Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 (crítica II)

Para Victor Bruno, a última parte da saga de Harry Potter não é nada demais, nem nada de menos. Apenas o suficiente

Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2

A saga de Harry, Hermione e Ron chega ao fim e Douglas Braga não gosta nada da sua conclusão

Especial David Fincher: A Rede Social

Na última parte do Especial, relembre o que Victor Bruno escreveu sobre A Rede Social, mais recente filme de David Fincher

Especial David Fincher: O Curioso Caso de Benjamin Button

Victor Bruno faz uma análise de O Curioso Caso de Benjamin Button, no penúltimo filme comentado neste especial

Especial David Fincher: Zodíaco

O nosso especial sobre David Fincher continua com Douglas Braga falando sobre Zodíaco, mais um thriller investigativo do norte-americano

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

The Battle Over Citzien Kane

Conforme prometi no cast sobre Orson Welles, garimpei a internet até achar o documentário The Battle Over Citizen Kane. Um excelente estudo da série "The American Experience" sobre um excelente filme.

Todos os vídeos têm áudio em inglês e não têm legendas em português.



Parte 2 aqui.





Parte 5 aqui.



Parte 7 aqui.

Parte 8 aqui.

Parte 9 aqui.







Por Victor Bruno

Videocast Ornitorrinco Cinéfilo - Orson Welles: Partes I e II





Por Victor Bruno

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Morre Arthur Penn

O cineasta Arthur Penn -- diretor de Bonnie & Clyde - Uma Rajada de Balas (1967) -- morreu nesta terça, dia 28. A morte foi confirmada pelo seu amigo e contador, Evan Bell.

Penn foi o responsável pela mudança na forma como o cinema mostra a violência e o sexo, abrindo espaço para filmes do calibre de A Primeira Noite de um Homem (Mike Nichols - 1967) Sem Destino (Dennis Hopper - 1968).

"Penso que já que vamos mostrar violência neste filme... nós devemos mostrar desse jeito. As pessoas têm que saber o que acontece quando alguém leva um tiro."
-- Arthur Penn
Também morreu:

Gloria Stuart (n. 1910)

Antes que eu me esqueça -- morreu a editora dos filmes de Quentin Tarantino, Sally Menke.

Sally Menke (n. 1953)

Update:
Hoje, dia 30, morreu Tony Curtis, de Quanto Mais Quente Melhor. Que semana negra para o Cinema.

Por Victor Bruno

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Coming Soon - True Grit

Obviamente que está na minha lista de mais aguardados, junto com The Tree of Life, The Social Network (que foi lançado no Festival de Toronto, sob aplausos e já está sendo chamado de "O Cidadão Kane dos nossos tempos", e ostenta uma aprovação de 100% no Rotten Tomatoes).

Segue o trailer.



Previsão: Indicado ao Oscar nas categorias: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Fotografia e Melhor Ator.

Por Victor Bruno

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Jesus Cristo Superstar

Jesus Cristo Superstar
Jesus Christ Superstar, 1973
Dirigido por Norman Jewison
Roteiro de Tim Rice, Noorman Jewison e Melvyn Bragg, com músicas de Andrew Lloyd Webber
Com Ted Neeley, Carl Anderson, Yvonne Elliman



A figura de Jesus Cristo já foi retratada dezenas de vezes no cinema, na grande maioria das vezes em filmes religiosos, que não primavam por uma grande qualidade técnica e/ou artítica. Mas, em 1970, em meio aos movimentos sociais que explodiram no período, uma nova versão sobre os últimos dias da vida de Jesus chegou à Broadway, intitulada "Jesus Cristo Superstar". Três anos depois, a peça foi levada para o cinema, com a direção de Norman Jewison (o mesmo do belíssimo "Um Violinista no Telhado").

A trama, de forma geral, já é conhecida por todos, já que narra os últimos acontecimentos da vida de Jesus Cristo, passando por momentos como a traição de Judas, o julgamento perante Pilatos e a crucificação. O grande diferencial aqui é a utilização de elementos contemporâneos para contar essa história: os hippies estão sempre presentes em cena; temos dinheiro em notas, armas, um Judas negro, uma Maria Madalena com traços orinetais e até um rei Herodes homossexual!

Todos esses elementos estão muito bem inseridos no filme. Sem dúvida, uma pessoa muito religiosa deve "torcer o nariz" praticamente durante toda a história. Há toda uma preocupação por parte do roteiro (escrito por Tim Rice, Norman Jewinson e Melvyn Bragg) em humanizar determinados personagens, destacadamente Jesus e Judas. O primeiro é constantemente retratado como um ser humano comum, assim como Judas, cujas ações (erradas, sem dúvidas) parecem muito coerentes com sua visão de mundo. Os únicos que aparecem efetivamente como vilões são Anás e Caifás, apresentados com um figurino preto e como personagens maliciosos e interesseiros.



Esse roteiro foi muito bem trabalhado pela direção de Norman Jewison. O filme foi todo realizado nas ruínas de Jerusalém, o que combina de forma perfeita com o tom provocativo da trama. Além disso, todo elenco (nem todos são oriundos do teatro) se sai muito bem, e conseguem transmitir a humanidade exigida pelo roteiro de todos os personagens (Jesus, Judas, Maria Madalena, Pedro, Pilatos, e vários outros).

Mas um fator que pode incomodar a muitos é a questão de que o filme inteiro é cantado! Praticamente, não há uma única fala que não seja intepretada dentro de uma canção. De fato, para quem não gosta muito de musicais, isso pode atrapalhar, e tornar o filme muito cansativo. Porém, aí entra o fato de que todas as músicas foram compostas por Andrew Lloyd Webber, o mesmo que fez as as canções de "O Fantasma da Ópera" (que foram destruídas no filme horroroso de Joel Schumacher).



A cena da Última Ceia, particularmente é interessantíssima. Jewison a constrói lembrando uma espécie de piquenique (!), e em determinado momento todos os apóstolos "congelam" nas posições imortalizadas no quadro de Da Vinci. Além disso, a própria canção "The Last Supper" é belíssima. Mas a música mais interessante é "Could We Start Again Please", tanto em termos de melodia quanto de letra; ela é interpretada por Maria Madalena e Pedro no alto de um morro, em uma cena de fotografia espetacular, e grande carga dramática. Na parte cômica (sim, ela existe no filme!), fica a sequência do afetado rei Herodes, cuja corte é toda formada por transformistas (!!).

Assim, "Jesus Cristo Superstar" apresenta uma inovadora e , sem dúvidas, provocativa versão sobre a figura de Cristo, bem de acordo com a época em que foi produzido, (memso período em que musicais de cunho semelhante, como "Hair" e "The Rocky Horror Picture Show" foram lançados). Para quem se interessar por uma nova maneira de entender Jesus, é altamente recomendável.

Nota: 4 em 5 estrelas

 Por Douglas Braga







Alfred Hitchcock Presents

A Internet pode perfeitamente traser coisas boas e coisas ruins. Mas coisas ruins aparecem em todo canto, a todos os lugares. Mas somente na Internet coisas ruins se tornam sucessos (e.g. Justin Bieber). As coisas boas são dos mais variados gêneros, como download de filmes, este blog, notícias em segundos, este blog, fóruns sobre cinema, este blog, etc.

Para enriquecer a lista, posso dizer que hoje encontrei uma raridade que creio ser inédita no Brasil. A primeira temporada da famosa série que Alfred Hitchcock (Disque M para Matar, Janela Indiscreta) apresentou, que mostrava histórias de suspense e crime, "curiosamente chamada de" Alfred Hitchcock Presents.

O vídeo abaixo é o primeiro episódio da série, apresentando a história "Vingança". Repare no senso de humor quase montypythoniano de Hitch.

Seu navegador não suporta o vídeo.



Para aqueles que não sabem inglês, o vídeo está legendado.

Para aqueles que não perceberam, esta é a primeira parte de três vídeos com a continuação do episódio.

Por Victor Bruno

sábado, 25 de setembro de 2010

Videocast Ornitorrinco Cinéfilo - Terrence Malick



Finalmente consegui.

