segunda-feira, 21 de junho de 2010

William Monahan e o peso de Scorsese


Ele parece com o Michael Cimino
quando mais novo, não?

Vamos regressar no tempo. Em 2005 estreou o filme Cruzada (Kingdom of Heaven) de Ridley Scott. O filme que contava a história de um ferreiro que se torna soldado que luta na Jerusalém da Idade Média marcou a estréia do roteirista William Monahan. O filme se tornou um grande sucesso de bilheteria, mas recebeu uma recepção média da crítica.

Minha opinião? Bom, não é um filme ruim, mas também não é bom. É uma boa alternativa de entretenimento.

No ano seguinte estreava o filme Os Infiltrados (que gosto de me referir como Os Que Partiram) (The Departed - 2006), de Martin Scorsese. O filme imediatamente virou um estrondoso sucesso de bilheteria (faturou aproximadamente 290 milhões de dólares mundialmente) e de crítica. Stanley Kauffman (não, ele não é parente do Charlie Kaufman) ainda conseguiu encontrar temáticas filosóficas e psicológicas na trama. Segundo ele o filme, além da violência, fala da relação pai-filho e do conceito de identidade e "como isso aflige nossas ações, emoções, segurança e até mesmo nossos sonhos."

Após dois anos veio Rede de Mentiras (Body of Lies - 2008), um retorno com Ridley Scott, trazendo no elenco Leonardo DiCaprio (que já havia trabalhado com Monahan em Os Que Partiram - The Departed). Novamente o trabalho de Monahan recebeu recepção mista da crítica. De fato o filme é ruim, caminha lentamente e se foca mais na ação do que na trama política, se tornando uma espécie de O Reino (Peter Berg - 2007), só que com uma qualidade não tão boa.

Agora, em 2010 William Monahan volta às telas com um O Fim da Escuridão (The Edge of the Darkness), sob a batuta de Martin Campbell (Cassino Royale, A Máscara do Zorro). De novo seu roteiro (desta vez com a co-autoria de Andrew Bovell) não teve boa recepção da crítica.

Em alguns meses Monahan estreará na direção, com o filme London Boulevard, com Collin Farrel. Isso me faz pensar... Monahan é ruim ou os filmes de Scorsese são superestimados? Talvez um pouco dos dois. De fato Rede de Mentiras é ruim, Cruzada é exagerado, mas... e O Fim da Escuridão? É um filme bacana, com uma boa trama política baseada numa série da TV britânica. (Aonde quero chegar? Leia a fantástica conclusão neste mesmo bat-horário, neste mesmo bat-post.)

Talvez Monahan seja mesmo fraco. Aliás, qual roteirista não tem seus pontos fracos? Todos têm. Por isso o diretor é superestimado. Monahan escolhe projetos que visam público (e teve sorte de embarcar numa viagem com Scorsese pelo mundo do crime de Boston). Talvez por que ele estava esperando o momento certo para dirigir algo mais pessoal, como London Boulevard.

Chegando a uma conclusão. Monahan, só Scorsese salva.

Por Victor Bruno

Dedicado à Tim Berners-Lee

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