Agora que nesses últimos dois dias viemos discutindo sobre um diretor ruim, Uwe Boll, resolvi reprisar uma antiga postagem do blog. A postagem, como devem ter observado no título, refere-se à M. Night Shyamalan.
Parece que se apaga da mente das pessoas, sejam elas cinéfilas ou não, que Shyamalan não vive só de um filme, não fez um só filme e ele também não vai fazer um filme só. Não adianta as pessoas ficarem esperando um novo I See Dead People (1999), por que isso não vai acontecer. Shyamalan nos apresenta algo maravilhoso em todos os seus filmes: simbolismos.
Talvez nem sejam simbolismos, mas é algo muito interessante. Em todos os filmes do diretor indiano existem metáforas e valores que devem ser reconhecidos -- e aplaudidos -- pelos espectadores. Vejamos:
- Em O Sexto Sentido, Malcolm Crowe é um psiquiatra que enfrenta um trauma de um paciente seu do passado, Vincent. Esta mente não foi recuperada e vem se vingar, lhe acarretando sérias consequências. Enquanto isso, Malcolm vê um novo Vincent no garoto Cole, como uma chance que a vida lhe dá de reparar o seu erro. Temos aqui uma clara busca de redenção e perdão, belíssimamente guiada por M. Night.
- Em Corpo Fechado, Elijah e David são exatamente os lados opostos da moeda. Duas polaridades completamente diferentes. Enquanto Elijah é fraco, tão fraco que pode fraturar sériamente um osso fácilmente, David é o único sobrevivente de um terrível acidente de trem. Elijah passou a vida toda sendo rejeitado pela sua condição e -- ao mesmo tempo -- guiou uma busca quasi infindável pelo seu oposto. Ele sabe que deve haver alguém completamente diferente de si no mundo, e procura este alguém como um vilão de histórias em quadrinhos. Temos aqui uma busca da pessoa e seu lugar no mundo.
- Em Sinais, Graham perde sua fé em Deus após perder sua esposa num terrível acidente de carro. Ao mesmo tempo ETs invandem a terra pondo em cheque o mundo inteiro. Graham se vê obrigado a combater isso com a única arma que não tem. Fé. Temos a busca do homem por algo que não vê e nem sabe se existe: Deus -- e obviamente a fé.
- Em A Vila temos uma sociedade que procurou se isolar do mundo para criar um modelo perfeito de vida, mesmo sabendo que existem monstros à espreita nos arredores, que podem atacar a qualquer momento. Aqui há uma clara referência à hiprocrisia dos americanos, de se acharem perfeitos, mas ao mesmo tempo têm que lidar com a frustração de não serem perfeitos. (Em escala menor o filme pode ser considerado uma crítica à sociedade dos quackers, que pararam no tempo e vivem exatamente como no século XVIII.) O filme se torna ainda mais perfeito quando é feito no olhar de um estrangeiro, como Shyamalan é.
- A Dama na Água não entra por que é uma masturbação fílimica que terminou sem chegar ao orgasmo.
- Fim dos Tempos pinta o apocalípse quando a natureza se revolta e passa a matar os humanos que tanto a agrediu. O filme é -- além de ser um ótimo programa de entretenimento (esqueçam, pelo amor de Deus, o microfone!) -- uma crítica a paranóia americana do terrorismo.
Se vocês esquecerem do meninozinho que vê gente morta poderão aproveitar as metáforas. Cada filme é um filme diferente. Um maravilhoso mundo em celulóide nos entregue de presente.
Por Victor Bruno
1 comentários:
voce gosta mesmo do cara viu victor.. mas até agora ele não me mostrou nada muito fora do comum não. sexto sentido e corpo fechado são filmes legais.
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