Por Victor Bruno

Assassinos por Natureza

Assassinos por Natureza
Natural Born Killers, 1994
Dirigido por Oliver Stone
Estória de Quentin Tarantino
Roteiro de Richard Rutowski & David Veloz & Oliver Stone
Com Woody Harrelson, Juliette Lewis, Robert Downey Jr., Tom Sizemore, Tommy Lee Jones

Síndrome de Bernardo Bertolucci. Só se for isso mesmo. Esta é a única explicação para este filme. O que é Assassinos por Natureza? A intenção de Stone era, aparentemente, fazer uma crítica a alienação, influência da mídia e a glorificação da violência nos Estados Unidos. Me parece um tanto hipócrita da parte de Stone fazer um filme dessa maneira, sendo que ele escreveu o violentíssimo Scarface (Brian De Palma, 1983). Todavia, qualquer um com o mínimo de conhecimento da história de Stone sabe que ele tem uma ânsia descontrolada de criticar os EUA. E de ser polêmico. Aliás, este é o significado do termo Síndrome de Bertolucci: querer ser polêmico a qualquer custo.

Mickey e Mallory Knox (Harrelson e Lewis, respectivamente) são dois assassinos psicóticos. Eles estão fazendo uma série de assassinatos pela Rota 666. O egomaníaco repórter Wayne Gale (Downey Jr.), apresentador do popular programa Maníacos Americanos, que mostra assassinos bárbaros (por que eu disse isso? O título é auto-explicativo), resolve glorifica-los, afinal, tragédia sempre trás grandes audiências, fama, fortuna, etc. Nós vemos os crimes bárbaros que eles cometem -- assassinam os pais, pessoas inocentes, policiais -- e a tentativa desesperada de usar Mickey e Mallory como trampolim para a fama, e como o povo alienado morde a isca da história.


A trama é interessante. Stone poderia ter usado isso para fazer o filme da sua vida. Uma obra profunda e reflexiva, que poderia fazer o público pensar, refletir. "Espera, é exatamente isso o que fazemos!" Poderia. Mas não faz. Ao contrário, Stone consegue deixar o público com dor de cabeça. Qual, sinceramente, meu Deus, a necessidade de mais de 3.000 cortes num filme de pouco mais de uma hora e meia? Nenhuma.

Felizmente o filme é salvo por Woody Harrelson (Na Trilha do Sol, O Povo Contra Larry Flynt). Poucas vezes podemos ver um ator encarnar com tamanha competência um personagem como Harrelson faz neste filme. Bom, o fato é que ele é talentoso, isso é inegavel, e as melhores falas do roteiro de David Veloz, Richard Rutowski e do próprio Oliver Stone estão com ele. Harrelson nos mostra em seu Mickey Knox uma pessoa desprovida de qualquer sanidade mental, sem o mínimo de escrúpulos, cínica e arrogante. "Sou um mensageiro", ele diz.

Juliette Lewis (que em alguns momentos me lembrou a Brooke Shileds) e Robert Downey Jr. não estão ruins. Apenas não chegam aos pés da interpretação de Harrelson, mas tudo bem. Na verdade, Lewis interpreta um papel de média importância. Eu não diria inexpressivo. Isto fica para Tommy Lee Jones. Eu diria que ele só é importante na última cena da rebelião. Mas o que ele faz lá poderia ter sido feito por qualquer outro.


Stone, apesar dos seus 3.000 cortes é capaz de chocar o espectador, sem dúvidas. Ele prova-se um bom diretor aqui. Na verdade... ele não é um mal diretor. Apenas o seu exagero me deixa com raiva. Eu não quero nem pensar no trabalho que Brian Berdan e Hank Cowin tiveram para fazer as vontades de Oliver. Mesclar animação, comerciais de TV, Super 8 e uma outra infinidade de mídias para fazer a mensagem do diretor ser compreendida (embora fique incompreendida pelo estilo incompreensível do incompreensível Oliver Stone) deve ter sido duro.

E se a edição já torna o filme meio intragável, adcione a isso uma fotografia lisérgica como a de Robert Richardson (Cassino, O Aviador). Hand-held, takes livres de steadicam, ângulos holandeses (ou se você preferir, tortos), cores vibrantes, escandalosas, berrantes. Na antepenúltima colaboração de Richardson com Stone, o visual adotado pelos dois não poderia ser mais escandaloso. (Isso só piorou em Nixon, no ano seguinte). Se no início isso prova-se brilhante, e convidativo, com o passar do tempo o estilo se torna chato e enfadonho.

Pelo menos existe algo de interessante fora a atuação de Woody Harrelson. O rear projection adotado por Stone. Sem contar que... que... não. Só isso mesmo.

Enfim. O intúito de Stone era dar um chute nos Estados Unidos. Mais um, na verdade. No final o filme prova-se um chute no nosso cérebro. Não como em Laranja Mecânica. É um chute que mostra o descontrole de um diretor. Perturbador, mas chato.

Nota: 2 estrelas em 5

Por Victor Bruno

Grandes Cenas - O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford

Edward O'Kelly caminha por uma paisagem nevada com um olhar de determinação. A voz informativa do narrador é escutada:

Narrador - Edward O'Kelly veio do Bachelor às 1 da tarde. Ele não tinha nenhum esquema, nenhuma estratégia. Não tinha nenhum acordo com alguma autoridade superior. Apenas um vago desejo de glória e de revanche contra Robert Ford.

Tudo o que Robert Ford está fazendo é checar as cartas do seu bar. Vazio. Enquanto isso Edward O'Kelly está comprando uma arma numa tenda à céu aberto.

Narrador - Ele foi condenado à uma vida de serviços na Penitenciária do Colorado por homicídio de segundo grau. Mais de 7.000 assinaturas eventualmente garantiram a petição de libertação de O'Kelly, e, em 1902, o governador James B. Ullman concedeu perdão ao homem.

A imagem congela em O'Kelly.

Um grupo de mineiros bebe no bar de Bob Ford. Um deles observa uma abotoadura de opala que o dono do lugar está usando.

Mineiro - Você não deveria usar isso, Bob. Opalas dão má sorte.

Robert Ford - Minha sorte já anda bem ruim. Opalas não mudariam muita coisa.

Mineiro - Sei.

Robert retira seu chapéu e abre o jornal.

Narrador - Não haveriam lamentos para Bob, nem fotografias do seu corpo sendo vendidas em bancas de jornais, ninguém formaria multidões para o seu funeral em meio a chuva. Biografias não seriam escritas, nenhuma criança seria batizada com o seu nome. Ninguém nunca pagaria vinte dólares só para estar no quarto que ele cresceu.

Edward O'Kelly invade o Omaha Club. Robert Ford se vira e nós congelamos seu rosto.

Narrador - A arma dispararia. Ela May gritaria. Mas Robert Ford iria apenas cair no chão, olhar para o teto. A luz esvaíndo pelos seus olhos antes de encontrar as palavras certas.

Por Victor Bruno

Vamos assistir Batalha Naval!

Em 2012 aparentemente assistiremos uma adaptação para o clássico jogo que eu e você jogávamos nos nossos tempos de infância: "Batalha Naval".

Eu achava que podia ter uma história bacana. Uma das cenas mais interessantes que eu tenho da minha infância é o clima emocionante que o jogo tinha. Afinal, você acertou ou não? (Além desse jogo tinha outro, chamado "Combate", que era sensacional.)

Mas não! Não senhor. O plot de Battleship será... bom, mais ridículo impossível. Olha só a porcaria de sinópse: terráqueos estão em guerra contra alienígenas. O filme toma lugar entre o céu e a terra. Rihanna, Hammish Linklater e Liam Neeson já estão confirmados para o elenco do filme.

Eu só estou imaginando como será o filme:

O general se aproxima de um enorme computador. Todos os seus subordinados estão olhando fixamente para ele, com um ar assustado. O general se senta numa cadeira, suando frio. Então ele diz:

- B-07!

Uma voz metálica, alienígena, responde:

- Água!

A direção é de Peter Berg (Hancock, O Reino).

Por Victor Bruno

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Trailer que não diz e que não quer dizer nada

Acho que a mínima função de um trailer é mostrar como o filme vai ser, pelo menos dar um gostinho de como será a obra. Se não, pelo menos o trailer pode se dar o trabalho de contar a sinopse do filme. Entretanto existe um outro gênero de trailer, que eu chamo de "trailer nada". É um trailer que não diz e que não quer contar nada.

Do ponto de vista estratégico é interessante, por que se houver algo que chame a atenção, eventualmente o público vai querer assistir o filme. Mas, e o espectador atento que percebeu que o trailer não conta droga nenhuma? Ah... esse vai ficar de fora, e provavelmente não vai perder muita coisa. Provavelmente o filme realmente é um O Portal do Paraíso (Heaven's Gate, Michael Cimino, 1980) da vida.

