quarta-feira, 28 de julho de 2010

In the Loop

In the Loop

In the Loop, 2009
Dirigido por Armando Iannucci
Roteiro de Jesse Armostrong & Simon Blackwell & Armando Iannucci & Tony Roche
Com Peter Carpaldi, Tom Holland, Chris Addison, James Gandolfini, Gina McKee, Mimi Kennedy, Anna Chlumsky

Tente encontrar uma saída quando você está no nó. Esta é a tagline do primeiro trailer do fantástico filme satírico-político In the Loop. Um filme seco, rápido e hilário que mostra a situação hipotética do mundo nas mãos de pessoas indecisas e nervosas.

Esperem, esta situação não é hipotética.

In the Loop, título não oficial no país, até por que o filme nunca esteou aqui, e é por que foi indicado ao Oscar, pode ser encarado como o novo Dr. Fantástico (1964 - Stanley Kubrick). Não estou dizendo que é o novo Dr. Strangelove, entretanto existem algumas semelhanças, principalmente na sinopse e no estilo do filme.


O filme conta a história de Simon Foster (Hollander), o Secretário Britânico para o Desenvolvimento Internacional. Ele está dando uma entrevista quando faz uma breve menção à guerra no Oriente Médio (difícil é saber qual). Ele diz que a guerra é imprevisível, em todos os sentidos. Isso desperta a ira do já esquentado Conselheiro do Primeiro-Ministro Malcolm Tucker (Carpaldi, em uma fenomenal interpretação), pois sabe que esta pequena palavra, imprevisível, pode botar todos os planos do governo -- que apóia a guerra. Por que pode ferrar com tudo? Se a guerra é imprevisível, por que mandaríamos os soldados para algo que não conhecemos? A partir daí o pobre Secretário de Desenvolvimento, tenta, desesperadamente, resolver o nó em que ele está metido, e, acalmar os ânimos de todos os que estão à sua volta. Imagine que o destino do mundo está por um fio. É difícil, não?

Você, como responsável pelo... destino do mundo, tem que tomar as decisões rapidamente para tudo não se perder. Esse é a premissa perfeita para o estilo de direção de Armando Iannucci, extremamente rápido, que pode, para quem não estiver preparado, dar um nó na sua cabeça. Sua câmera está sempre em hand-held, balançando. É muito delicado colocar sua câmera assim, pois pode incomodar o espectador (imagine-se olhando para uma imagem tremeliquenta durante uma hora e 40 minutos). Mas talvez seja justamente o ritmo acelerado do filme que dificulte um pouco a assimilação das coisas, mas, fora isso, In the Loop não tem nada que possa dizer que incomode ou que seja uma "falha".


O roteiro, escrito à oito mãos, é um primor. Piadas inteligentes e situações hilárias surgem a cada minuto. Aliás, vale mencionar que este filme é uma spin off de uma série do Reino Unido chamada The Thick of It, com uma sinopse parecida. A construção da história não é prejudicada em nenhum momento pelo seu roteiro. Como já dito, a falha do timing do filme -- em seu ritmo exageradamente rápido -- fica por conta da direção de Iannucci.

De longe a melhor interpretação do filme fica por conta de Peter Carpaldi, como o desbocado Malcolm Tucker. Seu enorme conhecimento clássico e pop lhe garante tiradas únicas no filme. Ele é o responsável pelo maior número de palavrões da projeção (e também é responsável pelo maior número de risadas). Tom Hollander faz uma boa atuação, e nos entrega um anestesiado e indeciso Simon Foster. Fora esses dois o destaque fica por conta de James Gandolfini (da série "Sopranos" (por que todo mundo sempre o identifica por esse trabalho? Me faz pensar que ele nunca fez nada diferente)). Sua cena onde ele usa um notebook infantil para calcular o número de tropas é impagável.

Eu particularmente me apaixonei pelo título. In the Loop, que em português significa "no nó" é algo tão comum, que toda vez que estou em algo sem saída eu passei a pensar "agora eu estou no nó." Não é muito difícil encontrar alguns "Simon Fosters" no dia a dia. Todo mundo já entrou em algum "nó" na vida. Não é legal. Imagine quando o mundo está por um fio por que você entrou num "nó". "Nó" este que alguns distribuidores entram constantemente. Parece que só o Oscar não é suficiente para trazer um bom filme para cá. Embora nem todos os filmes do Oscar sejam bons. Nada justifica um Avatar ser favorito e o In the Loop não seja. Ao invés de ficarem pressionando os distribuidores trazerem À Prova de Morte para cá, poderiam experimentar algo diferente e trazer este filme para cá. Mas parece que os distribuidores são todos Simon Fosters. Eles estão no nó. Encontrem uma saída.

(E em homenagem à eles meu dedo indicador está amarrado com um nó num fio de nylon.)

Nota: 4 estrelas em 5.

Por Victor Bruno

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