Terra de Ninguém
(Badlands, 1973)
Dirigido por Terrence Malick
Escrito por Terrence Malick
Com Martin Sheen, Sissy Spacek, Warren Oates, Ramon Bieri
Sempre achei Terrence Malick (Cinzas no Paraíso, Além da Linha Vermelha) um grande cineasta. Suas obras mostram a dúvida, as ações e consequências do homem na grande jornada da vida. O que ós fazemos? O melhor exemplo disso é em Além da Linha Vermelha em que as personagens se perguntam "De onde vem esta guerra? Por que fazemos isso? É nobre?", ou então em O Novo Mundo e as dúvidas do capitão John Smith.
Este é o primeiro trabalho do gênio Malick. Aqui ele fala de um tema que está presente em toda sua (curta) filmografia: a violência e suas consequências. Mas aqui, ao contrário dos outros filmes de Malick, vemos suas reais consequências. Ou melhor, suas consequências nas outras pessoas, e não em si mesmo, como em Além da Linha Vermelha e O Novo Mundo.
O filme nos conta a história de Kit (Sheen), um jovem "rebelde sem causa", parecido com James Dean. Ele não se importa com nada e nem quer se importar. Trabalha em empregos com um salário minúsculo e com muito esforço, como lixeiro ou vaqueiro. Um belo dia, quando saia do trabalho ele conhece a jovem Holly (Spacek), uma garotinha que demonstra ter pretenções de entrar no time de líderes de torcida do colégio onde estuda. Eles se conhecem e demonstram uma ligação amorosa. Mas, de súbito, Kit se revela um homem com um parafuso a menos. Daí para frente as coisas degringolam.
Como vem de Terrence Malick, não é a história de um casal que viaja matando pessoas pelos Estados Unidos, mas um filme sobre a relação causa-efeito. E também sobre a psicologia de um assassino. Os dois, principalmente Holly, nunca parecem saber o que estão fazendo. Kit parece sempre ter uma idéia fixa na cabeça, uma solução para a situação, mas, de verdade, nunca tem, e suas atitudes sempre acabam gerando ainda mais confusão.
Um dos pontos fortes do filme é o fato de ele focar nos assassinos, ou seja, nós vemos aqui a história contada do ponto de vista de Kit e Holly. Mais precisamente de Holly, já que o filme e narrado por ela. Então raramente nós sabemos o que a polícia está fazendo ou o que o povo pensa, por isso só sabemos do tamanho do estrago que os dois fazem quando ela diz na narração.
Martin Sheen faz um bom papel como o desvairado Kit, mas uma coisa me incomodou: nas cenas onde ele fica nervoso, da a impressão que ele agita mais a cabeça para fazer o cabelo balançar (e isso chega ao cúmulo perto do final do filme). Sissy Spacek está bem morna aqui. Ao contrário do que as pessoas da época pensavam, eu não acho ela dona dessa beleza toda não. Pelo contrário, eu acho ela meio feiazinha... mas sua cara de inocente cai bem no papel.
O roteiro de Terrence Malick faz bonito (não é à toa que eu acho esse o seu segundo melhor filme, atrás apenas de Além da Linha Vermelha (e eu ainda não assisti Cinzas no Paraíso). Mas uma coisa me pareceu estranha: no iníco do filme, nos primeiros cinco minutos, o Kit chega na cara de pau para Holly e diz: "Quer sair comigo?" e ela aceita. Em que unvierso sair com uma garota é tão fácil?!?!?! Eu não tenho uma vida amorosa assim tão boa, imagina quando um cara é um psicótico-indeciso-assassino!
Terrence Malick faz uma boa direção, não primorosa, mas eficiente. Mas desde o início da sua carreira Malick nos brinda com belas imagens. A fotografia desse filme é sensacional. Aqui ele trabalha com três diretores de fotografia diferentes: Tak Fujimoto (O Silêncio dos Inocentes, O Sexto Sentido), Steve Larner e Brian Probyn. (Uma coisa digna de nota é que tanto Larner como Probyn morreram na década seguinte, enquanto Fujimoto continua na ativa fazendo clássicos como O Silêncio dos Inocentes.)
Todos os aspectos desse filme funcionam brilhantemente, e olha que o filme teve um orçamento baixíssimo: 500 mil dolares. O que só prova para fazer grandes filmes não é necessário orçamentos com cifras astronômicas. Agora, para trazer público é outra história. Deliciem-se e reflitam.
Nota: 4 estrelas em 5
Por Victor Bruno
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