Um exemplo perfeito de "trailer nada" é o de Os Famosos e os Duendes da Morte (Idem, Esmir Filho, 2009). O filme causou um certo reboliço, era candidato ao Oscar 2011, e pela primeira vez eu conseguir ver um filme brasileiro sem ter uma câmera à lá Lars Von Trier. O filme parece ter um conteúdo filosófico, algo meio Terrence Malick, Charlie Kaufman. Aliás, pelo trailer, parece que eles emularam a todo instante o jeito Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças de ser. Cidadezinha isolada, clima frio, mangas compridas, fotografia gélida de tom azulado... mas, qual a droga da história?



Por Victor Bruno

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Dezembro

Por algum motivo, em um lapso de socialidade,
Malick liberou esta imagem belissima. Isso é tortura!

2009 veio e passou... estamos agora no fim de 2010 e ainda aguardamos um sinal de luz. Afinal, quando Terrence Malick (Dias de Paraíso, Terra de Ninguém) liberará seu novo filme, The Tree of Life.

De acordo com a Le Film Français, a EuraCorp (distribuidora francesa do filme), The Tree of Life será lançado no dia 11 de fevereiro na França. Sim, e daí? Dia 5 de dezembro de qual ano? Vindo de Malick, pode ser de 2012.

Recordando sua consciência, The Tree of Life não tem nem poster, nem trailer.

Por Victor Bruno

domingo, 19 de setembro de 2010

Jeanne Dielman, 23 Quaid du Commerce, 1080 Bruxelles

Jeanne Dielman, 23 Quaid du Commerce, 1080 Bruxelles
Jeanne Dielman, 23 Quaid du Commerce, 1080 Bruxelles, 1975
Dirigido por Chantal Akerman
Escritora Chantal Akerman
Com Delphine Seiyrig, Jan Decorte

Embora feito por uma Chantal Akerman de apenas 25 anos, Jeanne Dielman esbanja maturidade ao retratar de uma maneira extremamente fria e desesperançosa o cotidiano de uma dona-de-casa viúva que representa de uma maneira quase que universal o enfado burguês que tantos cineastas tentam evitar. Enquanto em quase todas as obras cinematográficas existentes a montagem tem como objetivo deixar a obra mais dinâmica, limpando o filme das "partes chatas do cotidiano", em Jeanne Dielman, Chantal faz questão de deixar essas partes, visto que é exatamente esse o tema a ser abordado na obra.

O filme se consiste em aproximadamente 200 minutos de projeção compostos unica e exclusivamente por planos de câmera fixa acompanhando as tarefas do dia-a-dia da pesonagem-título, como fazer a comida, limpar a casa, checar as correspondências e jantar com seu filho adolescente. Dessa forma Chantal nos insere na vida de Jeanne durante três dias, apresentando-nos a ela de uma forma extremamente íntima e, em certos pontos, quase que voyeurística.


O ritmo relativamente enfadonho que prevalece no filme é essencial para o funcionamento pleno da obra. Lentamente vamos percebendo o desgaste psicológico infligido pela rotina repetitiva à protagonista, um desgaste tão sutil que com uma montagem mais ágil passaria desapercebido. Esse desgaste vem retratado na simples forma com que uma mecha de seu cabelo pende sobre sua testa ou no simples ato de deixar a tirrina destampada.

Em Jeanne Dielman, Chantal usa a personagem título para criticar o vazio existencial de uma parcela das mulheres modernas, cuja vida é tão vazia ao ponto de a sua maior preocupação no dia é saber se as batatas estão no ponto ou se esse botão vai combinar com o casaco. Uma forma particularmente incômoda de retratar a futilidade da vida de sua personagem, conferindo ao filme o ar feminista tão presente na filmografia de sua diretora.


Como se não o bastante, Jeanne se prostitui diariamente em sua própria casa, enquanto seu filho está na escola. Dessa forma ela financia a vida burguesa e sacia sua necessidade de prazer carnal aflorada após a morte de seu marido, que não amava. Todos elementos reforçando a ótica feminista do filme.

Por conta de seu ritmo lento, Jeanne Dielman é um filme difícil de ser visto e ainda mais difícil de ser apreciado, sendo renegado à um status de filme marginalizado. Não se trata de um filme para ser assistido buscando entretenimento ou prazer, mas sim para buscar reflexão e maturidade, algo que essa obra extremamente autoral esbanja. Nas três horas de filme, Chantal consegue derrotar qualquer espectador, exceto os mais obstinados e pacientes. Espectadores esses que, após o término do filme, serão brindados com um dos melhores e mais importantes filmes europeus dos anos 70.

Nota: 4 estrelas em 5

Por Jorge Balseiros*

* Jorge Balseiros é um free-lancer para o Ornitorrinco Cinéfilo.

sábado, 18 de setembro de 2010

A propaganda em tempos de guerra e como ela pode ser usada de modo exemplar

É mais que comum que em tempos de guerra a propaganda seja usada para mudar a opinião do povo em relação à algo ou alguém (ou a mistura dos dois). Todavia, de nenhuma outra forma veremos o exemplo da propaganda ser usado com tamanho brilhantismo e destreza como na Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945). Muitos filmes foram feitos para mostrar que o nazismo é mal e que a América (não os Aliados, mas a América) é uma terra em que tudo é bom. Aliás, só o que faltava era dizer que a América é a terra de onde mana leite e mel.

Existem dois filmes que mostram de maneira perfeita, mas perfeita, o uso da propaganda durante a Segunda Guerra. Der Fürher's Face e Education For the Death. São dois filmes perfeitos em seu objetivo: mostrar para as crianças norte-americanas que o nazismo é ruim.



Você nota ai que Donald, na Nazilândia, é uma pessoa totalmente comandada aos desejos do Fürher, que não tem desejo próprio -- melhor, que não pode ter desejos próprios. É alimentado com o mínimo possível. Trabalha o máximo possível, praticamente sem férias (embora isso pareça mais com o fordismo, enfim). Um ótimo exemplo da propaganda.

Não consegui encontrar um vídeo decente do sombrio Education For the Death. É um vídeo mais adulto (a primeira cena lembra muito os julgamentos que Joseph K. tinha em O Processo, de Franz Kafka), mas excelente em seu propósito.

When der fuehrer says we is de master race
We heil, heil, right in Der Fuehrer's Face
Not to love der fuehrer is a great disgrace
So we heil, heil, right in Der Fuehrer's Face

When Herr Goebbels says we own the world and space
We heil, heil, right in Herr Goebbels' face
When Herr Goering says they'll never bomb dis place
We heil, heil, right in Herr Goering's face

Is we not the supermen?
Aryan pure supermen?
Ja we is the supermen
Super duper supermen
Is this Nutzi land so good
Would you leave it if you could?
Ja this Nutzi land is good
We wouldn't leave it if we could

We bring to the world New Order
Heil Hitler's world New Order
Everyone of foreign race
Will love der fuehrer's face
When we bring to the world dis order

When der fuehrer says we never will be slaves
We heil, heil, but still we work like slaves
While der fuehrer brags and rant and lies and raves
We heil, heil, and work into our graves

When der fuehrer yells I got to have more shells
We heil, heil, and so we make more shells
If one little shell would blow him right to --
We heil, heil, and wouldn't that be swell

Por Victor Bruno

Lolita

Lolita
Lolita, 1962
Dirigido por Stanley Kubrick
Roteiro de Vladimir Nabokov (baseado no romance de Vladimir Nabokov) (e Stanley Kubrick, não creditado)
Com James Mason, Peter Sellers, Shelley Winters, Sue Lyon

Stanley Kubrick é, sem dúvidas, um dos diretores mais cultuados de todos os tempos. Filmes como "Laranja Mecânica" e "2001: uma Odisséia no Espaço" geraram milhares de fãs, embora exista um número razoável de pessoas que consideram sua obra super-valorizada, opinião esta na qual não me enquadro. E, dentre as diversas obras-primas do diretor, está "Lolita", de 1962.

Lolita é adaptado do famoso livro homônimo de Vladimir Nabokov, que também escreveu o roteiro do filme. E aqui, devo dizer que não li o romance original, portanto não posso tecer comparações. O enredo do filme pode ser resumido da seguinte forma: o professor e escritor britânico Humbert Humbert (James Mason) que decide viver nos EUA, aluga um quarto na reidência aonde vive Lolita (Sue Lyon), uma jovem que emana sexualidade, e pela qual o professor desenvolve uma espécie de paixão obsessiva. Lá vive também Charlotte Haze (Shelley Winters), a mãe de Lolita, uma viúva carente e, de certa forma, amargurada.

