sábado, 24 de abril de 2010

A Época da Inocência


A Época da Inocência
The Age of Innocence, 1993
Dirigido por Martin Scorsese
Roteiro de Jay Cooks & Martin Scorsese (Baseado no livro de Edith Wharton)
Com Daniel Day-Lewis, Winona Ryder, Michelle Pfeiffer, Robert Sean Leonard e Joanne Woodward como a Narradora

Na época do lançamento deste filme, Martin Scorsese disse em entrevista que este é o seu filme mais violento. Eu não discordo. No meu ponto de vista, nada destrói mais do que um amor platônico, ou um amor não correspondido. Este é um dos filmes mais subestimados de Scorsese, e eu, sinceramente, não entendo por que. A Época da Inocência não perde em nada comparado a filmes como Os Bons Companheiros e Touro Indomável. É tão belo e elegante quanto esses dois.

Antes e após assistir este filme li algumas críticas e comentários de outros sites e blogs Brasil afora. Num deles encontrei a seguinte citação:

Nos créditos iniciais dos filmes americanos geralmente aparece 'A film by Martin Scorcese' ou 'A Martin Scorcese film' mas no caso deste "A Época da Inocência" aparece 'A Martin Scorcese Picture', sendo que entre os significados de 'picture' pode estar 'pintura' ou 'quadro' e neste caso poderia significar 'Uma Pintura de Martin Scorcese'. E realmente o visual do filme é belíssimo e poderia muito bem ser uma 'pintura', uma obra de arte.


Concordo plenamente com a segunda parte. Gostaria de lembrar que não foi neste filme que Scorsese começou a utilizar o letreiro "A Martin Scorsese Picture". Foi a partir de Touro Indomável que ele começou a utlizar. Realmente seus filmes são uma pintura; "a picture".

Na década de 1880, Newland Archer (Day-Lewis), um jovem e promissor advogado, está prestes a se casar com a bela, doce e angelical May Welland (Ryder), só que Archer acaba conhecendo a prima de May, a Condessa Olenska (Pfeiffer). Ela está se divorciando (algo de outro mundo para a época retratada no filme) de seu marido e Newland é o encarregado do caso, mas surge um problema: ele se apaixona por Olenska e não consegue esquece-la por nada.

É apartir desse triângulo que Scorsese no conta uma crítica voraz a sociedade e suas tradições retrógadas. Creio até que o nome da personagem de Day-Lewis é uma referência a América. Traduzindo seu nome é "Nova terra", se é uma terra nova, por que seguir velhas tradições. É como a personagem de Michelle Pfeiffer diz a uma altura do filme: "A América é uma terra nova, por quê fazer daqui a cópia de um outro país?"

As interpretações estão senssacionais. Daniel Day-Lewis (O Último dos Moicanos, Sangue Negro) faz um excelente Newland Archer, um sujeito cheio de dúvidas e incertezas. As mulheres do trio de protagonistas também estão muito boas, embora eu tenha preferido a interpretação de Ryder.


Scorsese está em excelente forma. Ele consegue encaixar mesmo num filme de época seu estilo movimentado. O roteiro desse filme é dele, escrito com seu amigo Jay Cocks (que é co-roteirista de Gangues de Nova York e escreveu junto com Martin a primeira versão de Silence). Aliás, falar desse roteiro é falar de uma peça única no cinema americano.

A fotografia de Michael Ballhaus está impecavel, variando entre o vermelho, amarelo, laranja e branco, combina muito bem com o clima. Aliás ela pode incomodar um pouco em cenas internas, dando Q claustrofóbico.

A edição de Thelma Schoonmaker está impecável. Gosto muito das transições quando ela utiliza o fade colorido, ou na cena em que Newland entrega um bilhete e o mesmo aparece num canto da tela, ou na cena final, quando o fundo da cena muda, mas o rosto de Newland permanece.

Enfim, é um filme obrigatório. Aliás esta crítica à sociedade, em todas as épocas, é o Barry Lydon de Scorsese.

Nota: 5 estrelas em 5.

Por Victor Bruno

1 comentários:

essa vai pra minha lista de downloads! kkkk

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