro de 2000 confirma isso]. Quando o espectador entende isso, passa a perceber que ela cumpre bem seu papel no filme Doida Demais (1989), feito numa época em que pudor não era algo muito aplicado ao cinema nacional [pornochanchadas e Amor, Estranho Amor...]. O que resta, portanto, é admirar seu corpo e os lindos olhos verdes. Nem os grandes talentos de José Wilker e Paulo Betti fazem a história valer alguma coisa. Vera vive Letícia, uma falsificadora de quadros, que decide terminar seu relacionamento com Noé (José Wilker). Ele não aceita e começa a perseguí-la, principalmente depois que ela conhece Gabriel (Paulo Betti), com quem começa a se relacionar. O filme foi uma decepção para os fãs do diretor Sérgio Rezende, que vinha numa carreira de sucesso crescente.


3. Inspetor Faustão e o Mallandro

Se o talento de Faustão como apresentador é algo duvidoso, como ator ele pode ter uma certeza: não nasceu para isso. Junte-se a ele o inclassificável Sérgio Mallandro e uma história bizarra [olha a pegadinha do Mallandro!] e temos Inspetor Faustão e o Mallandro, filme de 1991. Faustão é um feirante que recebe um chamado divino para investigar o desaparecimento de uma espécie rara de codornas, cujos ovos são alvo de contrabando devido a suas propriedades afrodisíacas. São estes ovos que servem de inspiração a Mallandro, o desastrado assistente do inspetor que sonha em ser cantor, para criar o “rap do ovo” – que se tornou um clássico trash da década de 90 [assim como os Mamonas Assassinas] (...). Registrou um público de pouco mais de 400.000 pessoas.


2. Entre Lençóis

A inquestionável beleza de Paola Oliveira e Reynaldo Giannechini é a única coisa que realmente chama a atenção em Entre Lençóis (2008). Talvez por isso o diretor tenha explorado os corpos dos dois atores de todos os ângulos possíveis [fazendo uma espécie de Calígula (Tinto Brass - 1979). O ambiente facilitou as filmagens nesse sentido, já que quase todo o filme se passa em um quarto de motel onde figurino acaba reduzido ao lençol da cama – quando muito. É onde o casal se encontra desde a primeira vez, após se conhecerem em uma boate e trocarem umas poucas palavras [na verdade me lembra mais a sinópse de um filme pornô, mas...]. Mesmo que depois o mesmo quarto sirva para que eles conversem sobre os mais diversos temas, muito pouco se acrescenta. Tudo na relação de Roberto e Paula parece confuso e superficial, assim como o longa, que teve pouco mais de 130.000 espectadores [o que é uma injustiça, por que é a Paola Oliveira].


1. Cinderela Baiana

Vergonha alheia. É o que sentem os brasileiros que assistem ao menos um trecho de Cinderela Baiana (1998). Se até Carla Perez [ahhhh!, meus sais!] – a protagonista – disse mais de uma vez que “como atriz” se arrepende do filme, ele não deve ser algo que deva ser levado a sério. Tudo já começou errado, quando alguém pensou que uma dançarina de axé, por melhor que fosse, mereceria uma cinebiografia. Sim, o filme conta a trajetória da loira, que venceu uma infância pobre para ganhar fama e sucesso na dança. Mas tudo é contado, claro, de uma forma muito mais “épica”. Foi um fiasco de bilheteria nos cinemas – não há números oficiais, talvez pela dúvida de que alguém tenha realmente assistido [ele cortou meu comentário -, mas é um grande sucesso no YouTube entre os fãs de fitas “trash” [não, o trash é mais decente que "isto". No apoteótico final, Carla desce de seu super carro indignada – mesmo que a expressão facial não retrate isso – ao ver pequenos pedintes na beira da estrada, faz um discurso criticando o trabalho infantil e dança alegre ao lado das crianças (...).


E assim chegamos ao final da nossa viagem pelo cinema brasileiro. Entre fantasias infantis e filmes com caráter descaradamente eleitorais (sim, é isso o que eles fazem com o nosso dinheiro), eu me pergunto: Onde estão os cineastas que querem fazer cinema de verdade aqui no país?)

De fato o futuro vai ter que lidar com o passado filmístico ridículo que estão deixando aqui.

Por Victor Bruno

P.S.: Eu originalmente pensei em colocar uma foto de Luzia Homem. Mas já que estamos falando de tanta coisa ruim, divirtam-se com a Paola Oliveira no nosso O Último Tango em Paris (desculpa Bertolucci).

3 comentários:

concordo que em sua grande maioria, o cinema brasileiro é uma porcaria. mas tem coisas muito boas sim, sem dúvida.

Tem coisas muito boas no cinema nacional, sim.
Pena que estão todas no próximo século.

O que será que vão dizer do Bruna Surfistinha... a mais nova Carla Perez. Eu também tenho os meus problemas com o cinema brasileiro, infelizmente ou felizmente. Mas... Abril Despedaçado com Rodrigo Santoro e o Auto da Compadecida eu gosto bastante.

AbraçoZzz

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