O filme é quase impecável desde a instigante seqüência inicial, em que somos apresentados a Clare Quilty (Peter Sellers), personagem cujas implicações na trama só conhecemos posteriormente. Daí em diante, somos levados a um desenrolar de acontecimentos que desembocam novamente nesta cena inicial. O roteiro é absolutamente coeso, apresentado um bom desenvolvimento dos 4 personagens principais citados acima, sendo pontuado por excelentes diálogos. À medida em que as relações entre o professor e Lolita se intensificam, envolvendo inclusive sua mãe, a dramaticidade cresce, com uma pitada de humor negro delicioso em algumas cenas.

Em nehum momento, Kubrick mostra explicitamente a que nível chegaram as relações entre Humbert e Lolita (o que ainda hoje é muito criticado por alguns "especialistas"), mas tudo fica de forma subentendida (em muitas falas, os personagens esclarecem a "ação" que eles realizaram, mesmo sem esta ter sido mostrada). A habilidade do diretor fica explícita em momentos memoráveis, como a já citada cena inicial; toda a seqüência de diálogos entre o professor e a Sra. Haze, quando esta descobre a verdadeira intenção dele com Lolita; e o diálogo entre o professor e o sr. Quilty disfarçado (não vou entrar em detalhes para não estragar surpresas).

Em meio às conturbadas relações entre os personagens, o elenco se sai muito bem. James Mason segura a carga dramática exigida de seu personagem, e se sobressai em todas as cenas em que dialoga com Sue Lyon, que está bem como a ninfeta, mas nada demais. Mas os destaques vão para os outros dois atores: Shelley Winters apresenta uma atuação impecável, e não há como não se encantar pelo trabalho desta garnde atriz; e Peter Sellers, que não aparece muito, mas seu personagem se mostra fundamental à trama. Posteriormente, Sellers trabalhou novamente com Kubrick na obra-prima Doutor Fantástico (meu filme favorito do diretor).

Em aspectos técnicos, o filme também é impecável. A trilha sonora fantástica, entrando nos momentos certos, sem exagero (aliás, as trilhas dos filmes de Kubrick sempre foram um destaque a parte). A tão criticada montagem, a meu ver, é muito boa: em 152 minutos de duração, o filme não se mostra cansativo. A medida que as relações se intensificam, o espectador se vê "grudado" diante da tela, e o filme acaba fluindo bem.

Enfim, Lolita pode ser considerada mais uma grande obra de Stanley Kubrick, embora seus filmes mais considerados pelos críticos e pelo público em geral tenham vindo depois deste. . Um filme ainda instigante, bem construído, extremamente bem interpretado e conduzido por um dos maiores gênios do cinema de todos os tempos.
Nota: 4 estrelas em 5

Por Douglas Braga

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O Rei da Comédia

O Rei da Comédia
The King of Comedy, 1982
Dirigido por Martin Scorsese
Escrito por Paul D. Zimmerman
Com Robert De Niro, Jerry Lewis, Sandra Bernhard, Diahnne Abbott, Shelley Hack

Eu sempre odiei a idéia que as pessoas têm que Scorsese só deve fazer filmes sobre gângsteres, violência e pessoas emocionalmente destroçadas. É um erro crasso. Uma coisa é você saber tratar melhor certo assunto. Outra é criticar completamente só por que o cineasta pisou em um campo completamende diferente do que ele está habituado. É óbvio que veremos uma queda na qualidade do trabalho, mas antes isso do que nada.

Começado a ser produzido imediatamente após o sucesso de Touro Indomável, e tendo como pano de fundo a tentativa de assassinato do presidente Ronald Regan por parte de John Hinckley, Jr., tendo motivo a sua obsessão pela personagem de Jodie Foster no filme Taxi Driver (que, como o Universo sabe, é do Scorsese) o filme tem enfoque em Rupert Pupkin (De Niro) (um trocadilho com a palavra "pumpkin", que significa abóbora). Ele é um homem com um sonho: se transformar num astro, custe o que custar. Seu maior ídolo é um comediante chamado Jerry Langford (Lewis), que apresenta um programa popular de televisão. Certo dia Pupkin salva seu ídolo do ataque histérico de uma fã insana chamada Masha (Bernhard). Eles entram no carro e Pupkin conta que quer fazer uma aparição especial no programa de Langford. Este replica, dizendo para ligar para a sua secretária. Quando seu pedido é negado, começa uma cruzada para que o sonho de Pupkin seja realizado, e tudo parece degringolar para os resultados mais catastróficos possíveis.


É muito interessante observar a crítica que o filme faz sobre os astros e os fãs. O culto às estrelas que existe no nosso meio. Se hoje nós já veneramos atores, astros da música (mesmo que nem sempre seja "música"), imagine numa época em que Tina Turner e sua música dançante, ABBA, Bee Gees estavam rumando ao estrelato. Em que a histeria pelos astros e estrelas estava no alto. Em que se matava para estar perto das estrelas. O cenario que Scorsese traça em seu filme não poderia ser mais brilhante. Este é um dom que Scorsese carrega e que ele não pode se separar.

Agora, mais interessante que isso são os aspectos psicológicos que a trama de O Rei da Comédia trás para nós. Jerry Lewis interpreta com se Jerry Langford um homem que em cima do palco do seu programa é o humor em pessoa, mas quando as luzes se apagam e ele abandona o palco, ah... ele se transforma num sujeito retraído, extremamente indiferente aos outros. Sem a menor preocupação com o sofrimento alheio. A complexidade das personagens que o roteiro do crítico de cinema Paul D. Zimmerman trás é divina! Pupkin também é um sujeito meio amalucado. Aliás, meio é eufemismo. O homem é insano. Tem 34 anos e ainda mora com a mãe. Construiu no seu quarto uma espécie de estúdio de talk show, com fotos dos seus ídolos, Liza Minnelli e o próprio Langfeld. Sem contar nos constantes delírios que ele tem, sonhando que a personagem de Lewis vem ao seu encontro pedindo para apresentar seu show durante seis semanas, ou dizendo que ele é um gênio. Em seus devaneios Rupert é capaz de reclamar com um desenhista por que sua cabeça foi desenhada menor que a de Langfeld. No mais, Rupert é uma variação de Travis Bickle em Taxi Driver.


Como se não bastasse, Scorsese princela o filme com momentos de pura genialidade. O que não dizer da triste, claustrofóbica e vergonhosa cena em que Rupert faz um monólogo para uma parede com a foto de uma platéia? Puro genialismo. Infelizmente algumas pontas dos filmes ficam soltas demais. Aliás, da metade do segundo ato até o final algumas coisas ficam estranhas. Isso é um pequeno tropeço do filme, obviamente, por que o final, maravilhoso, compensa tudo. O que é o final deste filme! Foi uma alucinação do Pupkin? Foi verdade? Não dá para saber.

Além disso, o filme conta com uma bela fotografia. Iniciado com cores leves ao início, e mergulhando num jogo de luz e sombras belíssimo ao final (a iluminação do "encontro" de Masha é sensacional), o filme consegue retratar bem a aura desmanchada daquelas personagens, que fazem ri, mas que por dentro são tristes e destroçados.

Nota: 4 estrelas em 5.

Por Victor Bruno

Double Feature - Exploda Minha Cidade + O Quarto

Exploda Minha Cidade (Saute Ma Ville, 1968) - Primeiro trabalho de Chantal Akerman, feito quando ela tinha 18 anos e era apenas uma estudante de cinema belga, já apresenta claramente o estilo de cinema que caracterizaria sua filmografia. Em apenas 12 minutos, ela se define como cineasta ao apresentar um drama doméstico claustrofóbico com uma protagonista extremamente ambígua, algo que seria largamente utilizado em seus demais filmes.

O filme segue os passos de uma jovem chegando em seu apartamento, em algo à primeira vista, perfeitamente habitual. Logo, ela se tranca na cozinha, ambiente em que quase toda a obra transcorrerá. Aos poucos, realizando suas tarefas habituais, como lavar o chão e fazer comida, vemos a protagonista (interpretada pela própria Chantal) perder lentamente a sanidade mental, indicando, pela ótica da diretora, que a vida reclusa à atividade doméstica acaba por levar a mulher a atitudes irracionais.

Outro ponto alto do filme é a sua trilha sonora composta por sons produzidos utilizando o próprio corpo humano como instrumento, como em sons produzidos com a boca e na tilha sonora cantarolada. Essa trilha sonora ressaltada pela montagem dinâmica usada no primeiro minuto do filme em que a personagem de Chantal sobe até o seu apartamento. Uma cena simplesmente genial.

Exploda Minha Cidade é um filme claramente experimental, porém Chantal já demonstra uma segurança incrível na direção e já inicia o desenvolvimento dos seus ideais feministas que viriam a ser melhor explorados nas suas obras subsequentes.



