Horror of Dracula, 1958/ Dirigido por Terence Fisher
Com Christopher Lee, Peter Cushing, Michael Gough, Melissa Striblin, Carol Marsh e John Van Eyssen.
3/5
"Dracula", de Bram Stoker, é uma das obras que mais foram adaptadas no cinema. Diversos grandes atores já deram vida ao personagem, como Bela Lugosi, Frank Langella e Gary Oldman, mas talvez nenhum (a não ser, possivelmente, Bela) tenha ficado tão marcado pelo personagem quanto Christopher Lee. Mesmo nunca tendo pretendido ficar lembrado quase que exclusivamente por sua atuação como o vampiro nos filmes da Hammer Productions, Lee é até hoje conhecido e reverenciado por ter interpretado Drácula em diversas produções. E é, sem dúvidas, um prazer enorme assistir à primeira vez em que o ator deu vida ao lendário personagem, em "O Vampiro da Noite", de 1958.
O filme de Terence Fisher, diretor conhecido por seu estilo gótico e que trabalhou em inúmeros filmes da Hammer, traz uma interessante adptação da obra original de Stoker, embora praticamente todos os acontecimentos sejam diferentes do livro. No filme, Jonathan Harker (John Van Eyssen) é contratado pelo recluso Conde Drácula (Christopher Lee) como biliotecário em sua mansão no interior da Alemanha, mas planeja em segredo eliminar o vampiro. Entretanto, nada sai como planejado, e o Dr. Van Helsing (Peter Cushing) precisa proteger Lucy Holmwood (Carol Marsh), noiva de seu amigo Johnathan. Além disso, o próprio irmão de Lucy, Arthur (Michael Gough) e sua esposa Mina (Melissa Stribling) passam a correr perigo.
Possivelmente todas as modificações no conteúdo do livro se deveram ao baixo orçamento de que dispunha a Hammer, o que acabou sendo um ponto positivo para o filme. Com pouco mais de 80 minutos, tudo acontece muito rápido, a partir de uma montagem surpreendentemente dinâmica para a época. Soma-se a isso um trabalho primoroso de figurinos e direção de arte (com lindos detalhes, como os vitrais na mansão de Drácula, e o círculo no chão com os 12 signos do Zodíaco), além da boa maquiagem O trabalho de fotografia também é interessantíssimo, conferindo ao filme um ar gótico que funciona maravilhosamente.
Entretanto, Drácula pouco aparece, o que pode provocar uma certa decepção. O ator Christopher Lee tem forte presença em cena, sempre altivo e envolto em uma capa negra que amplifica a idéia de terror, compensando um pouco o fato de que Lee tem poucas falas. Também fica parecendo um tanto raso por parte do roteiro escrito por Jimmy Sangster querer justificar todas as ações de Drácula a partir da metade do filme como uma simples vingança, algo que em momento algum parece crível. É claro que roteiros nunca foram o forte das produções da Hammer, mas fica a sensação de que os motivos reais das ações do vampiro poderiam ter sido melhor trabalhadas.
Se, por um lado, Lee dá vida pela primeira vez ao Conde Drácula, Peter Cushing também tem sua primeira atuação como o Dr. Van Helsing, papel que lhe deixou mais famoso. Cushing era um ator competente, como expressões faciais únicas, e demonstrandos sempre muita segurança. Em "O Vampiro da Noite", Lee e Cushing dividem a cena por poucos minutos, mas que se revelam as mais intensas em termos de ação de todo o filme. Aqui ainda há de se notar também a participação do ator Michael Gough, mais famoso por seu papel como mordomo Alfred nos filmes de Batman de Tim Burton e Joel Schumacher. Pena que seu personagem Arthur não tenha muitas funções na trama, além de auxiliar o Dr. Van Helsing.
Assim, "O Vampiro da Noite" é um filme obrigatório para todos os que gostam de filmes de vampiros ou produções antigas de terror. Mesmo que atualmente praticamente ninguém se sinta aterrorizado, é um filme pioneiro e que marcou época, além de ser uma versão interessantíssima do livro de Bram Stoker.
Por Douglas Braga
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