Die Blechtrommel, 1979
Dirigido por Volker Schlöndorff
Escritores Jean-Claude Carrière, Volker Schlöndorff, Franz Seitz
Com Mario Adorf, Angela Winkler, David Bennent, Katharina Thalbach
O filme “O Tambor”, dirigido por Volker Schlöndorff e produzido no ano de 1979, foi baseado na obra homônima de Günter Grass.
Dirigido por Volker Schlöndorff
Escritores Jean-Claude Carrière, Volker Schlöndorff, Franz Seitz
Com Mario Adorf, Angela Winkler, David Bennent, Katharina Thalbach
O filme “O Tambor”, dirigido por Volker Schlöndorff e produzido no ano de 1979, foi baseado na obra homônima de Günter Grass.
Em meio à cidade de Danzig, na Polônia, no pós-Primeira Guerra Mundial, acompanhamos a história de Oskar Matzerath (interpretado pelo ator David Bennet), desde 1899 (ano em que seus avós se conheceram de forma inusitada num campo de batatas) até 1945, no fim da Segunda Guerra Mundial. Oskar nasce em 1924, e logo ao sair do útero sua mãe lhe promete que, em seu aniversário de três anos, o menino ganharia um tambor de latão. Contudo, no dia do seu aniversário, Oskar (que também é o narrador em off dos principais acontecimentos), presencia as brincadeiras sexuais entre sua mãe Agnes e o primo dela Jan, sem o conhecimento de Alfred, seu suposto pai. A partir deste momento, e refletindo acerca do mundo dos adultos, Oskar decide parar de crescer. Sempre perspicaz e atento às relações familiares à sua volta, , o menino não aceita que lhe tirem seu tambor de latão, e sempre que alguém tenta, ele emite um grito agudo, capaz de quebrar vidros. Assim, ao longo das quase duas décadas seguintes, compreendemos as relações de Oskar com o mundo à sua volta, sejam seus parentes, ou então seus novos conhecidos (como o Bebra e seu grupo de anões de circo), ao mesmo tempo em que o movimento nazista está crescendo, mesmo na Polônia, e Alfred Matzerath se filia ao Partido Nazista. Dessa forma, acompanhamos como se dá a vida de Oskar em meio ao contexto de ascensão do nazismo e da Segunda Guerra Mundial.
O filme apresenta uma estrutura bastante peculiar e utiliza muitas metáforas, além de uma certa dose de fantasia. O triângulo amoroso entre Agnes, Jan e Alfred representaria de forma clara as tensões políticas da época, ela que é nativa de Danzig, Jan sendo um polonês naturalizado, e Alfred representando os ideais do Reich alemão.
Oskar Matzerath é um personagem extremamente complexo, e representa essa Alemanha que parou de crescer por opção própria na década de 1930, culminando no que todos já sabemos, para só crescer depois da Segunda Guerra (no livro de Günter Grass, a narrativa continua até a ida de Oskar, crescido mas deformado, até o manicômio, de onde ele narra os acontecimentos). Oskar sempre aprece ciente do que está acontecendo em sua volta, principalmente no âmbito familiar, e usa de perspicácia e ironia quando as coisas não acontecem como ele espera (vários personagens parecem encará-lo como uma criança, mesmo com ele já crescido). Além disso, o personagem apresenta grande dose de fantasia (como percebemos pela própria “decisão” de parar de crescer e seus pensamentos ainda no útero da mãe, ou ainda pelo seu grito agudo).
Mesmo focando nas relações familiares, o filme desperta questões pertinentes a respeito do regime nazista. Nesse sentido, a cena do discurso é exemplar e muito bem dirigida: neste momento do filme, temos um discurso de um nazista durante uma grande manifestação de apoio ao nazismo. O orador faz duras críticas ao Pacto de Versalhes, que teria separado a Polônia de sua “Pátria-mãe alemã”. Entretanto, com a chegada de um camarada influente do partido de forma pomposa e cerimonialísitca (sob música imponente, recebendo flores de crianças, com toda a platéia em posição militar), Oskar, a partir do toque de seu tambor, altera o ritmo da banda. Inicia-se, assim, uma valsa, com todos saindo de suas posições e começando a dançar, o que só termina quando cai a chuva.
Questões como a eugenia, a propaganda, o apoio popular também permeiam o filme. Diversos personagens são icônicos: Bebra, o líder da trupe de anões com quem Oskar se identifica; Maria, a agregada de Alfred, com quem Oskar tem sua descoberta sexual; e Sigmund Markus (interpretado pelo cantor francês Charles Aznavour), representando os judeus.
"O Tambor" é um belo filme, pertinente, um dos melhores representantes do Novo Cinema alemão. Apesar de um excesso de personagens, alguns muito mal desenvolvidos (como a avó de Oskar, com quem curiosamente o filme inicia e termina), o diretor Volker Schlöndorff adota uma estrutura interessante, com uma certa dose de fantasia e o uso da narração de Oskar em determinados momentos decisivos, que nos permitem vislumbrar um pouco do pensamento do personagem. , “O Tambor” levanta uma série de questões interessantes e pertinentes em relação à temática do nazismo, e nos leva a pensar e refletir sobre diversos aspectos da questão, com uma montagem eficiente, sem perder o ritmo, mesmo com seus 136 minutos de duração.
Nota: 4 estrelas em 5
Nota: 4 estrelas em 5
Por Douglas Braga
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