O Quarto (La Chambre, 1972) - Um dos filmes mais simples possíveis, O Quarto se consiste em um passeio de 10 minutos pelo quarto de Chantal Akerman a partir de uma câmera fixada no centro do mesmo. A obra é nada mais do que um giro de 900 graus da câmera que após o qual começa a fazer giros menores de 120 graus diante da cama em que Chantal repousa.

Em 10 minutos de quarto, temos uma visão íntima da artista, em que ao apresentar seu quarto deixa a impressão de que estamos mais íntimos da mesma. O curta é basicamente Chantal abrindo seu universo para que nós, espectadores, possamos adentrá-lo.

Porém, nessa obra Chantal começa a adotar alguns estilos que viriam a ser duramente criticados e que a transformariam em uma cineasta de pouco sucesso comercial. Em O Quarto, Chantal começa a demonstrar a lentidão e a repetição narrativa que viriam a pontuar sua filmografia, muito embora esses dois elementos funcionem como uma forma de aproximar seus filmes da vida real, lenta e repetitiva.


Por Jorge Balseiros*

* Jorge Balseiros é um free-lancer para o Ornitorrinco Cinéfilo.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Nós invadimos o orkut

Nosso blog agora tem um representante no orkut. Visite nossa comunidade, criativamente chamada de Ornitorrinco Cinéfilo.

Clique aqui para acessa-la.

Por Victor Bruno

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A Filha de Ryan

A Filha de Ryan
Ryan's Daughter, 1970
Dirigido por David Lean
Roteiro Original de Robert Bolt
Com Sarah Miles, Robert Mitchum, Trevor Howard, John Mills, Leo McKern, Christopher Jones

O maior problema de ser gênio é que as pessoas sempre vão esperar o melhor de você. Agora imagine-se na seguinte situação: você já dirigiu três clássicos sensacionais: A Ponte do Rio Kwai, Lawrence da Arábia e Doutor Jivago. O mínimo que vão esperar de alguém como você é que faça algo avassalador. Que trema as bases do cinema. Entretanto, após estes três filmes, você pega e faz este A Filha de Ryan.

O filme conta a história de Rosy (Miles), a filha de Ryan (McKern). Ela é apaixonada pelo seu ex-professor: Charles (Mitchum). Eventualmente eles se casam. Enquanto isso a Irlanda está envolvida na sua guerra por independência da Inglaterra, que, ao mesmo tempo está envolvida na Primeira Guerra Mundial. Quando um oficial da reserva chamado Doryan (Jones) chega na cidadezinha, Rosy imediatamente se apaixona por ele e corre o risco de ser descoberta pelo seu marido, e sofrer a rejeição de toda uma cidade.


O que é mais importante. Imagem ou história? Alguns diretores conseguem conciliar isso de forma perfeita. Stanley Kubrick e seu estilo híbrido, Terrence Malick e suas imagens impressionistas da natureza, que servem como molde para as suas histórias... entretanto David Lean adquiriu uma megalomania que não sabe decidir se impressiona a platéia com belas imagens ou se desenvolve a história e os seus componentes. Aqui ele tomou a decisão errada e decidiu torturar mais um pouco o diretor de fotografia Freddy Young (Lawrence da Arábia, Doutor Jivago), e arrancar belas imagens. Belas, porém vazias. No momento em que Lean adquire esta megalomania, esta obcessão de filmar a imagem perfeita, tudo no filme degringola para o pior.

Se esta fosse a única falha do filme, ah, meu Deus, como seria uma falha fenomenal. Como Hal Hinson diz em sua crítica de Cassino (1995 - Martin Scorsese) "Vê-lo falhando é mais formidável do que ver os outros falhando". Entretanto, vejamos, Lean repete um erro neste filme que quase avacalhou Doutor Jivago: ele não sabe mostrar a guerra que está acontecendo ao redor das personagens como uma moldura. Lean, de forma alguma, não consegue dividir o tempo e a importância das personagens que estão mais envolvidas na guerra do que na vida pessoal de Rosy. Alguns se tornam tão desimportantes e chatos de se ver que quase me fizeram desistir de assistir o filme (e.g. Thomas Ryan, o pai de Rosy).

O festival de falhas desse filme não para por ai. Lean trata com total frieza as personagens principais. Nunca vi atuações tão frias como as de Sarah Miles e Christopher Jones. O roteiro de Robert Bolt (A Missão, O Homem que Não Vendeu Sua Alma) não dá a menor importância aparente para a personagem de Jones. Aliás, seria algo extremamente interessante o roteiro jogar uma luz à mais aqui, pois sabemos que ele tem um passado perturbado e manchado de negro. Felizmente a direção de Lean consegue elevar um pouco mais a importância deste personagem (as cenas de flashback são muito boas).


Apesar de tantas falhas, Lean consegue nos dar alguns prós em sua obra. A cena da ilusão de Charles, tentando recompor os passos que Rosy e Doryan na praia é sensacional. Um belo uso da psicologia na tela. Mesmo tão desinspirado, Lean prova-se um excelente diretor. O mais notável neste filme é uso de metáforas visuais, principalmente nas pós-lua de mel de Rosy e Charles. Observe como a música de Beethoven tocada aqui se torna cada vez mais melancólica, até o momento em que ela para, assim como o amor do casal. Todavia a frieza de Lean torna o andar da carruagem da história horroroso, e o final surpresa que o filme reserva torna-se interessante, mas não surpreendente, por que nós já estamos enfadados de todo aquele blá, blá, blá irlandês. Blá, blá, blá este que se torna ainda mais enfadonho e irritante com uma trilha sonora terrível composta por Maurrice Jarre. Não se deixe enganar com a bela música de abertura. Em momentos onde Lean finalmente consegue estabelecer tensão, Jarre vai lá e bota uma música estranhamente... alege e feliz!

Mais curioso do que tudo, é a indicação de John Mills ao Oscar, e sua eventual vitória. Assim como Sarah Mills (sinceramente, apenas bonitinha, mas ordinária), que também foi indicada.

No mais, vale pelas imagens.

Nota: 3 estrelas em 5

Por Victor Bruno

P.S.: Num certo fórum de cinema que frequento, onde também posto minhas críticas, criou-se uma espécie de complô contra mim, acusando de arrogância, ou que quero ser mais do que sou, na qualidade de crítico. O senhor Allan Danilo começou a criticar qualquer espécie de texto que publico lá, com a justificativa que "enrolo" demais, uso palavras "difíceis" para dar um ar mais "inteligente". Bom, como resposta tenho apenas isso: não escrevo meus textos para você.

Cadeira 6 - Malcolm McDowell

Sinceramente, o que você acha mais importante: Manter uma carreira cheia de sucessos, mas entretanto são superproduções que só fazem sucesso por causa dos efeitos especiais e das belas atrizes que dividem a tela com você; ou fazer apenas os filmes que lhe interessam, mesmo sabendo que provavelmente esses filmes são polêmicos, controversos, e rapidamente cairão no lago do esquecimento (e eventualmente emergir novamente sob o rótulo de "cult")?

Falar no nome de Malcolm McDowell é falar em dois filmes: Calígula e Laranja Mecânica. Ambos foram extremamente polêmicos na altura do seu lançamento. O primeiro pelas suas cenas de orgias intermináveis, sendo impossível diferenciar o que é o erótico e o que é pornô. Aliás, fica até difícil de saber que aquelas cenas são relevantes para a trama (mas um filme dirigido por Bob Guccione... bom, sem comentários...). O segundo filme é um irretocável clássico do cinema.

Entretanto McDowell tem outros filmes. Principalmente Se..., O Lucky Man! e Britannia Hospital, de Lindsay Anderson, onde interpretou o famoso personagem Mick Travis, um incendiário revolucionário. Estes filmes, clássicos da English New Wave... bem, eu nunca havia ouvido falar até virar fã do McDowell. Mas acredite, são excelentes filmes.

Pela sua coragem de interpretar personagens tão controversos, Malcolm McDowell ocupa a cadeira 6 da nossa lista de seletos.

Por Victor Bruno

Roteiros - Rede de Intrigas

Meu terceiro filme favorito de Sidney Lumet (perde apenas para Um Dia de Cão, e Doze Homens e Uma Sentença), e o favorito de Paul Thomas Anderson -- conforme diz a Wikipédia, por isso não leve a sério -- é um ótimo retrato da sede de poder e de como é necessário fazer sensacionalismo para que sejamos escutados. No meu ponto de vista, um dos melhores retratos do jornalismo já feitos na história do Cinema.

I am mad as hell, and I'm not going to take this anymore!

Clique aqui para baixar.

Por Victor Bruno

domingo, 12 de setembro de 2010

The Rocky Horror Picture Show

The Rocky Horror Picture Show
The Rocky Horror Picture Show, 1975
Dirigido por Jim Sharman
Roteiro de Jim Sharman e Richard O'Brien (baseado na peça de Richard O'Brien)
Com Tim Curry, Susan Sarandon, Richard O'Brien

Na década de 1970, musciais de conteúdo contestador ou "subsersivo" em relação a determinados valores sociais tradicionais despontaram no cinema, oriundos de peças homônimas do teatro. Dentre eles, podemos destacar "Jesus Cristo Superstar", "Hair" e este "The Rocky Horror Picture Show", uma bela e divertida homenagem aos filmes de ficcção cinetífica e terror.

Na trama, bastante bizarra à primeira vista, o casal Brad Majors (Barry Bostwick) e Janet Weiss (Susan Sarandon, linda), que acabaram de se tornar noivos, partem em busca do homem responsável por eles terem se conhecido, o doutor Everet Scott (Jonatham Adams). Entretanto, em uma noite chuvosa, o pneu do carro fura, e eles vão parar no castelo do Dr. Frank N'Furter (Tim Curry), um transexual que está realizando uma festa para seus amigos alienígenas do planeta Transilvânia em comemaração à criação de Rocky (Peter Hinwood), feito para atender à luxúria de seu criador.

Apesar da trama parecer estapafúrdia, o roteiro é bastante coeso dentro de sua lógica, apresentando um bom desenvolvimento de personagens, inclusive os empregador do Dr. Furter, Riff Raff (Richard O'Brien, também compostior das músicas), Magenta (Patricia Quinn) e Columbia (Little Nell). Os diálogos são ótimos, promovendo um humor negro delicioso, com homenagens a filmes como "Frankenstein", "Dracula" e "King Kong", dentre muitos outros.

A trilha sonora é um destaque à parte. O filme já inicia com uma das canções mais interessantes, "Science Fiction/Double Feature", cantada apenas por uma boca, e com várias referências a filmes antigos. Todas as músicas são muito boas, mas podemos destacar também "Time Warp" (que possui a coreografia mais divertida), "Sweet Tranvestite" (que marca a entrada triunfal do Dr. Furter), "Touch-a, touch-a, touch-me" (marcando uma profunda virada comportamental na personagem Janet) e "Rose tints my world", já no fim.


Mas a alma do filme é a atuação de Tim Curry. O ator incorporou de forma impecável o espírito necessário para o personagem do Dr. Furter, sendo irônico, divertido, irritante, cruel e emocionante, variando de acordo com o momento, além de cantar muito bem. Susan Srandon também se destaca, com sua voz doce e suave, mas com sua personagem se transformanado da "água pro vinho" com o decorrer do filme. Barry Bostwick, ao lado de Susan, também contribi na interpretação do típico "herói" dos antigos filmes de terror, mas sua máscara também cai durante o filme. Do restante do elenco, Richard O'Brien e Patricia Quinn também apresentam uma interpretaçaõ divertidíssima.

Somando a ótima trilha, um roteiro coeso, uma direção segura (Jim Sharman também dirigiu a peça original), a direção de arte e figurino excelentes e um elenco impecável (ao qual ainda podemos somar as pequenas, mas interessantes participações de Meatloaf como Eddie, antigo caso de amor do dr. Furter, e Charles Grey como o narrador), temos um grande filme, que continua sendo exibido até hoje nas sessões de meia-noite de alguns cinemas na Alemanha e EUA. Entrando no espírito do filme, "let's do the time warp again!".

Nota: 4 em 5 estrelas

Por Douglas Braga

sábado, 11 de setembro de 2010

Galeria - Michelangelo Antonioni





Por Victor Bruno

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

The Hollywood Streetboys

Certamente uma das melhores propagandas que já vi. se não for boa, pelo menos é criativa. Estou falando da propaganda da rede Telecine. Automaticamente já assumiu o posto de "minha propaganda preferida". (Ao lado dessa só mesmo aquela da Ford Ranger e seu dia em que o Sol não apareceu.)

Eis o vídeo.



Os diretores, da esquerda para a direita, são: Martin Scorsese, Quentin Tarantino, Woody Allen, Steven Spielberg e Alfred Hitchcock.

Por Victor Bruno

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Writer's block

Como toda pessoa que trabalha com criatividade, em algum momento nós sempre teremos o chamado "writer's block", ou nos tempos antigos, quando ainda falávamos português, bloqueio criativo.

Pesquisando sobre writer's block (meu Deus, como adoro essa palavra) no Google, encontrei algumas imagens humorísticas interessantes. Duas delas, ambas tirinhas, sendo uma do Calvin, pesonagem que sou fã, são extremamente interessantes. Aqui estão:



Caso queiram saber mais sobre bloqueio criativo, leiam as letras do dito axé music.

Por Victor Bruno

Grandes Cenas - Ajuste Final

Bernie está sendo carregado por dois homens no meio da rua. Ele está apavorado, e ainda em seus pijamas. Bernie grita desesperadamente:

- O que está acontecendo?! O que está acontecendo!

- Cala a boca. Você vai para Miller's Crossing.

E assim eles foram. Ao chegarem em Miller's Crossing, Eddie Dane, um homem frio e cruel, braço direito do bookmaker Johnny Caspar, vira-se e fala com Tom Ragen, um homem que, até então, nunca estivera em Miller's Crossing, mas sabe perfeitamente o que ela representa.

- O chefe precisa de uma prova da sua confiança. - Dane entrega uma arma para Tom. - Faça-o agora.

Tom fita Bernie, que está suando frio.

- OK - Diz Tom.

E assim Tom e Bernie entram na mata de Miller's Crossing. Neste momento Bernie não consegue mais conter seu pavor, sabendo que a sua hora final se aproxima. Tom começa a mirar Bernie, que caminha para trás, sem saber para onde está indo ou o que diabos irá acontecer. No tom mais rouco e desesperado do Mundo, ele começa a gritar:

- Você não pode fazer isso! Você não mata pessoas! Você não é igual aqueles animais!, isto não está certo, Tom! Isto está errado! É um mal entendido! Eles não podem fazer isso com a gente, nos não somos tão diferentes deles! Tom! Tom! Eu... eu... eu... eu nunca matei ninguém! Eu apenas usei uma informação de um garoto, é só isso! É a minha natureza! Alguém tem que ver pelo meu ângulo! Eu apenas jogo o jogo! Eu não mereço morrer por isso, não é verdade?!

O mais absoluto silêncio impera nas árvores de Miller's Crossing. Tom fica calado.

- Oh, meu Deus... eu... eu... eu sou só um negociante!, eu não sou ninguém! Mas eu vou lhe dizer algo... eu nunca, nunca dedurei um amigo, eu nunca matei ninguém, nunca dedurei ninguém. Nós não somos como aqueles animais ali! Não somos nós! Isso só pode ser um pesadelo! Um pesadelo. Um pesadelo, Tommy! Eu não posso morrer, no bosque, como um animal estúpido. Não posso morrer no bosque COMO UM ANIMAL IDIOTA! Eu não posso morrer... eu não posso morrer... eu não posso morrer... NÃO AQUI NO MEIO DO NADA!

Sem saida, Bernie se ajoelha aos pés de Tom.

- Eu estou lhe implorando... por favor... eu lhe imploro... olhe no seu coração... olhe...

Tom ergue a arma para a cabeça de Bernie.

- Eu lhe imploro... por favor...


Alguns minutos depois Tom aparece com a arma para Dane.

- Serviço feito?

- Feito.

Por Victor Bruno

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Amadeus

Amadeus
Amadeus, 1984
Dirigido por Milos Forman
Roteiro Original por Peter Shaffer (baseado na peça de Peter Shaffer)
Com F. Murray Abraham, Tom Hulce

25ª Sinfonia de Mozart...

Eu poderia descrever muitas coisas neste texto. Eu poderia descrever, por exemplo, como a mágica deste filme é envolvente e suas atuações transcendem a tela de cinema, mas não posso encontrar palavras. Tudo o que me vem em mente é...

25ª Sinfonia de Mozart.

Eu poderia dizer que Milos Forman faz um trabalho incrível, sutil, vulgar, vibrante, enérgico, memorável. Um trabalho que não podem ser encontrados adjetivos claros, ou existentes, para eu poder escrever aqui. Por isso, na falta de adjetivos...

25ª Sinfonia de Mozart.

Eu poderia dizer que poucos filmes de época conseguem envolver e encantar... e surpreender o espectador com tamanha força, impacto. Não, não poderia descrever. É indescritível o que acontece com o espectador neste filme. Aliás, eu até poderia, mas seria um tanto Mozart, um tanto vulgar. Ah, dane-se, se Wolfgang, com sua vulgaridade, arrebatou a Europa, eu também posso. O espectador tem orgasmos múltiplos enquanto assiste filme. Mas mesmo assim eu não consigo passar a real idéia do que é este filme. Por isso...

25ª Sinfonia de Mozart.

Eu poderia dizer também que alguns dos melhores segundos da minha vida cinematográfica se passaram em uma série de seis close-ups. Sra. Cavalieri. Mozart. Sra. Cavalieri. Mozart. Sra. Cavalieri. Mozart. Ao fundo a esmagadora "Die Entführung aus dem Serail" ditando os cortes, com suas "notas demais". Que idiotice, Joseph. Basta apenas escutar a...

25ª Sinfonia de Mozart.

Eu poderia corrigir o trabalho de Schaffer e Forman, dizendo que nunca existiu muito do que o filme conta. Entretanto tudo é tão absorvente que nem encontro palavras para afrontar de tal maneira este filme. Até lá...

25ª Sinfonia de Mozart.

Nota: 5 estrelas em 5

Por Victor Bruno

Os azuis atacam novamente

Oito minutos a mais. Oito minutos. Pagar vinte reais novamente só para ver oito minutos de filmagem nunca vista antes. Este é o propósito de Avatar: Special Edition.

E você sabe o que tem nestes incríveis oito minutos a mais de filme? Bom. O que vocês verão será, basicamente, o Sam Worthington e a Zoë (ou será que é Zoe? Ela sempre tira e põe o trema em todo filme!) Saldana fazendo sexo por mais tempo do que na versão original. É só isso. Vinte reais para ver um paraplégico saltador azul transando em 3D! A que ponto chegamos?!

Felizmente as pessoas caíram em si e viram que a obra-prima de Cameron não é essa Brastemp toda. Avatar: Special Edition bombou nas bilheterias, arrecadando -- felizmente -- 8.000.000 de dólares. O Cameron só pode ser extremamente estúpido de pensar que nós -- o público -- lhe daríamos mais dinheiro para ver mais porcaria azul.

Bom, mas entre algum momento entre aqui e lá nós fomos estúpidos e lhe entregamos um bilhão para ver gente em 3D na Amazônia.

Eu não. Eles foram.

Por Victor Bruno

Jukebox - Cassino

Uma miscelânea maravilhosa de música clássica, música italiana, rock, pop metal. Mais uma vez Martin Scorsese mostra um excelente e apurado gosto para música. Se o filme fosse ruim, você seria obrigado a vê-lo só pelo soundtrack. Se ainda assim não gostar da soundtrack, volte ao seu funk carioca.

"J.S. Bach Matthäuspassion BMV"
Composed by Johann Sebastian Bach (uncredited)
Performed by the Chicago Symphony Orchestra
Conducted by Georg Solti (as Sir Georg Solti)
Courtesy of the Decca Record Company Limited, London
by Arrangement with PolyGram Film & TV Licensing


"Zooma Zooma"
Written by Paolo Citarella & Louis Prima
Performed by Louis Prima
Courtesy of Capitol Records
Under License from CEMA Special Markets
Published by Shapiro, Bernstein & Co., Inc.


"Moonglow"
Love Theme From Picnic (1955)
Written by Edgar De Lange (as Eddie DeLange), Will Hudson, Irving Mills / Morris Stoloff
Courtesy of MCA Records
Published by EMI Mills Music, Inc./Scarsdale Music Corp. - Shapiro, Bernstein & Co., Inc. - Film Division


"You're Nobody 'Til Somebody Loves You"
Written by Russ Morgan & Larry Stock
Performed by Dean Martin
Courtesy of Capitol Records
Under License from CEMA Special Markets
Published by Shapiro, Berstein & Co., Inc./Southern Music Publishing Co., Inc.


"Sing, Sing, Sing (With a Swing)"
Written and Performed by Louis Prima
Courtesy of Capitol Records
Under License from CEMA Special Markets
Published by EMI Robbins Catalog Inc.


"7-11 (aka Mambo #5)"
Written by Dámaso Pérez Prado (as Perez Prado)
Performed by The Gone All Stars
Courtesy of Rhino Records
by Arrangement with Warner Special Products
Published by Peer International Corporation


"Hoochie Coochie Man"
Written by Willie Dixon
Performed by Muddy Waters
Courtesy of MCA Records
Published by Hoochie Coochie Music
(Administered by Bug)


"Fa-Fa-Fa-Fa-Fa (Sad Song)"
Written by Otis Redding & Steve Cropper
Performed by Otis Redding
Courtesy of Atco Records
By Arrangement with Warner Special Products
Published by Irving Music, Inc.


"Long Long While"
Written by Mick Jagger & Keith Richards
Performed by The Rolling Stones
Published by ABKCO Music, Inc.
by Arrangement with ABKCO Records


"(I Can't Get No) Satisfaction"
Written by Mick Jagger & Keith Richards
Performed by The Rolling Stones
Published by ABKCO Music, Inc.
by Arrangement with ABKCO Records


"The 'In' Crowd"
Written by Billy Page
Performed by Ramsey Lewis
Courtesy of MCA Records
Published by Unichappell Music, Inc. & Elvis Presley Music
(All Rights Administered by Unichappell Music, Inc.)


"The 'In' Crowd"
Written by Billy Page
Performed by Dobie Gray
Courtesy of MCA Records
Published by Unichappell Music, Inc. & Elvis Presley Music
(All Rights Administered by Unichappell Music, Inc.)


"Compared To What"
Written by Gene McDaniels (as Eugene McDaniels)
Performed by Les McCann & Eddie Harris
Courtesy of Atlantic Recording Corp.
By Arrangement with Warner Special Products
Published by Lonport Music Corp.


"Slippin' and Slidin'"
Written by Little Richard (as Richard Penniman), Albert Collins, James Smith,
Eddie Bo (as Edwin Bocage)
Performed by Little Richard
Courtesy of Specialty Records, Inc.
By Arrangement with Fantasy, Inc.
Published by ATV Music
administered by EMI Blackwood Music Inc.


"Love Is Strange"
Written by Sylvia Robinson & Mickey Baker
Performed by Mickey & Sylvia (as Mickey and Sylvia)
Courtesy of the RCA Records Label of BMG Music
Published by Ben-Ghazi Enterprises


"Heart of Stone"
Written by Mick Jagger & Keith Richards
Performed by The Rolling Stones
Published by ABKCO Music, Inc.
by Arrangement with ABKCO Records


"Love Is The Drug"
Written by Bryan Ferry & Andy Mackay (as Andrew MacKay)
Performed by Roxy Music
Courtesy of Reprise Records
By Arrangement with Warner Special Products and Courtesy of EG Records/Virgin Records Ltd.
Published by EG Music Ltd./BMG Music Publishing Ltd.
(Administered by BMG Music Publishing, Inc.)


"Nel Blu Dipinto Di Blu (Volare)"
Written by Domenico Modugno and Franco Migliacci
Courtesy of Carosello Cemed S.R.L.
Published by Edizioni Curci, S.R.L. and EMI Robbins Catalog Inc.


"Takes Two to Tango"
Written by Al Hoffman & Dick Manning
Performed by Ray Charles & Betty Carter
Courtesy of Ray Charles Enterprises, Inc.
Published by All Hoffman Songs, Inc./Dick Manning Music/Jewel Music Publishing Co., Inc.


"How High The Moon"
Written by Nancy Hamilton & Morgan Lewis
Performed by Les Paul & Mary Ford
Courtesy of Capitol Records
under License from CEMA Special Markets
Published by Chappell & Co.


"I Ain't Superstitious"
Written by Willie Dixon
Performed by Jeff Beck
Courtesy of Epic Records
by Arrangement with Sony Music Licensing
Published by Hoochie Coochie Music
(Administered by Bug)


"Happy Birthday to You"
Written by Patty S. Hill (as Patty) and Mildred J. Hill (as Mildred Hill)
Published by Summy-Birchard Music


"Working In The Coal Mine"
Written by Allen Toussaint
Performed by Lee Dorsey
Courtesy of Artista Records, Inc.
Published by Screen Gems-EMI Music Inc.


"Unforgettable"
Written by Irving Gordon
Performed by Dinah Washington
Courtesy of Verve Records
by Arrangement with PolyGram Film & TV Licensing
Published by Bourne Co.


"Stardust"
(Instrumental)
Written by Hoagy Carmichael
Courtesy of The RCA Records Label of BMG Music
Published by EMI Mills Music Inc./Hoagy Publishing Company


"Stardust"
(Vocal)
Written by Hoagy Carmichael and Mitchell Parish
Courtesy of The RCA Records Label of BMG Music
Published by EMI Mills Music Inc./Hoagy Publishing Company


"What A Difference A Day Makes"
Written by Stanley Adams & María Grever (as Maria Grever)
Performed by Dinah Washington
Courtesy of Verve Records
by Arrangement with PolyGram Film & TV Licensing
Published by Zomba Golden Sands Enterprises, Inc./Edward B. Marks Music Co. on behalf of itself & Stanley Adams Music


"I'll Take You There"
Written by Al Bell
Performed by Staple Singers (as The Staple Singers)
Courtesy of Fantasy, Inc.
Published by Irving Music, Inc.


"Love Me the Way I Love You"
Written by Charles Tobias
Performed by Jerry Vale
Courtesy of The Robert Vale Record Co.
Published by Ched Music Corp. and Ritvale Music Corp.


"Let's Start All Over Again"
Written by Elsa Byrd & Paul Winley
Performed by The Paragons
Courtesy of Collectable Records
Published by Ninny Publishing Co.


"Sweet Virginia"
Written by Mick Jagger & Keith Richards
Performed by The Rolling Stones
Courtesy of Promotone B.V.
Published by ABKCO Music, Inc.


"Basin Street Blues/When It's Sleepy Time Down South"
Written by Spencer Williams / Clarence Muse, Leon René (as Leon Rene),
Otis René
Performed by Louis Prima
Courtesy of Capitol Records
under License from CEMA Special Markets
Published by Edwin H. Morris & Company, a division of MPL Communications, Inc./EMI Mills Music Inc. and Screen Gems-EMI Music Inc.


"Stella By Starlight"
Written by Ned Washington & Victor Young
Performed by Ray Charles
Courtesy of Ray Charles Enterprises, Inc.
Published by Famous Music Corporation


"Boogaloo Down Broadway"
Written by Jesse James
Performed by The Fantastic Johnny C
Courtesy of Phil - L.A. of Soul Records
Published by Dandelion Music


"Sweet Dreams"
Written by Don Gibson
Performed by Emmylou Harris
Courtesy of Reprise Records
by Arrangement with Warner Special Products
Published by Acuff-Rose Music, Inc.


"Can't You Hear Me Knocking"
Written by Mick Jagger & Keith Richards
Performed by The Rolling Stones
Courtesy of Promotone B.V.
Published by ABKCO Music, Inc.


"Toad"
Written by Ginger Baker (as Peter Edward Baker)
Performed by Cream
by Arrangement with PolyGram Film & TV Licensing
Published by Chappell & Co. o/b/o Dratleaf Ltd.


"Those Were The Days"
Written by Ginger Baker and Pete Brown (as Peter Constantine Brown)
Performed by Cream
Courtesy of PolyGram International Music BV
by Arrangement with PolyGram Film & TV Licensing
Published by Chappell & Co. o/b/o Dratleaf Ltd.


"Hurt"
Written by Jimmie Crane & Al Jacobs
Courtesy of EMI Records
under License from CEMA Special Markets
Published by EMI Miller Catalog Inc.


"The Glory of Love"
Written by Billy Hill
Performed by The Velvetones
Courtesy of EMI Records
under License from CEMA Special Markets
Published by Shapiro, Bernstein & Co., Inc.


"Nights In White Satin"
Written by Justin Hayward
Performed by The Moody Blues
Courtesy of Threshold/Polydor/Atlas Records
by Arrangement with PolyGram Film & TV Licensing
Published by TRO-Essex Music, Inc.


"Walk On The Wild Side"
Written by Elmer Bernstein & Mack David
From the Columbia Film Walk on the Wild Side (1962)
Performed by Jimmy Smith
Courtesy of Verve Records
by Arrangement with PolyGram Film & TV Licensing
Published by Shapiro, Bernstein & Co., Inc. - Film Divison


"Gimme Shelter"
(Live Version)
Written by Mick Jagger & Keith Richards
Performed by The Rolling Stones
Courtesy of Promotone B.V.
Published by ABKCO Music, Inc.


"Gimme Shelter"
Written by Mick Jagger & Keith Richards
Performed by The Rolling Stones
Published by ABKCO Music, Inc.
by Arrangement with ABKCO Records


"EEE-O Eleven"
Written by Sammy Cahn and Jimmy Van Heusen
Performed by Sammy Davis Jr.
Published by Maraville Music Corp.


"I'll Walk Alone"
Written by Jule Styne & Sammy Cahn
Performed by Don Cornell
Courtesy of MCA Records
Published by WB Music Corp. o/b/o/ Cahn Music Co.


"Sunrise"
(Prelude from 2001: A Space Odyssey (1968))
Composed by Richard Strauss
Performed by the Chicago Symphony Orchestra
Courtesy of RCA Victor Red Seal, a Division of BMG Classics


"That's the Way I Like It"
Written by Harry Wayne Casey
Published by Windswept Pacific Entertainment Co.
dba Longitude Music Co.


"Venus"
Written by Edward H. Marshall
Published by ATV Music
administered by EMI April Music Inc. and Welbeck Music Corp.


"Flight of the Bumblebee"
Performed by Jascha Heifetz
Courtesy of RCA Victor Red Seal, a Division of BMG Classics


"Theme de Camille"
From the Motion Picture Contempt (1963)
Composed by Georges Delerue
Courtesy of Sidomusic/B. Liechti & Co.


"Whip It"
Written by Mark Mothersbaugh & Gerald V. Casale (as Gerard Casale)
Performed by Devo
Courtesy of Warner Bros. Records Inc.
By Arrangement with Warner Special Products and Courtesy of Virgin Records Ltd.
Published by EMI Virgin Songs, Inc.


"Ain't Got No Home"
Written and Performed by Clarence 'Frogman' Henry (as Clarence Henry)
Courtesy of MCA Records
Published by ARC Music Corporation


"I'm Sorry"
Written by Ronnie Self and Dub Allbritten (as Dub Albritten)
Performed by Brenda Lee
Courtesy of MCA Records
Published by Champion Music Corporation


"Without You"
Written by Pete Ham and Tom Evans
Performed by Harry Nilsson
Courtesy of the RCA Records Label of BMG Music
Published by WB Music Corp. o/b/o Apple Publishing


"Go Your Own Way"
Written by Lindsey Buckingham
Performed by Fleetwood Mac
Courtesy of Warner Bros. Records Inc.
by Arrangement with Warner Special Products
Published by New Sounds Music


"I'm Confessin' (That I Love You)"
Performed by Louis Prima & Keely Smith
Written by Doc Dougherty, Al Neiburg, Ellis Reynolds
Courtesy of MCA Records
Published by Bourne Co.


"The Thrill Is Gone"
Written by Roy Hawkins & Rick Darnell
Performed by B.B. King
Courtesy of MCA Records
Published by Powerforce/Careers-BMG Music Publishing, Inc.
(Administered by Careers-BMG Music Publishing, Inc.)


"(I Can't Get No) Satisfaction"
Written by Mick Jagger (uncredited) and Keith Richards (uncredited)
Performed by Devo
Courtesy of Warner Bros. Inc.
by Arrangement with Warner Special Products and Courtesy of Promotone B.V.
Published by ABKCO Music, Inc.


"Who Can I Turn To (When Nobody Needs Me)"
Written by Leslie Bricusse & Anthony Newley
Performed by Tony Bennett
Courtesy of Columbia Records
by Arrangement with Sony Music Licensing
Published by TRO-Essex Music, Inc.


"Harbor Lights"
Written by Jimmy Kennedy and Will Grosz (as Hugh Williams)
Performed by The Platters
Courtesy of Mercury Records
by Arrangement with PolyGram Film & TV Licensing
Published by Chappell & Co. o/b/o Peter Maurice Music


"The House of the Rising Sun"
Written by Alan Price
Performed by The Animals
by Arrangement with ABKCO Records and EMI Records Ltd.
Published by EMI Al Gallico Music Corp.

Veja o clip de House of Rising Sun:



Escute "A Paixão Segundo São Mateus" (fabulosa, obra prima do Bach (ora, estamos falando de Bach!)):



Por Victor Bruno

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